Nintendo   Xbox   Playstation   Mobile   Pc

Activision Blizzard: Funcionários protestam e pedem saída de CEO

Reportagem do Wall Street Journal alega que Bobby Kotick sabia de denúncias de assédio e abuso sexual na empresa

Por Victor Ferreira 17.11.2021 12H32

Nesta terça-feira (16), mais de 150 funcionários da Activision Blizzard organizaram um protesto contra a liderança da companhia, exigindo a saída do CEO Bobby Kotick após uma reportagem do Wall Street Journal declarar que o executivo sabia de casos de abuso sexual dentro da empresa, mas não agiu ou informou a diretoria sobre isso.

A matéria diz que Kotick estaria ciente "por anos" de casos de assédio e abuso sexual em vários dos estúdios da empresa, em muitos casos fazendo vista grossa — e até protegendo — figuras denunciadas por funcionários e funcionárias.

Entre os casos, a reportagem diz que o CEO foi informado diretamente sobre alegações quanto a um supervisor da Sledgehammer Games (de Call of Duty) que estuprou uma mulher em 2016 e 2017, após ela ser pressionada a ingerir bebidas alcoólicas em eventos de trabalho.

Após uma denúncia ao departamento de RH e outros supervisores em que "nada aconteceu", a equipe legal da mulher teria comunicado Kotick diretamente ameaçando um processo contra a Activision. A empresa teria feito um acordo com ela, mas o CEO não informou outros membros da diretoria sobre isso, ou mesmo às acusações de estupro.

Outro caso citado na reportagem teria envolvido Dan Bunting, um dos antigos chefes do estúdio Treyarch (também de Call of Duty), que foi acusado de assédio sexual por uma funcionária em 2017. Uma investigação interna em 2019 sugeriu a demissão de Bunting, mas Kotick especificamente interviu para mantê-lo dentro da empresa.

(O Wall Street Journal diz que Bunting teria deixado a Activision após o jornal entrar em contato com a empresa)

A matéria vem após meses de denúncias e críticas à Activision Blizzard e suas lideranças após um processo do governo da Califórnia contra a companhia e sua estrutura tóxica contra mulheres que trabalham nela.

Activision/Divulgação

Em resposta, o grupo A Better ABK, formado por trabalhadores que buscam melhores condições de trabalho na companhia, exigiu a remoção de Kotick como CEO — cargo que exerce desde 1991 —, e anunciou um protesto e nova paralisação nos escritórios de seus estúdios.

"Instituímos nossa própria Política de Tolerância Zero", diz a mensagem do grupo. "Não seremos silenciados até Bobby Kotick ser substituído como CEO, e continuamos a manter nossa demanda original de uma análise de terceiros por uma fonte escolhida por funcionários. Estamos fazendo uma paralisação hoje. Damos boas-vindas a quem quiser se juntar a nós."

A sede da Blizzard foi novamente tomada por funcionários em protesto quanto às condições da empresa.

Em resposta à reportagem, o Conselho Diretor da Activision Blizzard deu um aparente voto de confiança à "liderança" de Kotick na implementação de novas medidas contra assédio dentro da empresa.

"A Diretoria da Activision Blizzard se mantém focada no objetivo de tornar a Activision Blizzard na companhia mais convidativa e inclusiva na indústria", diz o pronunciamento (via Eurogamer). "Sob a liderança de Bobby Kotick a Companhia já está implementando mudanças líderes na indústria, incluindo uma política de tolerância zero contra assédio, dedicação a atingir aumentos significativos nas porcentagens de mulheres e pessoas não-binárias em nossa força de trabalho e investimentos internos e externos para acelerar oportunidades de talento diversificado. A Diretoria se mantém confiante de que Bobby Kotick resolveu questões de ambiente de trabalho que chegaram a sua atenção."

A Better ABK retrucou que foi "sob a liderança de Kotick que a companhia foi acusada de maus tratos, assédio sexual, estupro e uma ameaça de morte vinda do próprio Kotick", declarando que a diretoria é complícita se essas transgressões não forem punidas.

 

Anteriormente, Kotick havia pedido uma redução salarial até que novas medidas sejam implementadas na empresa