2015 está se mostrando um ano movimentado para os games brasileiros. Com Krinkle Krusher e, mais recentemente, o excelente Chroma Squad - ambos já foram assunto desta coluna - o Brasil está participando ativamente do que é, até então, um ano frutífero para a indústria dos games. Com Toren, desenvolvido pelos gaúchos da Swordtales, mais um título brasileiro que está sendo aguardado há um bom tempo dá as caras no Steam e no PlayStation 4.

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Toren já passou por uns maus bocados no desenvolvimento, mas é bom ver que o jogo finalmente foi lançado e podemos experimentar o produto completo. Ele é, sem dúvidas, um dos jogos brasileiros mais ambiciosos que já joguei, tanto em sua história, aberta para interpretações e muitas vezes favorecendo o tema em vez da lógica, quanto com seus visuais, fugindo de elementos tradicionais em jogos indies, como pixel art ou gráficos cartunescos. Mas Toren nem sempre se eleva ao nível dessa ambição, e isso causa problemas no jogo.

Vamos começar com o bom. Toren, cujas inspirações estão claramente em Shadow of The Colossus e, principalmente, em ICO, conta uma história com metáforas claras mas jamais se prende ao convencional. Você joga como a Criança da Lua, uma menina que deve escalar uma torre misteriosa e derrotar um dragão. Por que? O que isso significa? O jogo não vai te segurar pela mão e dizer, e é provável que você nunca entenda algumas partes da narrativa pelo fato de ela ser facilmente interpretada de formas diferentes.

Para mim, ficou bem claro que Toren é uma história de amadurecimento, visto que a protagonista cresce fisicamente durante as poucas horas da campanha. É o tipo de coisa que você pode nem perceber, ou tirar outro significado, e este é o lado bom de ter um jogo que não se importa muito em se comunicar com o jogador.

Os problemas de Toren não estão na sua temática ou narrativa, e sim em sua apresentação e principalmente, na sua jogabilidade. A Swordtales claramente quis criar um mundo lindo, e eu diria que a direção artística está lá, mas não a tecnologia. Personagens não se movimentam de forma natural, as animações não adicionam peso ou física ao que está acontecendo, a iluminação colore tudo de uma maneira estranha. Alguns destes problemas parecem ter vindo da execução do motor, outros puramente da parte gráfica. Mas combinados, eles geram um mundo que não é agradável aos olhos.

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A situação fica mais complicada na jogabilidade. Ela é simples e não causa confusão, mas o erro está nos controles. Correr, pular, atacar e qualquer outra coisa que Toren te peça para fazer provavelmente será uma tarefa complicada. A personagem parece não ter peso e estar à beira de flutuar, se movimentando numa velocidade abaixo do desejado e respondendo aos comandos com um pequeno, porém notável, atraso. Toren não tem um gameplay ruim, mas um que poderia usar mais polimento.

Isso não quer dizer que Toren é um jogo ruim. Sim, os visuais não são bons, mas a jogabilidade, mesmo com seus problemas, não vai te fazer jogar o controle pela janela, especialmente porque você vai terminar a jornada da Criança da Lua em uma ou duas horas, no máximo, e todas elas são recheadas de interessantes experimentos temáticos e narrativos.

*Na seção  Programa de Indie , os redatores do Omelete indicam jogos criados por produtoras independentes. Deixe a sua opinião e compartilhe outros games nos comentários!