A CD Projekt RED é um dos estúdios mais amigáveis dos dias de hoje, e o card game Gwent é um bom exemplo para ilustrar isso. Pegue qualquer outra franquia que não fosse The Witcher e qualquer outra desenvolvedora que a possibilidade de ser apenas um título licenciado free-to-play para celulares se torna alta, mas na mão dos poloneses o projeto ganha vida com uma campanha single-player e duelos, seja contra jogadores ou computador.

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Tudo isso já pode ser observado no extenso período de testes do game, que está no ar desde de setembro e já conta com boa parte dos modos - incluindo multiplayer online e customização de baralhos. Agora, a CDPR está preparando uma atualização de conteúdo para Gwent que colocará o poderoso Império de Nilfgaard para disputar um pouco da glória nas cartas.

Ao lado de outros veículos, o Omelete foi chamado para um evento fechado em São Paulo onde testamos a nova facção e conversamos com Charlie Edmunds, designer por trás da inteligência artificial do jogo.

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Seja nos romances de Andrzej Sapkowski ou nas suas respectivas adaptações para videogame, Nilfgaard quase sempre é retratada como a vilã, muitas vezes invadindo terras, travando guerras ou apenas cruzando o caminho do bruxo Geralt de Rivia, como é caso da missão principal do recente The Witcher 3: Wild Hunt. Em Gwent isso é traduzido em um baralho com diversas ferramentas para sacanear seu oponente e controlar o ritmo da partida com um ar de superioridade.

As opções vão desde de colocar armadilhas no campo de seu oponente até faze-lo acreditar que está na frente, como mostra a carta batizada de “Fake Ciri”: você a coloca no campo rival e a mesma vai ganhando força a toda rodada, aumentando os pontos de seu inimigo. Quando ele decidir encerrar a rodada para te derrotar, a carta retorna ao seu tabuleiro trazendo todos os pontos que conquistou - o que pode alterar todo o resultado em uma fração de segundo.

Para Edmunds, era fundamental que as novas cartas se destacassem em relação aos demais exércitos: “Queremos garantir que nenhuma partida seja igual mas que todas sejam variadas e, acima disso, divertidas. Tivemos que garantir que Nilfgaard fosse diferente do resto, então adicionamos habilidades que realmente mexem no ritmo de jogo e te permitem planejar a longo prazo, como poder espiar a mão do seu adversário ou sacar mais cartas por rodada.

Apesar de introduzir mecânicas interessantes ao card game, Nilfgaard não é pensada para os iniciantes. Combate-la ou até mesmo usa-la requer um certo nível de experiência e pensamento tático que, como mostraram nossos testes, pedem que você conheça como utilizar todas as suas armadilhas com efeito máximo. A CDPR está introduzindo 20 novas cartas para ajudar a igualar as diferenças, mas esse investimento inicial pode acabar afastando os novatos. A dica de Edmunds é não desistir tão cedo: "Meu conselho mais importante é: continue jogando, tanto contra jogadores quanto contra o computador. Você aprende muito observando outras pessoas jogando, e só porque você é derrotado não significa que você ‘perdeu’ porque você obtém estratégias e preparação para outras partidas e isso realmente te ajuda a crescer. Se você conseguir ganhar pelo menos uma rodada por partida, você consegue upar, desbloquear novas cartas e melhorar."

Além disso, a ideia de tentar ganhar uma rodada é fundamental para começar em Gwent: "Minha estratégia para novos jogadores é não queimar a largada, tente fazer com que seu adversário faça isso e derrote-o nas rodadas seguintes. Claro, é uma estratégia básica que pode ser contrariada por várias outras mais avançadas, mas esse geralmente é um erro de novatos que gastam todas as suas cartas no começo e ficam sem nada nos rounds dois e três. Jogue com calma, só isso."

O Mal Menor

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O deck Nilfgaardiano traz complexidade à Gwent mas também corre o risco de desbalancear as estratégias competitivas. Lança-lo como parte de uma atualização do beta serve justamente para observar e estudar seu desempenho no multiplayer, garantindo que toda carta tenha sua resposta: “Nosso foco foi nos duelos contra outros jogadores, garantindo que as cartas fossem balanceadas pois acredito que nesse tipo de game se você não se diverte jogando humanos, você não se diverte com o jogo. Acertar isso é crítico para todo o resto.

Esse processo, é claro, vêm da cooperação entre desenvolvedores e jogadores. Segundo Edmunds, o público tem papel fundamental no desenvolvimento: “Assim como em The Witcher 3, queremos fazer o melhor jogo de seu gênero. Temos uma excelente comunidade, principalmente no Brasil. Recebemos muito feedback dos fãs brasileiros, o que é fantástico para nós. Basicamente ouvimos os jogadores e transformamos isso em ideias. Inclusive muito dessa atualização surgiu por dicas e comentários. Sem nosso leal público o jogo nunca estaria no estado avançado que se encontra agora, tudo estaria desbalanceado e não seria tão divertido. Obrigado a todos os nossos fãs que ajudaram Gwent a tornar-se muito melhor.”

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Mesmo sendo apenas um período de testes, a CD Projekt RED garante que a versão final receberá o mesmo carinho com updates regulares: “Faremos atualizações de três em três meses, no máximo. Continuaremos adicionando conteúdo pois se os jogadores não aproveitam nosso game, nós também não o aproveitamos. Estamos fazendo isso pelos fãs, por nós, pelos nossos amigos, família e, principalmente, para construir o melhor jogo de cartas já feito”, concluiu Edmunds.

A atualização do beta fechado de Gwent vai ao ar em 6 de fevereiro, trazendo 20 cartas inéditas ao lado do baralho de Nilfgaard. Ainda sem data ou preço definido, a versão final chega ao PlayStation 4, Xbox One e PC ainda em 2017.