Na era de ouro das adaptações de jogos em Hollywood, a série de Fallout me trouxe uma reação inédita. A produção, que estreia no Prime Video nesta quarta-feira (10), me fez ter vontade de jogar novamente os games.

Não faltam bons exemplos de filmes e séries de jogos, especialmente após o ano passado, que trouxe alguns dos melhores exemplos de como levar games às telonas. A maioria se preocupa em capturar a atenção dos espectadores evocando sensações nostálgicas por meio de referências, como fez a animação de Super Mario Bros. Outras se preocupam em contar uma boa história, como The Last of UsHalo.

Já a série comandada por Jonathan NolanLisa Joy acerta em algo bem mais arriscado: capturar a essência dos jogos, mesmo sem poder contar com seu elemento interativo. Aqui, o material base ajuda muito: embora todos os games sejam situados no mesmo universo, eles contam histórias separadas, em ambientes diferentes e pontos distintos de uma linha do tempo pós-apocalíptica.

A adaptação até volta a um local conhecido de Fallout: o sul da Califórnia, onde se situam os dois primeiros títulos da franquia, produzidos pela Interplay e pela Black Isle Studios no final dos anos 1990. Mas a trama inédita, na qual Lucy (Ella Purnell) é forçada a deixar o Refúgio 33 e se aventurar nos perigosos Ermos em uma missão de resgate, é um convite para apresentar este mundo de uma forma familiar.

Um grande acerto da produção é dividir a história em três pontos de vista. Além de Lucy, também acompanhamos Maximus (Aaron Moten), um recruta da Irmandade do Aço que deseja vingança contra saqueadores, e o Necrótico (Walton Goggins), um caçador de recompensas que nasceu antes da guerra nuclear e já viveu todo tipo de horror que há para experimentar nos Ermos.

Trailer de Fallout

 

 
 
 

Assim como nos jogos, em que a sensação de estar em um mundo desconhecido é parte fundamental da experiência, a série de Fallout aproveita para trazer uma aleatoridade ao roteiro que, embora deixe a narrativa um pouco confusa às vezes, é fundamental para mostrar, em tela, o que este universo tem de melhor.

Isso significa que, mesmo tendo um objetivo claro, Lucy pode ter sua trajetória interrompida por um estranho que bebe toda a sua água ou um encontro com bandidos, ou a primeira missão de Maximus pode dar muito errado porque um urso radioativo estraçalha seu superior. 

Esse tipo de aleatoridade combina muito com um RPG de mundo aberto no qual o acaso é o melhor companheiro do jogador, e encontros fatídicos podem alterar profundamente a sua trajetória, já que o jogo é completamente fundamentado na ideia de tomar várias decisões diferentes de um ponto de vista de moralidade.

Para quem já conhece a série, Fallout também se aprofunda em questões que estão em aberto nos jogos há muito tempo, em um nível de detalhe que fez até mesmo a Bethesda intervir para que alguns elementos ficassem preservados para o próximo game da franquia.

Todos os episódios de Fallout serão disponibilizados no Prime Video a partir desta quarta-feira (10).