Apesar de extremamente popular e ter conquistado marcas impressionantes desde seu lançamento em setembro de 2020, Genshin Impact possui questões problemáticas não apenas em seu sistema de monetização mas também no teor de seus conteúdos. Por isso mesmo, a comunidade no Twitter começou recentemente a subir a hashtag #BoycottGenshin apontando diversas críticas ao game do estúdio miHoYo.

Mesmo com seu sucesso graças à qualidade com direção de arte e trilha sonora impressionantes, enormes e estarrecedores espaços abertos com muita exploração vertical e estética ao estilo de Zelda: Breath of the Wild, o título introduziu uma série de elementos de monetização interna bem exploratórios, além de abordar de maneira banalizada e até desrespeitosa realidades que estão cada vez mais em pauta como representatividade, vilanização de populações indígenas e até mesmo elementos de pedofilia.

Naturalmente, Genshin não é o único jogo que reforça estereótipos e preconceitos tanto em sua narrativa quanto na apresentação de personagens, especialmente quando estamos lidando com jogos mobile, onde a curadoria é praticamente toda da própria comunidade, então a popularidade instantânea de Genshin, ainda que positiva economicamente para a miHoYo, fatalmente coloca o jogo em extrema evidência, acabando por dar visibilidade para diversos discursos, práticas, além de reforçar uma série de estereótipos sem que haja qualquer critica social.

A maioria dos jogos asiáticos possuem uma tendência a lavar características etnicas, praticamente normatizando todos os personagens com traços europeus, e Genshin não foge a essa regra. São pouquíssimos os personagens de cor do jogo, e ainda assim, sua representação é apenas um ou dois tons mais escura do que o pálido home office da maioria esmagadora dos personagens jogáveis e NPCs.

Outro ponto extremamente comum nesse mercado é a hipersexualização de personagens femininas, mas Genshin ainda carrega um agravante preocupante, por apresentar diversas personagens com traços infantilizados, mesmo que segundo a narrativa as personagens em questão sejam consideradas adultas. De maneira geral essa hipersexualização se reflete tanto nas roupas quanto na postura de várias personagens mas um ponto específico é claramente uma alusão à pedofilia e jogadores desavisados que simplesmente pulam diálogos com NPCs provavelmente nem perceberam.

Crédito: Divulgação / miHoYo

A NPC Flora é claramente uma criança que vende flores em Mondtadt, ela é caracterizada como criança, ela fala e se comporta como criança, e em outro lugar do mundo, um NPC adulto confessa seu amor pela NPC, e nesse caso, a não ser que haja um problema gravíssimo de localização, não existe margem para interpretar como "exagero", como algumas respostas no Twitter tentaram justificar.

Genshin Impact está longe de ser diferente das hordas de outros jogos que existem e erram nos mesmos pontos, algumas vezes de maneira ainda mais grosseira, mas a partir do momento que o jogo ganha os holofotes, como é o caso, a atenção a essas questões tão sérias se torna algo ainda mais importante, pois não apenas refletem comportantos nocivos da sociedade, como acabam por reforçar ou banalizar esses comportamentos com a justificativa de serem "traços culturais".