Jojo's Bizarre Adventure: Eyes of Heaven | Crítica

Com seus 30 anos, Jojo's Bizarre Adventure já poderia ser aquele seu tio chatão, das piadas do pavê. Mas não é. Sempre se reinventando, misturando conceitos, criando memes que já duram décadas e introduzindo uma nova forma de desenhar poses e trejeitos de personagens, a obra de Hirohiko Araki é sucesso sempre. E você, que pensou que era só mais um abre para uma crítica, mas sou eu, Dio você tem razão.

Eyes of Heaven foi lançado no ocidente agora em julho e mostra, mais uma vez, o que acontece quando um desenvolvedor trabalha com o que gosta. Assim como foi com Naruto e seus jogos, a Cyberconnect 2 nutre uma paixão descarada por Jojo, e decidiu que era hora de contar sua própria história através dos personagens que já contabilizam três décadas de páginas acumuladas.

O novo game não reconta os acontecimentos vistos nas múltiplas sagas da franquia. A aposta aqui é criar um universo o qual todos os personagens possam interagir entre si, independente do tempo e momento na história. E ao contrário das tentativas de histórias originais com os shinobis da Vila Oculta da Folha, desta vez as coisas até que deram certo.

É muito importante, no entanto, conhecer um pouco da história ("um pouco" não, é bom estar ciente de praticamente tudo que aconteceu nesses 30 anos de aventuras bizarras), já que a maior alegria da trama é assistir as reações de certos encontros, como Joseph Joestar de Stardust Crusaders, com sua versão mais nova de Battle Tendency, ou Josuke Higashikata, protagonista da atual saga de Jojo, Diamond is Umbreakable, e uma versão adolescente de Jotaro Kujo, o herói do jogo e protagonista de Stardust Crusaders (com Joseph, pai de Josuke, bem mais jovem que sua versão Diamond) e por aí vai. É difícil conter o riso em certas situações, mas o chicote do spoiler aos desavisados vai comer solto.

(Sério, é legal quando você conhece a história!)

O game preferiu deixar de lado as mecânicas de um jogo de luta e apostou num tipo de jogo de ação com elementos de RPG. Botões combinados acionam os ataques especiais, mas eles precisam ser destravados com a evolução de cada personagem através de uma árvore de habilidades.

Desta vez o game conta com 55 personagens divididos em tipos de poderes, assim como no anterior. Características únicas são vistas em lutadores que usam Hamon, poderes vampirescos e os Stands, técnica a partir da terceira fase de histórias do mangá, e encontrada maior facilidade dentro do jogo. As armadilhas de cenário continuam valendo, assim como a utilização de itens espalhados pelos gigantescos ambientes recriados a partir da história original. A ideia é socar o amiguinho, mas agora em um mundo que mais paraece um jogo de plataforma tridimensional.

No começo a repetição domina a jogatina, e os inimigos são super difíceis. À medida que vamos subindo de nível e destravando novos golpes, as coisas melhoram, mas não se desenvolvem muito também. Nem mesmo colocar os dois personagens para lutar ao mesmo tempo com o Dual Heat Attack melhora a situação, já que a inteligência artificial jogando sozinho é muito ruinzinha.

O multiplayer para até quatro pessoas é divertido, mas o lag das batalhas com estrangeiros não ajuda. Infelizmente não existe multiplayer local, então desista da ideia de querer juntar amigos no sofá da sua casa para uma jogatina com tela dividida em quatro partes (seria insano, mas não).

A parte de personalização é bem satisfatória. É possível criar seu personagem como quiser, com os golpes que destravar da sua árvore de habilidades. Acessórios, poses de vitória, tudo isso pode ser alterado também, basta conseguir os itens com uma boa pontuação em cada uma das lutas (ou comprar cosinhas na loja do jogo).

Jojo's Bizarre Adventure: Eyes of Heaven é para aquele jogador que conhece a história do mangá. É meio um tiro no pé isso, já que limitar um jogo cujo anime está fazendo um sucesso considerável, mas ainda em sua quarta fase de aventuras, não é bem uma jogada muito esperta. Também, quem poderia imaginar que esse jogo seria lançado no ocidente tão rapidamente, não é mesmo? Para quem já conhece, o jogo tem seu charme, mas prefiro o anterior ainda.

O game está disponível para PlayStation 4 e PlayStation 3, apenas no formato digital via PS Store.