Era fácil imaginar que a fusão entre dois universos tão absurdamente distintos jamais funcionaria. Como sabemos, o saldo de Mortal Kombat vs. DC Universe está longe de ser positivo, embora o jogo em si tenha revolucionado a maneira como histórias são contadas em jogos de luta. Agora, se a fusão dos universos já não tinha como dar certo, a fusão entre os vilões é pior ainda. Dark Khan consegue ser ainda mais genérico do que o próximo monstro da lista. 

Um grande inimigo feito de lava. Esse era o chefão final do torneio que encerraria todos os torneios. Chega a dar pena dos demais vilões icônicos da franquia, que, inevitavelmente, ficam abaixo de Blaze na torre. Até mesmo o nome dele era preguiçoso. A única coisa ainda pior do que isso em Armageddon são os fatalities, que deixam a desejar em um nível inacreditável.

É difícil se sentir intimidado por chefões quando eles são personagens jogáveis que já conhecemos de games anteriores. Shang Tsung era um veterano da série, portanto, os truques e personalidade do feiticeiro já não surpreendiam. Quan Chi havia sido apresentado em Mortal Kombat Mythologies: Sub-Zero e pôde ser controlado por jogadores em Mortal Kombat 4. Logo, também não gerava uma impressão tão imponente. Individualmente, são ótimos personagens. Contudo, não são grandes chefões.

O Rei Dragão de Outworld surpreendeu durante o modo Konquest, já que elaborou um plano extremamente preciso para voltar à vida com a ajuda de Shujinko, o nada interessante protagonista de Mortal Kombat: Deception. No entanto, lutar contra ele está longe de ser uma experiência memorável. Os golpes de Onaga não são tão únicos quanto os de outros vilões e o cenário dele também está longe de ser impressionante. 

O Deus Ancião caído, sempre acompanhado por Quan Chi, é um oportunista sem igual. Visualmente, Shinnok é um dos vilões mais únicos em toda a série, trazendo, ao mesmo tempo, certa elegância e um aspecto demoníaco cadavérico. Os seguidores dele são verdadeiros fanáticos e o tratam, de fato, como uma divindade. Entretanto, se ele não fosse jogável em MK4, talvez parecesse mais intimidador... E também não ajuda que em Mythologies: Sub-Zero ela tenha sido interpretado de maneira tão grotesca nas cenas live-action.

A guardiã do tempo é a entidade mais poderosa já apresentada em Mortal Kombat. Os planos dela não deram tão certo quanto ela gostaria, mas só o fato de Kronika ter premitido o encontro entre gerações diferentes de Mortal Kombat já fez valer a participação. É muito melhor ver versões anteriores de Liu Kang e Kung Lao, por exemplo, do que acompanhar personagens em versão "zumbi". Além disso, a luta contra ela pode até ser fácil, mas a transição de cenários e a participação de outros personagens durante o combate (no maior estilo Mortal Kombat 1) são boas adições.

Apesar de não funcionar tão bem junto de Quan Chi como um dos chefões de Deadly Alliance, Shang Tsung era um lutador extremamente marcante no primeiro jogo da série.

Durante o torneio original, quando ainda não havia sido rejuvenescido, ele parecia um bruxo das trevas no maior estilo necromante. Além disso, para o choque das pessoas da época, ele conseguia se transformar em qualquer outro personagem, portanto, a sensação era de que ele era extremamente imprevisível e perigoso.

Na prática, derrotar Shang Tsung nem era um grande desafio, mas o clima da batalha contra ele, assim como a animação de derrota do vilão, em que os demais lutadores saem de dentro do corpo dele, era único para um jogo de luta.

Enquanto vilão da história em si, Shang Tsung com certeza é o melhor personagem de Mortal Kombat. Contudo, enquanto chefão, há um lutador insuperável.  

Poucos vilões conseguem ser tão arrogantes quanto o imperador de Outworld. Aliás, quem não sentia um certo alívio quando Shao Kahn abria a guarda apenas para xingar o jogador?

Tudo em Shao Kahn fazia o jogador se sentir numa posição inferior. O dano causado por um simples chute, as falas tirando sarro do oponente (com destaque para don't make me laugh/não me faça rir), as animações dos golpes dele, que sugeriam uma força bruta infinitamente superior à dos demais. Não bastasse tudo isso, ainda há o fato de que o corpo dele parece muito maior e mais forte do que o de qualquer lutador.

Shao Kahn com certeza está entre os melhores chefões na história dos games, muito além de apenas Mortal Kombat. Se você nunca esteve diante dele, saberá do que estamos falando quando estiver. Se já o encarou, sabe que ele realmente merece toda a fama que possui.