Nenhuma mídia proporciona imersão tão bem quanto os videogames. Cinema e livros permitem acompanhar uma trama, mas o jogador é quem chega mais perto de vivenciar os acontecimentos. Poucos são os games que aproveitam esta vantagem com sucesso. Um deles é To the Moon.

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A produção independente da Freebird Games não é comparável aos títulos principais do mercado, nem de longe. Tudo na simples produção foi feito no RPG Maker. Os passatempos são fáceis demais e os outros elementos de jogabilidade são básicos. Mas To the Moon, que acaba de completar um ano de lançamento, não quer ser um título principal, explodir a tela com ação e ostentar gráficos realistas. Sua única ambição é contar uma história.

Imagine estar à beira da morte, com poucas horas restantes neste mundo. Quais são seus arrependimentos? Todos temos sonhos que não puderam ser realizados por quaisquer motivos - família, trabalho, falta de coragem. E se você pudesse mudar tudo e partir sem arrependimentos?

Este é o trabalho dos médicos Eva e Neil. Como uma companhia de seguros de vida, o cliente os contrata e informa qual sonho que gostaria de realizar. Eles não são protagonistas. Seu trabalho é investigar o passado do velho Johnny, cujo misterioso objetivo é ir à Lua. Para poder implantar esta memória em sua mente, o jogador terá que viajar por suas recordações, das últimas às primeiras.

Tudo em To the Moon é ingênuo. Os personagens são cuidadosamente construídos em sua natureza frágil. A reclusa River, em seu estranho hábito de fazer dobraduras e perguntar coisas aparentemente sem sentido, parece pedir algo que Johnny não pode oferecer. Ele, por sua vez, é destruído aos poucos pela doença que aflige a esposa. Nós já sabemos o desfecho, pois os médicos conhecem um protagonista moribundo. Ao voltar no tempo através das memórias, o game não se torna enfadonho - as novas informações adquiridas no passado dão sentido ao que foi dito nos momentos posteriores.

"Depois de todos estes anos, não me é permitido ser egoísta apenas uma vez?", diz Johnny. E a vontade é de abraçá-lo. É difícil não se comover com To the Moon, ainda mais com a sensibilizante trilha sonora feita por Kan Gao - cabeça da Freebird - e Laura Shigihara - compositora de Plants vs. Zombies. "For River", cuja partitura aparece ainda no começo, é simples (isto até é lembrado no diálogo entre duas crianças, que reclamam de uma parte com apenas duas notas). Sua simplicidade, no entanto, comove mais a cada vez que as notas aparecem no game, pois a composição ganha mais significado quando sua origem é mostrada. "For River" é a síntese de To the Moon: um jogo sincero, reconfortante e inquietante ao mesmo tempo, como um abraço de despedida.

*Na seção Programa de Indie, os redatores do Omelete indicam jogos criados por produtoras independentes. As sugestões são publicadas de forma quinzenal - deixe a sua sugestão e compartilhe outros games independentes nos comentários!