Lies of P apresenta gameplay promissor com Pinóquio soulslike

Mistura inusitada entre conto de fadas e soulslike, Lies of P foi um dos destaques para os jogadores presentes na Gamescom 2022. Tive a chance de testar o game por cerca de 10 minutos, o suficiente para entender o que o jogo nos reserva, especialmente, no que diz respeito à ambientação e ao combate.

Lies of P é desenvolvido pela Round8 Studio (de Bless Unleashed) e distribuído pela coreana Neowiz. A trama é inspirada na história do Pinóquio clássico, escrito em 1883 pelo italiano Carlo Collodi. No entanto, aqui, as mentiras contadas pelo protagonista estão além dos julgamentos: tratam-se de algo fundamental para o avanço de "P" (como o personagem está sendo chamado até o momento), garantindo as informações e os acessos que ele precisa para seguir o próprio caminho. Em momentos de diálogo, vai do jogador escolher uma resposta que seja fiel à realidade ou aquela que fez a fama do boneco de madeira no passado. Mas é preciso ter em mente que todas as mentiras influenciam de formas diferentes a experiência e, inclusive, o final do game.

Minha experiência com o jogo começou sem qualquer preparação ou informação prévia, me colocando em uma ponte na sombria cidade de Krat, local assolado por uma tal doença da petrificação. Pelo que o próprio trailer já revelou, P está a procura de Gepeto, mas, na minha demo, a maior preocupação foi a sobrevivência, de fato.

Caminhei tensa pelas ruas da cidade, que exalam hostilidade e abandono de uma Belle Époque amaldiçoada. De cara, os gráficos bem caprichados e o design de som muito polido me chamaram a atenção: sem uma trilha sonora constante, ouvimos cachorros latindo ao fundo, portas rangendo e o barulho do ferro das armas e passos dos inimigos tilintando pelos cenários. Dava um leve arrepio na espinha. Tais inimigos, majoritariamente, são espécies de animatrônicos que parecem despertar com a aproximação do protagonista, fazendo sons guturais metálicos para fechar o pacote da atmosfera tensa de Lies of P.

Os já familiarizados com o combate típico dos jogos da FromSoftware vão encontrar aqui algo muito semelhante: combate responsivo, brutal e, por vezes, frustrante. Em todos os meus encontros com inimigos, pude testar diferentes abordagens e entender qual a melhor forma de lidar com cada um — não sem antes morrer algumas vezes pelo caminho, assumo.

Os principais aparatos de P são as armas (que variam entre espadas, martelos, lanças; tudo o que você já conhece) e o braço mecânico, Aliás, é realmente satisfatório aniquilar inimigos combinando essas duas ferramentas. As possibilidades de armas são variadas, cada uma com os próprios atributos, mas é possível combiná-las para criar uma arma perfeita para cada jogador. São mais de 100 combinações, de acordo com informações do próprio estúdio durante a Gamescom 2022.

Já o braço mecânico de P pode ser personalizado de acordo com o que cada momento pede — algo que lembra bastante a prótese Shinobi de Sekiro: Shadows Die Twice. Você pode escolher habilitar a função de causar correntes elétricas ou criar chamas, soltar um cabo que pode puxar os inimigos ou levar o protagonista até eles para um ataque surpresa, entre outros. Pelo menu, percebi que também será possível melhorar cada uma dessas funções.

No entanto, não é preciso ser um grande conhecedor de jogos soulslike para perceber que, em alguns momentos, a escolha mais sábia é não atacar nem chamar atenção. Como era de se esperar, uma esquiva bem aplicada é o suficiente para que P não morra a cada investida inimiga, mas também há outras formas de se defender efetivamente.

Ao apertar o gatilho esquerdo superior, você ativa a guarda, o que pode reduzir o dano que o inimigo causa. A saúde perdida pode ser recuperada se você atacar o inimigo de volta de forma bem sucedida ou se você realizar a Guarda Perfeita. Para realizá-la, é preciso acionar a guarda no momento exato. Apesar de ser difícil acertar o timing, a recompensa pela exatidão vale a pena: além de não receber dano, você pode bloquear os ataques de Fúria dos inimigos e até mesmo destruir as armas deles. Isso fará com que os próximos ataques desse mesmo inimigo causem menos dano.

Inimigos caídos dropam diferentes itens e, ao longo do caminho, P encontra outros recursos e baús para ajudar na jornada, como os Pulse Cell — itens que ajudam na recuperação de vida. O jogo também oferece os chamados Stargazer, pontos de controle que funcionam como uma área de respawn e local de descanso para P recuperar as energias.

Apesar das similaridades bem nítidas com a fórmula já conhecida de Bloodborne, Dark Souls e outros títulos do gênero, Lies of P parece se esforçar também para apresentar mecânicas originais, e talvez seja o grande pontapé para a Round8 Studio ganhar os holofotes na indústria de games após o lançamento.

Se isso se concretizará e a narrativa conquistará os jogadores, descobriremos em algum momento de 2023, com o lançamento previsto para PS4, PS5, Xbox One, Xbox Series e PC, incluindo Game Pass.