NR: A matéria foi atualizada em 23/04 com o posicionamento das equipes a respeito da saída dos jogadores para a Coreia do Sul.

Em tempos de pandemia do coronavírus e risco alto de contágio da doença — que já infecta quase 800 mil pessoas e se aproxima de 40 mil mortes (dados da Organização Mundial de Saúde, ou OMS) —, a quarentena em casa é um dos principais métodos de evitar contato e, portanto, transmissão do COVID-19.

Isolados em seus alojamentos em São Paulo, os quatorze coreanos (entre comissão técnica e pro players) que disputam no Brasil o CBLoL e o Circuito Desafiante possuem um peso um pouco maior no coração e na cabeça: a distância de seus parentes na Coreia do Sul, uma das regiões mais afetadas pelo coronavírus — mas que, por outro lado, virou referência no combate à doença através de medidas de teste e isolamento da população.

Parang disputando o CBLoL 2020 pela KaBuM

Imagem: Riot Games Brasil

“Sempre tem o fator saudade quando falamos de nossas famílias e amigos”, diz Parang, Topo da KaBuM. “No entanto, temos que entender que acima disso, precisamos seguir todas as recomendações dos especialistas em saúde”, o que significa ficar no Brasil e começar a quarentena.

Já Rainbow, Meio do Santos, acena para os cuidados que as equipes de Esports têm tomado com seus jogadores. “Mesmo com nossa família lá, não poderíamos correr o risco de ir com o crescente risco da pandemia. Estamos sendo bem cuidados aqui pela nossa organização, e o mais seguro era ficar aqui pelo Brasil.”

Fora isso, o extenso período longe de casa não é novidade para jogadores coreanos, que são as principais importações de regiões competitivas de LoL: “Estamos acostumados a passar meses de preparação longe de casa, e nossas famílias se acostumaram com isso também”, comenta Wiz, Caçador da KaBuM. “Em momentos como o atual, procuramos nos comunicar com maior frequência com nossos familiares. E, com os recursos como chamadas por vídeo, é possível senti-los mais próximos.”

Luci foi campeão Brasileiro em 2019, ano que entrou no Flamengo

Imagem: Riot Games Brasil

É claro que, com isso, o contato familiar se intensificou. Como disse Patrick, em uma coletiva pós-CBLoL, sua família ficava acordada até de madrugada para vê-lo jogar pela Redemption. Distância é relativa para entes queridos. Felizmente, as famílias de todos os jogadores contactados se encontram bem e saudáveis.

“Felizmente, poucas pessoas contraíram a doença na região que minha família mora. Eles estão isolados e seguindo as recomendações do governo”, diz Luci, Suporte do FlamengoWoofe, Topo e companheiro rubro-negro acorda com o companheiro: “Com distanciamento e uso de máscaras, minha família também têm conseguido se manter saudável.”

Como apontado por especialistas, medidas como testes em massa da população e isolamento têm surtido grande efeito, assim como um efeito cultural da sociedade coreana: “É um hábito da população coreana utilizar máscaras e manter certo distanciamento”, opina JackPoT, Topo do Santos eSports. “Apesar de o país ser um grande foco, as medidas preventivas corretas estão sendo tomadas e seguidas, então não precisamos nos preocupar”.

JackPoT (foto) e seu compatriota Rainbow chegaram ao Santos em 2020

Imagem: Santos eSports

O cancelamento de campeonatos oficiais, que aos poucos voltam de maneira online, foram uma medida que trouxe grande repercussão ao redor do mundo, mas foi a decisão correta. Não só em esportes eletrônicos, mas a grande maioria dos esportes tradicionais também foram suspensos.

“Todo cuidado nunca é demais, e a coisa mais sensata diante do que estamos vivendo é cancelar eventos presenciais, para evitar a aglomeração de pessoas e também minimizar o deslocamento de profissionais envolvidos nas transmissões”, comenta JackPoT, que ressalta a diferença dos Esports. “No entanto, temos que reconhecer o nosso privilégio pela possibilidade de continuar nosso trabalho competindo remotamente”, algo que é impossível no futebol, basquete e outros esportes.

Mas não ter competições não significa que o trabalho parou. Nos últimos dois finais de semana, os jogadores coreanos se uniram para disputar o CBolão organizado por Baianoperdendo na primeira edição e conquistando a revanche no segundo. “O nosso foco durante este período é aproveitar para treinar, especialmente individualmente”, comenta Wiz.

SeongHwan (foto) e Key fazem parte da segunda geração de jogadores coreanos da paiN - Olleh e Lactea, em 2014, formam a primeira geração

Imagem: Riot Games Brasil

O momento atual do mundo é de consciência coletiva. Uma decisão de uma pessoa pode evitar uma corrente imensa de contágio, e as equipes e jogadores de esports estão fazendo sua parte para que superemos este momento.

“Assim como nossos companheiros brasileiros, eu, Key e Xero estamos tomando todos os cuidados necessários de acordo com as recomendações da Organização Mundial da Saúde e do Ministério da Saúde”, diz SeongHwan, Caçador da paiN Gaming.

Key, Suporte da paiN, completa o pensamento: “Este é um momento de respeito e resiliência com o próximo, redobrar os cuidados com a higiene para que a transmissão e propagação do coronavírus possa ser controlada o quanto antes é primordial. Ficamos felizes em ver que o cenário de LoL está se mobilizando e seguindo as recomendações das autoridades competentes".

Com o retorno de jogadores como Sky (RED Canids), BalKhan (Redemption) e Luci (Flamengo) para a Coreia do Sul, questionamos a paiN Gaming e Santos a respeito de seus jogadores estrangeiros. As equipes reafirmaram o comprometimento dos atletas com a agenda da equipe e reiteraram o foco nesta fase final do CBLoL e do Circuito Desafiante.