Lançado há uma semana, Warzone é o modo Battle Royale de Call of Duty: Modern Warfare.

Ele também é um sinal claro da direção que a franquia deve tomar para o futuro, e prova que ainda é possível inovar e se diferenciar no disputado mercado dos FPS - e sim, você leu inovação e Call of Duty na mesma frase.

Warzone é considerada uma nova modalidade de Modern Warfare, mas também pode ser baixado, gratuitamente, por qualquer jogador no PC, PlayStation 4 e Xbox One. Derrubar a barreira do preço foi uma decisão importante e três dias após o lançamento, 15 milhões de pessoas já haviam baixado a novidade.

A Activision não diz quantos desses jogadores já tinham o último CoD e quantos são novos usuários, mas é um número de respeito, maior do que o alcançado por Apex Legends - outro Battle Royale que teve um grande sucesso no lançamento - no mesmo período.

A ausência de preço, porém,  não é o único mérito de Warzone. Afinal, de graça, até injeção na testa. O jogo traz boas adições ao gênero e consegue se destacar da concorrência, atraindo até quem não gosta tanto assim de BR - ou que ainda procurava um game desses para chamar de seu, mas não conseguia se adequar as mecânicas ou controles dos jogos disponíveis.

Em termos de controle, Warzone tem como vantagem suprema as décadas de desenvolvimento da franquia Call of Duty. É um shooter excelente, fácil de entender e com comandos responsivos como poucos conseguem ser. Isso é o mínimo que se espera de um FPS.

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Activision/Divulgação

O modo Battle Royale de Warzone segue os princípios básicos do gênero: 150 jogadores caem de paraquedas no mapa, e precisam lutar para sobreviver enquanto uma nuvem de gás vai reduzindo o campo de batalha e forçando o confronto entre os soldados. Ganha o time que sobrar de pé no final. Achar partidas é rápido, ainda mais com a facilidade do crossplay, decisão acertada da Activision desde a chegada de Modern Warfare.

Três elementos tornam a experiência diferente: os Contratos, o Gulag e o Arsenal.

Enquanto explora o mapa, você e seus colegas encontram contratos com missões para cumprir em troca de dinheiro - que permitem comprar armas, vantagens e ressuscitar colegas caídos. Há contratos para eliminar jogadores específicos, coletar caixas em pontos distantes ou assegurar o controle de um ponto estratégico - cumpra todos os contratos de "recon" e seu time vai saber onde vão aparecer as áreas seguras do final da partida. Os contratos dão uma dinâmica diferente para o jogo, indo além de matar, pilhar e se esconder.

O Gulag é uma ideia simples mas divertida: ao ser abatido no Battle Royale, você é enviado para uma prisão, onde pode desafiar outro jogador para um duelo. Cada um recebe uma arma aleatória e quem eliminar o outro primeiro volta para o jogo. O perdedor só poderá voltar se os colegas de time comprarem seu retorno. Outros jogadores aprisionados podem assistir o duelo, que rola no banheiro da prisão.

Por fim, mas na minha opinião o mais importante, o arsenal é o elemento que separa Warzone de todos os jogos do gênero. Você entra na partida com uma pistola e pode, ao juntar um pouco de dinheiro ($ 6000, atualmente) ir até uma estação de compra e adquirir seu arsenal personalizado. Isso tende a acontecer muito rapidamente nos primeiros minutos de jogo e elimina a necessidade de procurar por armas melhores.

Abrir caixas é útil para pegar armaduras (Warzone não usa o sistema de regeneração tradicional de CoD) e contratos, mas a facilidade com que você adquire as armas que realmente quer diminuem a interferência da aleatoriedade no resultado da partida. Sobreviver ainda é o objetivo, mas é mais uma questão de habilidade do que de quem encontrou a escopeta primeiro - só falta mesmo a opção de jogar sozinho, um verdadeiro "cada um por si". No lançamento, só é possível jogar em trios.

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Activision/Divulgação

Outra coisa legal é que, desde o lançamento, Warzone não se limita ao Battle Royale tradicional. O segundo modo de jogo, Saque, elimina muitos dos elementos que afastam quem não gosta do gênero: aqui, o objetivo do time é adquirir o máximo de dinheiro saqueando caixas, explorando o mapa, cumprindo contratos e, claro, roubando de outros jogadores. Não há gás e você já chega armado na partida.Caso você seja abatido, o retorno para o jogo é rápido, embora tome uma parcela dos seus ganhos.

Isso gera situações de atrito constante, principalmente perto do fim da partida. Esse modo se inspira em algumas das melhores ideias da Zona Cega de The Division: há pontos onde você pode chamar helicópteros para depositar o dinheiro - e salvar seu placar até ali - e, claro, é preciso esperar a chegada da aeronave e sua saída com a grana, momento em que a vida fica por um fio e os jogadores mais expostos ao assalto de times rivais. Para deixar as coisas mais emocionantes, os jogadores no topo do ranking, aqueles carregando mais dinheiro, são marcados no mapa para todos os adversários.

Tudo o que você faz em Warzone conta para o Passe de Batalha de Modern Warfare - inclusive com desafios exclusivos para a nova modalidade. Assim, é possível adquirir novos personagens, skins e outros adereços simplesmente jogando. Infelizmente, algumas skins dos operadores exigem que se jogue outros modos multiplayer ou a campanha, deixando de fora quem tem apenas a versão gratuita.

E aí mora a única mancada de Warzone: mesmo em sua versão gratuita, ele é parte de Modern Warfare. Tanto que o download do jogo pede "170 GB de espaço em disco", mesmo que o Battle Royale ocupe apenas 18 GB. O restante dos dados são do Call of Duty pago que você ainda não adquiriu.

Nesse sentido, oferecer Warzone de graça é quase uma experiência para a Activision, pois a modalidade foi pensada como uma expansão de Modern Warfare que, por acaso, funciona como jogo standalone. Já há rumores de que um dos próximos games que a Sledgehammer prepara para 2021 é totalmente "free to play", pensado desde o início para competir com Fortnite e Apex.

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Activision/Divulgação

A franquia da Activision reinou líder entre os jogos de tiro por muitos anos, até ser derrubada do trono pela ascensão do Battle Royale, dos quais Fortnite não foi o primeiro, mas é o mais relevante, não só pela quantidade de jogadores mas pelo impacto na cultura popular - de dancinhas replicadas por jogadores de futebol famosos a pré-lançamentos de Star Wars, Fortnite está em todos os lugares e tudo está em Fortnite.

Call of Duty vai recuperar o trono dos shooters? Difícil dizer. Mais provável que não. Mas as decisões acertadas de Warzone mostram que a franquia pode e deve mudar muito para se tornar relevante para a próxima geração de jogadores.

  • Lançamento

    25.10.2019

  • Publicadora

    Activision

  • Desenvolvedora

    Infinity Ward

  • Censura

    18 anos

  • Gênero

    Tiro

  • Plataformas

    PlayStation 4 Xbox One PC