No último sábado, 16, o projeto AfroGames, criado em parceria entre o Grupo Cultural AfroReggae e a Chantilly Produções, inaugurou mais duas unidades no complexo da Maré, no Rio de Janeiro. Com isso, a Organização Não Governamental vai atender mais 200 alunos, totalizando 300 se contar com a unidade inicial de Vigário Geral.

A iniciativa é levar programas educacionais para os moradores das comunidades Nova Holanda e do Morro do Timbau e visam aumentar as possibilidades de profissionalização aos jovens carentes, levando cursos e aulas de inglês, programação de jogos além de dar fundamentos para se tornarem jogadores profissionais de Valorant, League Of Legends e Free Fire. 

AfroGames inaugurou duas novas unidades no Complexo da Maré. Acima a unidade de Nova Holanda - Matheus Uchoa/AfroGames
AfroGames inaugurou duas novas unidades no Complexo da Maré. Acima a unidade de Nova Holanda - Matheus Uchoa/AfroGames

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Ao The Enemy, Ricardo Chantilly, sócio diretor do projeto AfroGames, disse que este projeto é essencial para trazer uma “cidadania digital” para crianças e adolescentes carentes. “Quando a gente fala do projeto AfroGames, é óbvio que essa parte brilha aos olhos, mas não é só isso. A gente não só dá aula de games, estamos ensinando Cidadania Digital. Estamos incluindo esses garotos no mundo milionário dos games".

Chantilly diz ainda que, apesar de ter "games" no nome, o projeto vai além do que apenas ensinar a jogar "Quantos jogadores profissionais vão surgir desses 300? Não sei se um ou dois, já os outros vão saber mexer no computador, falar inglês, sabendo usar ferramentas de trabalho, usar um email… Esses garotos vão ter uma inclusão no mercado de trabalho daqui dois ou três anos e, com isso, ter oportunidades no mercado de trabalho”.

AfroGames inaugurou duas novas unidades no Complexo da Maré. Acima a unidade de Morro do Timbau - Matheus Uchoa/AfroGames
AfroGames inaugurou duas novas unidades no Complexo da Maré. Acima a unidade de Morro do Timbau - Matheus Uchoa/AfroGames

Já William Reis, coordenador executivo do AfroReggae, diz que essas novas unidades as novas unidades do AfroGames representam a consolidação do projeto. “Estamos muito felizes em inaugurar mais duas unidades do projeto que vem mudando a cara das favelas no Rio de Janeiro".

"Os alunos da Nova Holanda e do Morro do Timbau vão poder aprender tudo o que quiserem no mundo dos games e vislumbrar um novo mercado de trabalho. Nosso projeto cresceu e começa a se expandir para outros territórios conflagrados no Rio de Janeiro”, conta William. 

Em tês anos de existência, o AfroGames já formou cerca de 370 jovens apenas na unidade de Vigário Geral. Com essas duas novas unidades no Complexo da Maré, o projeto estima formar mais de 300 jovens por ano.

O projeto foi reconhecido e foi um dos finalistas do CCXP Awards na categoria Organização de Esports, disputando ao lado de Furia, Loud, Pain Gaming e Red Canids.  O AfroGames conta com equipes profissionais de LoL, Fortnite e Free Fire que disputam torneios profissionais incluindo a série C da Liga Brasileira de Free Fire (LBFF). 

A inauguração das unidades Nova Holanda e do Morro do Timbau teve apoio da IHS Brasil, que opera e desenvolve infraestrutura de comunicações móveis, além do Meta, empresa-mãe do Facebook, a Secretaria Municipal de Cultura do Rio de Janeiro, Rede Globo e outras.

Ricardo Chantilly diz ainda que em breve a AfroGames vai manter a expansão para Niterói, cidade do Grande Rio. Para ele, o Brasil inteiro precisava de mais iniciativas como a do AfroGames. “Com um terço da população brasileira passando fome, com pessoas paupérrimas, a gente tem que fazer parte de uma transformação”. 

“Eu falo sempre que nosso objetivo é seguir o exemplo da Índia, que há 20 anos era apenas um país gigantesco e pobre. Hoje ela é um país que exporta as maiores mentes da tecnologia e programação. Eu vejo uma similaridade muito grande de lá com as favelas do Brasil. Esse projeto não vai mudar apenas a vida dos garotos, mas vai mudar também a vida de centenas de famílias”, conclui.