The Technomancer | Crítica
Game entrega de forma satisfatória um bom pacote de ideias já trabalhadas em jogos do gênero
Tecnhomancer é um desses RPGs ocidentais que você não tinha pedido para sua coleção, mas ele está aí batendo à sua porta pedindo um copo d'água. Produzido pela Spiders (de Bound by Flame, outro desses que ninguém lembra), o game é um RPG de ação bem aparado nas pontas, com sistema de monitoramento de ações que mudam o seu desfecho e se propõe a entregar muito conteúdo para o jogador.
Depois de horas jogando Technomancer, ainda não consegui me decidir se gosto ou não dele. O game é ambientado numa Marte imaginada como subcolônia da Terra, com escassez de água, mutantes deformados e você como um soldado recém transformado em Technomancer -- nome engraçado, me remete imediatamente aquele filme com Angelina Jolie, Hackers.

Zachariah é um cara bem maneiro, e o seu personagem do jogo. De cara podemos personalizá-lo e deixá-lo mais ao nosso gosto. A escolha de uma classe inicial garante pontos de atributos específicos que dão certas vantagens no início do game. Todas essas classes podem sofrer upgrades no decorrer do jogo, mediante aquele acúmulo de experiência que você já conhece.
Um problema aqui é que tudo, absolutamente tudo que é possível personalizar, da constituição do personagemao seu equipamento, é liberado desde o primeiro instante de jogo. A imensidão de coisas para se tomar conhecimento em menos de dez minutos de jogo é insana! Confesso que fiquei um tanto assustado de início, mas parti do princípio que "Ah, é o começo do jogo, não vou mexer em nada mesmo até conseguir alguns níveis extras". E deu certo.

A dificuldade dos combates é um problema médio. Após um tutorial prático, já podemos escolher qual estilo de combate nos é mais interessante. "Maça e escudo", bastão e "Espada e arma de prego" podem ser alterados e misturados durante o combate de forma bastante dinâmica, assim como os seus poderes elétricos como Technomancer.
A treta é que os adversários ao serem acertados continuam avançando em sua direção. Não é como se todos tivessem armaduras que resistissem ao primeiro contato, mas sim que eles não se importam mesmo, não tem a animação de dano a partir do momento que iniciam um ataque contra o jogador. Aí cabe a você decidir a hora mais correta de atacar ou esquivar. É estranho porque não podemos contra atacar um golpe mais forte com um mais rápido por exemplo. Você acerta, ele te acerta. Você perde.

É engraçado que os combates acontecem dentro de cidades também. Do nada os meliantes te cercam e você começa a batalhar. Não sei se é um bug ou não, mas se nessa hora do cerco você não fizer nada, eles não te atacam também. Passei batido, fiz a missão e eles desistiram de me atacar.
O game conta com um extenso arquivo de diálogos. É possível conversar com todo mundo e escutar inúmeras conversas paralelamente. Dá até para comprar informações de mercadores, quando eles a tiverem. Alguns combates também podem ser resolvidos na lábia, evitando maiores problemas e conquistando a mesma experiência de um combate.

O jogo como um todo me lembrou bastante o tipo de RPG visto em Deus EX, mas da sua própria maneira. Ele também parece um jogo "antigo", com fórmulas que funcionaram e ainda funcionam, mas não agregam valor algum ao gênero. É um jogo redondinho com suas promessas garantidas, nada mais.
No geral as missões do jogo exigem muito do jogador prestar atenção nos diálogos, principalmente quando precisam responder corretamente alguma coisa. Brincar de corrieur também acontece com frequência: "Vá ali conversar com ele", aí no meio do caminho acontecem umas duas ou três coisas extras, resolve seus problemas e volta para avisar que terminou a missão. Aos poucos a trama vai se desenvolvendo e as coisas ficam um pouco mais tensas.
As dungeons são grandes, cheias de adversários e os chefes de área no geral são gigantes. Gigantes não tão difíceis de serem derrotados, desde que se encontre seus pontos fracos a tempo. O climão de desolação, esse Mad Max marciano que você vê nos trailers o acompanhará até o final da aventura.
Technomancer não é ruim, mas não foi lançado numa boa hora. Quer dizer, digo para os brasileiros, que sofrem mais uma vez com o aumento considerável do dólar, consequentemente, dos jogos no geral. Gastar quase 300 reais num game que você não liga muito é, no mínimo, ostentação. Infelizmente é a nossa realidade.