Se você procura a resposta para a pergunta "Harry Potter morreu?" ou, melhor ainda, "Quem morreu?", está no lugar errado. Afinal, é preciso ter um pouco mais de respeito pelos outros leitores do que o pessoal que saiu correndo para ler as últimas páginas do livro e usufruir da sensação de saber o final da novela antes da vizinha.

A pergunta mais importante sobre Harry Potter e as Relíquias da Morte (Harry Potter and the Deathly Hallows) não é esta. A grande questão é qual o fim que Joanne Rowling deu à história, como ela completou o enredo que se desenrolou por sete volumes e dez anos de trabalho e que, por motivos analisados à exaustão, capturou o amor dos leitores ao ponto da histeria. E para essa questão a resposta é simples: Rowling é coerente aqui com o universo que criou.

O novo livro começa num clima ainda mais pesado que os anteriores. Não é segredo que o enredo de cada volume acompanha em complexidade a idade de seus personagens principais, Harry, Ron e Hermione. No derradeiro capítulo, o trio é oficialmente adulto e a hora de tomar decisões chegou. Hermione, o alter-ego da autora, dona das explicações e das soluções, assume desde o início uma postura ainda mais firme. Sua primeira ação deixa claro o cenário: ela enfeitiça os próprios pais, que pensam ser outras pessoas, mudam-se para a Austrália e, o mais importante, esquecem que têm uma filha. A ação pode, ou não, evitar que o casal seja torturado. Definitivamente, não estamos no Kansas.

A situação adquire tons ainda mais sombrios com a chegada dos seguidores de Voldemort ao poder. O cenário de preconceito entre bruxos "puros", mestiços e trouxas cristaliza-se em lei. Em lances que, sem dúvida, estão marcados na mente da européia Rowling, todos os não-descendentes de bruxos são obrigados a um registro oficial. A partir de agora, somente crianças de "sangue puro" terão acesso a Hogwarts. Assim, Harry, Ron, Hermione e muitos outros fogem e passam a viver em trânsito, caçados por grupos interessados em conseguir os favores do novo governo. Vozes conhecidas dos livros anteriores são agora os locutores da rádio clandestina montada pela resistência.

Mais uma vez, Joanne Rowling prova que não teme nem a raiva nem as lágrimas de seus leitores. Quem espera um final indolor deve colocar o pé no freio. Fatos sobre personagens dos dois lados são revelados e nem tudo o que parecia certo ao final do sexto volume continua assim após os parágrafos derradeiros de As Relíquias da Morte.

Enquanto o governo separa a população por sua origem, a morte iguala a todos. Criaturas, trouxas e bruxos morrem às dezenas e os corpos de amigos continuam a cair até a derradeira Batalha de Hogwarts. Não é nenhum segredo, no entanto, que o confronto final tem de ser entre o menino que sobreviveu e seu mal-sucedido assassino. O menino que não sabia quem era no primeiro volume agora, finalmente, entende seu papel na história.

Nem todos ficarão felizes com o final, mas poucos podem negar que a viagem valeu a pena. Se alguém por aí estiver colocando o ponto final numa história capaz de repetir o feito alcançado por Harry Potter, pode reservar o meu lugar no trem.

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