Depois de anunciado, o VALORANT movimentou bastante o cenário de esports e foi a chave de uma série de surpresas no mercado de transferências. De nomes consolidados em suas modalidades a insatisfeitos onde estavam, muitos apostaram em investir no cenário de jogo, ainda que sem uma luz dos planos da Riot Games para o futuro, que, de certa forma, não era tão incerto, levando em consideração que a desenvolvedora convidou profissionais de diversos outros títulos durante o desenvolvimento do seu primeiro FPS. 

Buscando entender mais a migração que (ainda) vem acontecendo, o The Enemy procurou personagens que falaram sobre suas transições para o VALORANT. Nyang, mwzera (Gamelanders), Akemy, xand (B4), Naxy (Meta Gaming), Shizue (INTZ Angels) e murizzz (paiN Gaming) contaram um pouco sobre o processo de transição para um novo desafio e o que conseguiram trazer de experiências passadas que agregaram na adaptação ao VALORANT.

Xand no Major de CS:GO com a INTZ

Foto: HLTV.org

Novas chances, oportunidades e confiança no projeto: os motores da migração

O xand foi um dos primeiros jogadores de CS:GO que partiu para o VALORANT. Ele afirmou que uma série de decisões precipitadas e falhas o levaram a tomar a decisão de abandonar o FPS da Valve, mesmo depois de ter disputado o último Major com a INTZ, organização que representava.

Entre as principais diferenças que notou no processo de migração, xand citou a importância da Riot Games no processo de construção de um cenário sólido: “Você percebe o quanto a empresa do jogo se importa em atualizar e melhor. Não temos nem cinco meses desde o lançamento e olha o número gigantes de atualizações e campeonatos”.

Nyang (esquerda) na conquista do Mundial de Point Blank em 2018

Foto: Divulgação/Ongame

Nyang, que fez história no Point Blank mas aposentou no ano passado “por não ter uma boa perspectiva para o futuro e dar continuidade nos projetos pessoais”, resolveu mergulhar de cabeça no VALORANT quando ficou sabendo do surgimento do jogo. Desacreditado com o cenário de PB, o multicampeão alegou que a “bagunça” do cenário que viveu por quase 10 anos foi o fio que motivou o seu retorno e transição.

Em relação ao cenário (de Point Blank), era em eterno desenvolvimento e cheio de promessas. Jogávamos por paixão, pois não chegamos a receber salário”, revelou.

Akemy, companheiro de xand, deixou o CrossFire e hoje defende a B4 no VALORANT (Foto: Reprodução)

Eu brinco que é a nossa oportunidade ouro (o VALORANT) e acredito que a decisão (de migrar do Point Blank), apesar de brusca, foi leve. Nós confiamos no trabalho que a Riot vem desenvolvendo e apostamos no sucesso. Me sinto bem com o jogo, com o desenvolvimento da comunidade que estamos criando e com o apoio e investimento que o VALORANT vem recebendo”, completou Nyang.

Akemy, companheiro de xand na B4, deixou o CrossFire e também resolveu apostar no VALORANT por sentir-se desgostoso com o cenário que representava, assim como Shizue e murizzz, que deixaram o League of Legends e o Overwatch, respectivamente.

Eu estava desgostoso do jogo (CrossFire) e o VALORANT praticamente reacendeu algo que estava apagado. Eu sei que ainda está no começo, mas o esport tem potencial para ser o melhor FPS”, disse Akemy.

Shizue e as meninas da INTZ Angels

Foto: Reprodução/INTZ

Faltam muitas oportunidades no cenário feminino de League of Legends, e foi com certeza o que me fez migrar para o VALORANT, onde as coisas estão sendo bem diferentes, o que me deixou muito animada, apesar de nunca ter jogado um FPS antes”, comentou Shizue.

Naxy e mwzera, que deixaram o Fortnite e o Rainbow Six, respectivamente, não estavam descontentes nos seus respectivos cenários, e o que motivou a transição foi identificação com o jogo e “confiança à primeira vista” no trabalho da Riot Games.

Fortnite é um Battle Royale muito muito difícil, não era o meu estilo de jogo e exige demais do psicológico, fora que às vezes você depende muito de si mesmo e o jogo nem sempre te favorece. VALORANT é um jogo que eu amo, mais no estilo 5x5, um FPS que eu adoro e me sinto muito segura por estar no cenário, ele tem recebido um apoio incrível e estou muito feliz pela forma como o cenário está se desenvolvendo, pretendo ficar aqui por bastante tempo”, disse naxy.

Naxy deixou carreira promissora no Fortnite para focar no VALORANT

Foto: Reprodução

Eu tomei a decisão de mudar pelo VALORANT ser um jogo diferente de todos, só que com a mecânica tradicional dos demais FPS, e isso me agrada muito. Fora que é um jogo da Riot, a tendência é que o competitivo seja muito forte em todas as regiões”, falou mwzera, o jogador mais bem ranqueado do VALORANT no Brasil no Ato 2.

As inúmeras bagagens dos mais variados cenários

Nyang, xand e Akemy vieram de jogos parecidos e a experiência no cenário competitivo foi uma das coisas que trouxeram para o VALORANT.

Foram quase 10 anos jogando competitivamente em campeonatos presenciais e onlines, regionais e internacionais. Passamos por diversas dificuldades, já aprendemos com nossos erros e, portanto, quando surge uma adversidade conseguimos nos concentrar e encontrar uma solução”, comentou Nyang.

Acredito que a experiência e noção foram duas coisas que trouxe pra cá. Competi diversos anos no CS e mesmo o jogo da Riot sendo “completamente” novo, é possível adaptar diversos pontos”, acrescentou xand.

No tático, mwzera enxerga R6 e VALORANT na mesma pegada: No R6 você precisa se adaptar muito durante a partida e isso me ajudou muito para o VALORANT. As variedades táticas nos dois jogos são semelhantes e você precisa jogar muito em equipe para vencer”.

Shizue acredita que a mecânica do LoL, onde também é necessário reflexo na hora de usar as habilidades, agregou muito a ela no VALORANT, enquanto naxy, deixando de lado elementos do jogo, contou que trouxe a “confiança” que desenvolveu enquanto esteve no Fortnite.

O Fortnite me ajudou a entender que com muito esforço e trabalho duro eu posso conseguir tudo aquilo que eu quero, essa experiência me faz acreditar que indo pelo mesmo caminho no VALORANT eu também serei capaz de conquistar qualquer coisa”, exaltou naxy.

A miscigenação em prova no First Strike

Gamelanders, de Nyang e mwzera; B4, de xand e Akemy; e a paiN Gaming, de murizzz, estão entre as oito equipes que brigarão pelo título do First Strike, primeiro campeonato oficial da Riot Games. De acordo com um levantamento do VALORANT Zone, o Classificatório Fechado (que contou com 32 equipes) para o evento reuniu remanescentes de 17 modalidades diferentes: CS:GO, Point Blank, CrossFire, Fortnite, League of Legends, Overwatch, Rainbow Six, Black Squad, Battalion 1994, PUBG, Paladins, Assault Fire, Call of Duty, Combat Arms, TeamFight Tactics, Sudden Attack e Warface.

No Top 3, CS:GO lidera com 60% dos jogadores, seguido de Point Blank (8,75%) e CrossFire (6,25%).

Apesar de mais da metade dos times do Classificatório Fechado terem sido eliminados, oito avançaram o evento principal do First Strike, que acontecerá entre os dias 3 e 6 de dezembro, nos estúdios da Riot Games Brasil, em São Paulo. A competição conta com uma premiação total no valor de R$ 200 mil e teve mais detalhes revelados na última terça-feira (24).