Opinião: Riot demora, mas público no CBLOL é grande trunfo em 2022

Desenvolvedora anunciou que o campeonato de 2022 será o primeiro com torcida na história

Por Bruno Pereira 23.11.2021 22H38

Sem League of Legends e Riot Games, o cenário de esports estaria longe do estado atual no Brasil e no mundo, e falar isso é dizer o mínimo. Foi nos braços da desenvolvedora que os esports cresceram para atingir uma barra de qualidade em suas transmissões e eventos que conquistaram empresas e pessoas fora da bolha gamer.

A Riot foi a primeira desenvolvedora no Brasil a ter uma equipe de casters dedicada, bem como um calendário oficial regrado, equipe de transmissão e estúdio, tudo a partir de 2015. No entanto, a falta de agilidade em mudar e atender os pedidos da comunidade travou a empresa no ramo das transmissões no país.

Estilo “engessado” de transmissão e narração, falta de representatividade e CBLOL sem público presente foram algumas das reclamações constantes da torcida que fielmente investiu seu tempo para assistir as melhores equipes e jogadores semanalmente.

O crescimento e profissionalização do Free Fire (Garena) e Rainbow Six: Siege (Ubisoft), que com certeza aprenderam muitas lições com a Riot Games, foi um baque ainda maior. A liberdade era grande para pirar nas transmissões e criar um estilo diverso e descontraído para encaixar com os gostos de suas comunidades, e o LoL ficou para trás.

Palco da final da LBFF 6, de Free Fire

Imagem: Garena

A LBFF 6 teve o menor pico de audiência da história da liga, com 413 mil espectadores, e ainda assim ficou apenas 3k atrás do maior pico do CBLOL do ano, a final da Primeira Etapa entre paiN Gaming e Vorax - atração pela maior torcida da liga e jogadores como brTT presentes, que juntou em seu pico 416 mil espectadores. As médias ficam em 121k mil espectadores para a LBFF 6 (também a menor da história da liga) e 148 mil para a Primeira Etapa do CBLOL. A Segunda, que não teve times tão populares na final como paiN, LOUD e Flamengo, teve uma média de 107 mil espectadores. Já o Rainbow Six, em novo formato, quintuplicou a média de viewers, mas ainda está longe do LoL e do Free Fire: pulou de 12 mil espectadores simultâneos em 2020 para 58 mil em 2021.

O advento da pandemia de COVID-19 em 2020, aliado à inundação dos Estúdios Quanta, frustraram ainda mais a Riot, que levou consolo em batalhar arduamente para colocar de pé de maneira rápida e profissional o CBLOL 2020, coroando uma equipe de transmissão extremamente profissional e adaptável, e que mostrou mudanças nos dois anos de pandemia, tanto na quantidade e diversidade de seus casters quanto no próprio formato de transmissão.

No entanto, as novidades apenas colocaram a Riot em pé de igualdade com as outras desenvolvedoras, que já ultrapassavam o League of Legends no quesito de streams. . A batalha, nos bastidores, passou a ser outra: qual seria a primeira desenvolvedora a trazer público presencialmente para os seus campeonatos semanais?

Não é uma pergunta fácil de ser respondida porque envolve muita coisa. A Riot Games já havia comentado em diversas cobranças de imprensa e comunidade que precisaria mudar várias coisas, e os custos, obviamente, andam de mãos dadas: precisariam de um estúdio maior, ampliação da equipe de produção (para público, você precisa de alvarás da prefeitura, operação de bilheteria, alimentação, banheiros, segurança, entre outros), organização da área de player management (haverá sessões de autógrafos com os jogadores?) e de imprensa, entre diversos outros.

Mas a comunidade não quer saber os problemas, apenas a resolução, e estão corretos: são os clientes fiéis e finais de um produto que, apesar de extremamente profissional e de sucesso, tem espaço para melhora - e não o fez durante alguns bons anos.

Imagem oficial do novo palco do CBLOL

Imagem: Riot Games

Para a Riot, a mudança de estúdio de maneira permanente pela primeira vez desde a criação oficial das transmissões do CBLOL, em 2015, é quase um livramento: dão a oportunidade para a desenvolvedora estruturar bem os seus próximos passos, incluindo a presença de público no campeonato, possibilitam um flow maior no estilo de transmissão de seus narradores e a utilização de novas tecnologias para a stream.

E, principalmente para a desenvolvedora, é uma vitória imensa nos bastidores contra competidores como Free Fire e Rainbow Six: Siege, que olham atentamente os próximos passos de um produto extremamente popular e profissional como o CBLOL.

A Riot demorou, mas o grande passo enfim chegou.

A volta do CBLOL com um novo estúdio, disputa presencial em 2022 e presença da torcida é o começo de seu próximo capítulo.