Vou começar este texto sem rodeios: para mim, Devil May Cry 5 tem potencial para se tornar o melhor da série.

Após testar o jogo por seis horas, em uma sessão realizada pela Capcom na semana passada em São Paulo, não tenho como tirar outra conclusão. Só um desastre absurdo na condução da história ou uma decisão bizarra de gameplay podem tirá-lo do caminho de se tornar o melhor. E, se não for o melhor, será pelo menos o mais completo.

Pois é exatamente a intenção da produtora japonesa com o game: unir, de forma abrangente, toda a ação precisa e espalhafatosa pela qual Devil May Cry é conhecido, mantendo os acertos, melhorando o que havia de ruim e adicionando novidades interessantes no processo.

Com três protagonistas, Devil May Cry 5 vai alternando a história entre o ponto de vista de cada um deles (às vezes até permitindo que você escolha com quem jogar em uma missão), em uma narrativa que não é exatamente linear, mas também não embarca no culto ao backtracking de Devil May Cry 4.

O que interessa ao novo DMC com essa jogada é dar ao jogador a oportunidade de apreciar o estilo de gameplay dos três protagonistas, completamente diferentes entre si.

Devil May Cry 5
Capcom/Divulgação

Primeiro, temos Nero, ocupando boa parte do início da história de Devil May Cry 5. Seu gameplay representa o que veio em Devil May Cry 4, agora com uma mecânica de braços descartáveis que já explicamos em outra prévia do jogo.

Nessa nova seção de gameplay, tivemos a oportunidade de conferir com mais detalhes o arsenal dos Devil Breakers, os braços mecânicos de Nero, e a impressão que ficou é a variedade de opções que o caçador de demônios tem a sua disposição.

Overture e Gerbera, os braços disponíveis na primeira sessão, empalidecem perto dos outros braços que vão aparecendo na aventura. Um dos destaques é o Punchline, que, além de poder ser usado como "prancha", também se destaca do corpo de Nero e ataca os oponentes sozinho.

Com a possibilidade equipar um set de braços diferente a cada missão, Nero é praticamente vários personagens em um só, com opções que não apenas complementam seu repertório de golpes padrão (com espada, pistolas e o cabo que puxa inimigos), como também modificam demais a maneira como ele joga dependendo do Devil Breaker equipado.

(Isso sem falar na música-tema de batalha, que entorpece ao ganhar intensidade à medida que seu rank de estilo aumenta, só aumentando a empolgação.)

Devil May Cry 5
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Enquanto Nero está repleto de inovações, Dante é talvez o ponto de maior familiaridade entre os três protagonistas (ainda que também traga suas novidades). Além do trio tradicional Rebellion, Ebony e Ivory, o filho de Sparda também retorna com os estilos intercambiáveis de Devil May Cry 4, que podem ser alterados a qualquer momento por meio do direcional.

Como você começa a controlar Dante em uma parte mais avançada da história, ele já vem com mais habilidades e armas desbloqueadas logo de cara. Uma das mais interessantes é a Balrog, um conjunto de luvas e botas que serve para lutas corpo-a-corpo e vai carregando energia à medida que você acerta golpes. Sua mistura de socos e chutes serve para atacar inimigos com algum tipo de defesa e seus golpes estão entre os mais estilosos no repertório do personagem.

A maior novidade no arsenal de Dante é a Cavaliere, a famigerada motocicleta já alardeada por meio de trailers. Misturando golpes mais pesados com a oportunidade de literalmente passar por cima dos inimigos, a “arma” promete ser a adição mais extravagante ao arsenal do personagem. Infelizmente, nosso tempo com o jogo terminou assim que obtivemos a moto (o que me deixou muito triste, acredite).

Devil May Cry 5
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Por fim, temos V, que não se parece em nada com qualquer outro personagem jogável já disponível em outros Devil May Cry. Mais frágil e suscetível a danos do que Nero e Dante, o misterioso novato ataca de longe, utilizando três criaturas: um tigre, um corvo e um monstro gigante, ativado apenas com seu Devil Trigger.

Entretanto, as criaturas só podem causar danos no inimigo, deixando-as no máximo em um estado de atordoamento - quem precisa dar o golpe final é V. Assim, jogar com o novo personagem traz toda uma nova dinâmica às lutas de Devil May Cry, nas quais você precisa prestar atenção no cenário como um todo.

Até dá para deixar as criaturas atacando sozinhas (às custas da barra de Devil Trigger), mas o ideal é controlar tudo ao mesmo tempo, observando onde elas estão atacando, já que elas também têm barras de vida própria e “desaparecem” quando morrem, exigindo que V se desloque até suas sombras para ressuscitá-las.

Sendo assim, V exige que você observe seus bichos, e também pede que você preste atenção aos seus arredores. O mais incrível é que, mesmo com uma dinâmica de ação totalmente diferente, o novo personagem continua respeitando os princípios de Devil May Cry, com uma gama grande de golpes e vários recursos - durante meu teste, por exemplo, o primeiro rank SSS que consegui foi com ele.

Devil May Cry 5
Capcom/Divulgação

Não importa qual o personagem nas suas mãos, a precisão dos comandos e a devoção de Devil May Cry ao quão estiloso você pode ser em um combate continuam sendo o norte de toda a jogabilidade.

O estilo é amplificado ao máximo pelo visual do jogo, que também chama a atenção. Utilizando a RE Engine (mesma tecnologia por trás de Resident Evil 7 e do remake de Resident Evil 2), o jogo retrata os personagens de forma mais fotorrealista que as versões anteriores, dando mais ênfase na movimentação dos golpes. Somado a uma identidade visual que lembra um pouco o controverso DmC, temos um jogo que une, do gameplay aos gráficos, um compilado de tudo o que faz a franquia da Capcom interessante.

Devil May Cry 5 chega em 8 de março para PlayStation 4, Xbox One e PC.