Assim como os soldados de resistência de sua própria história, Homefront: The Revolution é um sobrevivente. Anunciado há cinco anos e repassado entre estúdios e publishers durante um processo que culminou com a falência da THQ e a venda de suas propriedades intelectuais, a continuação do game de 2011 superou muitas adversidades até chegar às maõs dos jogadores, o que, no mínimo, mostra que há um número grande de pessoas que acreditam em sua premissa: a de uma realidade invertida na qual a Coreia do Norte, uma potência global, conquista os Estados Unidos.

Uma boa ideia, entretanto, não necessariamente sempre significa um bom resultado final, e este é o caso aqui. Muito embora a Dambuster Studios e a Deep Silver tenham mostrado ambição ao ampliar significativamente o escopo do jogo em relação ao seu antecessor, The Revolution explora de forma rasa o potencial da história que conta em prol de uma estrutura extremamente batida entre os jogos de tiro.

O começo pelo menos é empolgante: o ano é 2029 e a cidade é a Filadélfia, por onde vai passar Benjamin Walker, líder da resistência americana. A equipe pronta para recebê-lo, da qual faz parte o seu personagem, o novato na facção Ethan Brady, é emboscada momentos antes da chegada do líder. Walker é capturado enquanto Brady escapa e se reagrupa com os demais membros da revolução para tentar resgatá-lo e combater as forças norte-coreanas.

Mas, a partir do momento em que você chega no quartel-general da resistência na Filadélfia - onde os tutoriais se completam e você, de fato, começa a jogar -, o jogo se transforma em um festival de repetições e missões chatas. Em The Revolution, a Dambuster trocou uma estrutura linear e mais cinematográfica por um mundo aberto e, no processo, copiou todos vícios deste gênero.

Com isso, não espere por muita criatividade nas missões, que geralmente envolvem apenas ir do ponto A ao ponto B, coletar algum item ou derrotar um grupo de inimigos. Já as missões paralelas envolvem disputa de territórios, nas quais você pode reconquistar zonas ocupadas pelos norte-coreanos e aumentar a influência da resistência.

Verde, amarelo, vermelho

Cada zona conquistada se transforma em verde e, portanto, segura. Já as zonas vermelhas são os locais dominados pelos coreanos, com soldados por todos os lados e combate o tempo todo. The Revolution puxa para o lado dos jogos de tiro mais tradicionais, com uma barra de vida e medkits, inibindo, logo de cara, o comportamento de correr e atirar vigente em expoentes do gênero como Call of Duty.

Como em toda guerrilha, o melhor a se fazer é planejar emboscadas e surpreender o inimigo da maneira que puder, com os recursos à disposição: armas modulares (cujos componentes podem ser trocados no meio da luta em um sistema de controles confusos), bombas caseiras e coquetéis molotov. Pelo menos você não precisa fazer tudo sozinho, podendo recrutar outros integrantes da facção, controlados por NPCs - ou jogadores reais, em um modo cooperativo que faz as vezes de multiplayer - para enfrentar o exército coreano.

A coisa muda um pouco de figura quando se entram nas zonas amarelas, locais povoados por civis em que a melhor pedida é avançar de forma furtiva, sem causar tumulto. Mas, apesar da mudança no ritmo da ação, as missões continuam sendo repetitivas.

Se você estiver jogando em um console, é grande a chance de ter se deparar com uma dificuldade a mais: os constantes problemas de desempenho. Na versão testada (PlayStation 4), não foram poucas as quedas de taxa de quadros (framerate), e o jogo trava o tempo inteiro para carregar o que vem à frente, seja para dar seguimento à história ou seja para recomeçar após uma morte. Logo nas primeiras missões, uma das personagens simplesmente travou e não repassou o objetivo seguinte, obrigando o recomeço do game.

Ainda que não existissem problemas de desempenho - os quais a Dambuster já se comprometeu a corrigir -, Homefront: The Revolution carece de boas ideias, tanto para uma história que poderia ser muito mais interessante caso mantivesse o nível de seus primeiros 15 minutos, quanto para um gameplay que não foge da mesmice vigente no gênero de mundo aberto.

Homefront: The Revolution está disponível para PlayStation 4, Xbox One e PC (Steam, Nuuvem). O jogo foi testado em um PlayStation 4. Clique no nome das plataformas para conferir o preço do jogo em sua versão digital.

Nota do crítico