Battleborn não é aquele jogo que você estava esperando. Tampouco aquele jogo que você sonhava encontrar no mercado, a mistura de um MOBA (Multiplayer Online Battle Arena) com ação em primeira pessoa. E mesmo assim, o novo jogo da Gearbox nem de longe é algo desagradável.

A Gearbox investiu seu tempo e dinheiro em uma franquia inédita. Misturando conceitos de MOBAs com a ação em primeira pessoa, Battleborn foi colocado no mercado agora no começo de maio. O problema é que o mês de maio acabou se tornando o mês dos shooters e a competição está acirrada.

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O coitado vai sofrer. Principalmente nas vezes em que ele erroneamente é comparado a Overwatch, seu grande rival para o mês. Visualmente parecidos, ambos entram no mercado com propostas completamente diferentes um do outro, apesar de dividirem público parecido. Mas precisamos falar sobre Battleborn.

É meio óbvio que o foco do game é o multiplayer competitivo, chegaremos lá, mas me diverti bastante com a campanha para um jogador (que pode ser feita cooperativamente). São oito missões mais um tutorial que levam cerca de uma hora (cada), em mapas enormes, com hordas de inimigos, evoluções particulares e chefes de fase gigantescos e caricatos.

Impossível não comparar com seu primo distante, Borderlands. Cada uma das missões parece uma dungeon do clássico da Gearbox. Não somente isso, mas vários dubladores também retornam em papeis mais semelhantes do que precisavam ser. Isso é ruim? Não, de forma alguma, mas a impressão de "já conheço esse cara" pode misturar os sentimentos de surpresa e nostalgia e transformá-lo em algo que mais parece uma repetição da fórmula de sucesso.

Ao todo são 25 personagens selecionáveis, únicos em termos de visual e mecânicas de combate. O elenco é dividido por classes que seguem o padrão dos MOBAs. Assassinos, lutadores, snipers, pressionadores, iniciadores, protetores e territoriais, cada um dos personagens apresenta características que funcionam muito melhor se trabalhadas em equipe. A comunicação entre os jogadores é essencial.

Outra característica oriunda dos MOBAs é o sistema de evolução. Cada partida possibilita a evolução de 10 níveis de poder para o personagem. O sistema Helix do jogo força o jogador a escolher sempre uma de duas opções. Assim, mesmo que dois jogadores tenham o mesmo personagem, as chances deles seguirem com as mesmas habilidades diminui bastante.

Esses upgrades precisam ser feitos durante a partida, e só valem para ela. É o mesmo esquema de um Heroes of the Storm ou League of Legends. Essas habilidades conquistadas são essenciais para uma melhor performance do personagem e do time no geral, por isso é imprescindível passar um tempo vasculhando as áreas e derrotando adversários (o famoso grind dos rpgs).

A campanha pode ser jogada tanto de modo cooperativo quanto sozinho. Ao entrar num servidor público, somos direcionados a uma tela de votação de fases. Isso é um problema quando ainda não experimentamos todos os capítulos do game. Recomendaria evitar o público para diminuir os spoilers (ou usar bastante refresh para encontrar as fases na ordem correta). No modo privado é possível terminar a campanha convidando apenas amigos ou sozinho, se preferir.

Conquistar vitórias (ou derrotas) geram pontos de rank. Esses pontos são divididos em rank de personagem e rank de comando. Enquanto o primeiro destrava itens cosméticos e de uso em batalhas, o outro rank libera o restante do elenco do game (que também pode ser destravado ao completar cada uma das fases).

O multiplayer competitivo é dividido em três modos principais: devastação, incursão e colapso. Aqui todo o sistema de jogo tem um pé mais firme no mundo dos MOBAs. OS mapas são menores (mas ainda grandes), saber controlar seus recursos e o tempo gasto na conquista de objetivos no mapa é essencial, e o principal, pressionar o adversário e impedir que ele evolua seus heróis precisa estar na sua estratégia de guerra.

Devastação talvez seja o modo mais fácil para os já cracudos no mundo dos FPS. Trata-se de um mata-mata mais frenético entre as equipes, ao mesmo tempo que precisam conquistar e realizar certos objetivos no mapa. O melhor lugar para aprender o básico do jogo e se acostumar com o sistema de evolução de Helix. O jogo flui muito bem e fica bem fácil montar uma rápida tier list de todos os heróis para consumo próprio, apenas para criar uma base de comparação para os 25 personagens recém criados.

Incursão já bebe de outras fontes. Com seus lacaios (minions) é preciso invadir e destruir a base inimiga, ao mesmo tempo que se defende da mesma missão adversária. O que existe nos MOBAs no geral, mas visto de uma outra perspectiva, literalmente. Foi mais difícil aprender, e participei de vários times que desistiam antes do término da missão, assinando a rendição (outra variante do mundo de League of Legends). Confesso que não gostei nenhuma das vezes que meu time desistiu sem o meu consentimento.

Colapso me lembrou muito Lemmings, saca? Mas com muitos tiros e rajadas de energia, claro. Neste modo precisamos defender nossos lacaios para que eles possam chegar pacificamente ao centro do mapa, onde vão se matar para o bem da nossa pontuação. Em Lemmings (e jogos do gênero) era preciso guiar os fulaninhos pelo mapa até certo ponto e evitar que morressem pelo caminho. Interessante, pelo menos.

Battleborn é um bom jogo. Talvez prejudicado por sua janela de lançamento, pode vir a se tornar um bom entretenimento para quem se diverte com jogos de tiro em primeira pessoa com 'algo a mais'. Não vai mudar a sua vida e serve como uma introdução 'light' (bem light, ok?) ao mundo dos MOBAs, esses jogos que só quem joga parece se importar com eles, mas não podemos de forma alguma ignorá-los por mais tempo.

Battleborn pode ser jogado no PlayStation 4, Xbox One ou PC.

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Nota do crítico