Depois de uma provocação bastante direta da Epic Games, a Apple removeu Fortnite da App Store, afirmando que o game vai contra as suas políticas pré-estabelecidas. A última atualização do Battle Royale dava duas opções de pagamento para o jogador, sendo que uma delas burlava a taxa de 30% cobrada pela Maçã acima das transações realizadas no iOS, justificando o banimento.

Como também acontece no Android, a Apple obriga que todos os aplicativos disponibilizados na App Store paguem uma taxa específica acima de qualquer transação realizada. Em declaração ao The Verge, a responsável pelo iOS esclareceu o problema, mas não abriu possibilidade para negociar uma taxa menor para a Epic Games:

"O fato de que suas intenções corporativas agora fazem com que eles pressionem por um acordo especial não muda o fato de que essas regras criam um campo equilibrado de competição para todos os desenvolvedores, e também garantem que a loja é segura para todos usuários. Nós faremos todos esforços para trabalhar com a Epic e resolver essa violação, para que Fortnite possa voltar à App Store", afirma a Apple.

Vale mencionar que, em 2016, a Apple abriu exceção para a Amazon, abaixando a taxa cobrada sobre novas assinaturas do Prime Video de 30% para 15%. O favorecimento à empresa de Jeff Bezos segue até hoje, com descontos na venda e aluguel de filmes comercializados pela Amazon

O posicionamento da Epic Games a respeito da monetização não é tão recente. Em 2018, também ao The Verge, o CEO Tim Sweeney já dizia que as empresas ganhavam bastante dinheiro em outros setores: "Apple, Google e fabricantes de Android ganham lucros bem vastos com a venda de seus dispositivos, e de forma alguma justificam o corte de 30%".

O ideal traz reflexos também em outros âmbitos: Fortnite demorou muito tempo para entrar no catálogo do Google Play, loja oficial do Android, também por motivos de monetização; para compensar, o game poderia ser baixado por outras fontes e jogado normalmente. A Epic Games Store segue preceitos similares, garantindo um retorno maior ao desenvolvedor do que o tradicional Steam.

Para a Apple, entretanto, não há outra alternativa: obedecer as regras estabelecidas, ou ficar fora do iOS como um todo. A Epic parece já estar preparada para o impacto: em seu Twitter, Fortnite anunciou a exibição de um novo curta metragem para hoje, 13 de agosto, às 20h no horário de Brasília.

O filme é intitulado "Nineteen Eighty-Fortnite", um trocadilho com o livro 1984, distopia onde o governo e o chefe de estado Big Brother domina praticamente todas as ações de seus cidadãos. Com o anúncio, a Epic pode fazer um paralelo similar, colocando Apple e Google como o "governo" do livro.

Posteriormente, a desenvolvedora anunciou, também pelo Twitter, que entrará com ação judicial contra a Apple. O processo menciona justamente 1984, pois o livro serviu de referência para uma grande ação de marketing do Macintosh, primeiro computador desenvolvido pela Apple. A premissa era de que o produto chegava para quebrar o monopólio da IBM, representada justamente como o "Big Brother".

O argumento da Epic se desenvolve em torno disso, afirmando que a Apple tornou-se a própria empresa que tenta monopolizar o mercado e controlar suas nuances.

Ainda sob o mesmo escopo, o Spotify já sem envolveu em brigas judiciais com a Maçã por motivos praticamente idênticos, criticando a taxa obrigatória de 30% cobrada acima de assinaturas na plataforma de streaming musical. O caso já está mais avançado e, atualmente, está sendo investigado pela União Europeia.