Alguns jogos merecem um tratamento especial. Há clássicos que toda geração de jogadores devia conhecer. Super Mario 64Resident EvilThe Last of Us e tantos outros títulos que se tornaram marcos dos games e transcendem seus consoles para virar fenômenos culturais. Um dos seletos nomes que está nessa lista é Shadow of The Colossus, obra prima de Fumito Ueda e do Team ICO lançado em 2005 para o PlayStation 2.

Shadow of The Colossus é provavelmente um dos três melhores jogos do PlayStation 2. A geração de jogadores que foi formada pelo saudoso console da Sony certamente tem memórias claras das batalhas contra chefões gigantes que marcaram sua infância e adolescência. Alguns anos depois, ele foi lançado para o PlayStation 3 em HD e alcançou ainda mais pessoas. Agora, ele está voltando mais uma vez, com um remake completo desenvolvido pela Bluepoint Games para o PlayStation 4.

Quando o anúncio de Shadow of The Colossus para o PS4 foi feito, muitas pessoas ficaram animadas, mas outras começaram a se perguntar se tal remake fazia sentido. Pra que lançar outra versão desse jogo? Qual o propósito? É necessário?

Necessário é uma palavra muito forte, e as perguntas acima são totalmente válidas. Em tempos de (muitas) remasterizações dispensáveis, é fácil ficar cético e considerar o lançamento de Shadow of The Colossus para o PlayStation 4 como uma simples tentativa de espremer ainda mais dinheiro de uma marca forte. Esse certamente é um dos maiores motivos, afinal a Sony é uma empresa que precisa agradar seus investidores, mas eu acredito que este remake tem a chance de tornar a melhor versão do jogo.

Primeiramente, é fácil esquecer quanto tempo já passou desde o lançamento de Shadow of The Colossus. Em outubro o jogo completa 12 anos, e o relançamento para PS3 - que também foi feito pela Bluepoint - vai completar seis anos. A versão para o PlayStation 4 vai introduzir um dos maiores clássicos da Sony para um públcio completamente novo. Diversas pessoas adquiriram o novo console vindo do Xbox 360, e outras podem nem ter experimentado um PlayStation 2 na época. Todo console é o primeiro console de alguém, e eles também merecem ter a oportunidade de conhecer clássicos. Um bom exemplo disso é o fato de que 80% (!) dos donos de PlayStation 3 não tinham jogado Uncharted, o que motivou o lançamento da coleção de Nathan Drake para a geração atual.

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"Mas então," você pergunta, "por que não lançar a versão original no PS2 Classics?"

Em primeiro lugar, um simples PS2 Classic na Store não alcançaria metade do público que um relançamento vai atrair, e em segundo lugar, você já jogou Shadow of The Colossus recentemente? Na época, ele era um dos jogos mais avançados. Mundo aberto, câmera em terceira pessoa idêntica a de diversos títulos de hoje em dia, movimentação e escalada em 3D semelhante ao que vimos em incontáveis jogos de lá pra cá. Mas tente retornar para ele agora, e você rapidamente perceberá que algumas coisas não envelheceram tão bem.

Shadow of The Colossus tem controles travados, sua resposta a alguns comandos é lenta, e em algumas lutas com chefões é difícil gerenciar a câmera, a escalada e os ataques. Ele ainda é um clássico, mas videogames evoluíram e devemos reconhecer isso. A Sony já confirmou que a Bluepoint está modernizando os controles do jogo no remake, o que é uma ótima notícia. Se alguém experimentar a versão do PS4, encontrará algo no mesmo patamar de outros títulos atuais, enquanto os fãs antigos poderão voltar para um mundo que amam sem grandes dificuldades.

Finalmente, a Bluepoint Games é a melhor desenvolvedora do mercado quando o assunto é novas versões de jogos antigos. Se algum estúdio merece ser respeitado nesse campo, é a Bluepoint. Seu talento já fica claro vendo a comparação gráfica do PS2 com o PS4.

Como alguém que experimentou e se apaixonou por Shadow of The Colossus pela primeira vez graças ao remaster para PlayStation 3, eu não consigo condenar a ideia de reviver esse clássico novamente. Se a Sony for esperta, ela não cobrará US$ 60 pelo remake, deixando a compra do jogo mais acessível. A indústria dos games realmente exagera e tem péssimas políticas com relançamentos, passando a perna no consumidor e cobrando caro por remasterizações feitas às coxas.

Entretanto, alguns relançamentos fazem sentido. Alguns apresentam clássicos para uma nova audiência, dão nova vida à jogos que passaram despercebido e se tornam as melhores versões de games que já eram excelentes (olá Mario Kart 8 Deluxe, Persona 4 Golden e Residentl Evil REmake). Talvez eu quebre a cara totalmente e o Shadow of The Colossus do PlayStation 4 seja a jogada mais mercenária e sem vergonha na cara que a Sony já fez.

Mas quem sabe isso não acontece.