A primeira impressão nem sempre é a que fica. Pro Evolution Soccer 2014 chega para comprovar esta frase, após uma boa demonstração de suas mecânicas. Com o jogo completo, a Konami apresenta uma proposta de renovação, mas não apara as arestas. Com este novo jogo, a franquia avança em conceitos, mas fracassa na execução e acessibilidade.

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PES 2014 não é apenas a ideia do produto pretendido pela desenvolvedora, mas também a antítese do legado da franquia. A dificuldade nos controles e a mudança na cadência e ritmo fazem deste o game mais diferente da série. Caso tivesse uma execução de qualidade ele representaria a abertura de uma nova fase; a quantidade de erros, porém, o caracteriza como um rascunho de um bom game de futebol.

Começa o (outro) jogo

A diferença em relação às outras edições da série começa antes do apito inicial. As primeiras telas do jogo surgem ao som da clássica "Nessun Dorma" e dão o tom mais sério e sisudo que virá dali pra frente. Não há "Ai Se Eu Te Pego", de Michel Teló, ou faixas semelhantes, independente da nacionalidade ou gosto. É com a voz de Pavarotti que são apresentados os primeiro passos do game, desde seus menus iniciais simples até os novos controles.

No primeiro contato, PES 2014 parece mais um FIFA do que qualquer edição antiga da Konami. Tirando os bons gráficos, o game tem a lentidão e o apreço pela defesa que o seu concorrente demonstrou nos últimos anos. Apesar das semelhanças, não demora muito para notar diversos aspectos originais nos controles. A direção dos passes, chutes e até das divididas é de completo domínio do jogador – na opção básica, os toques são manuais e dão aos mais experientes um desafio de alto nível. Para iniciantes ou o público comum, porém, a curva de aprendizado será elevada, frustrante.

Ainda que se gaste tempo aprendendo, há erros de colisão e um atraso na resposta de comandos que dificulta o andamento de qualquer partida. E mesmo com uma melhora significativa nos chutes, que parecem mais naturais, os goleiros se mantêm automáticos como robôs, pulando para a direção da bola antes mesmo dela ser definida. Os modelos dos jogadores, por outro lado, avançam em conceito e execução. Impulsionados pela inédita Fox Engine, as expressões são as melhores da franquia até aqui. Os rostos fogem um pouco do bizarro fotorrealismo de edições passadas e conseguem combinar traços originais com uma digitalização aceitável.

A fidelidade destes jogadores, todavia, fica restrita aos que atuam na Europa. Apesar de contar com inúmeros clubes, competições e ligas sul-americanas, nesta seção os atletas são tão genéricos quanto o boneco inicial do modo de edição. Poucos têm o visual parecido, quantidade suficiente para dizer que o trabalho é decepcionante.

Erros imperdoáveis

PES 2014 desce o nível de fato quando vai para o ambiente online. Quesito mais importante de jogos multiplayer, o modo não ganhou melhorias significativas nesta edição. Os atrasos, servidores ruins e a limitação evidenciada no game anterior continuam a atrapalhar experiência em rede.

Outro fator feito de maneira inexplicável foi a narração. Ao escalar dois conhecidos astros como Silvio Luiz e Mauro Beting, o mínimo que se espera são diálogos interessantes e uma programação que faça jus ao talento de ambos. Não é em momento algum o que acontece. As falas se repetem, os nomes somem e a lentidão em conseguir acompanhar o que está em campo faz deste game um dos piores exemplos nesse quesito.

Há uma clara tentativa de modificar o cerne de Pro Evolution Soccer. Com a ajuda de um novo motor gráfico, a Konami apresenta uma proposta nova, com bons conceitos mas uma execução falha. Elementos simples, que outrora tiveram bons exemplos na franquia, têm péssimo desempenho este ano. Assim, a irregularidade de PES 2014 é sua maior falha, ainda que seja o mais claro fator do novo caminho que a franquia está tentando seguir. Com a manutenção destas ideias, o futuro da série pode ser melhor – o presente ainda é uma estrada tortuosa e cheia de buracos.

Nota do crítico