Campeã do Gigantes Free Fire 2020 e finalista da Free Fire Continental Series, o mundialito do jogo em 2020, a RED Canids foi rebaixada ao terminar na lanterna da LBFF 4 neste final de semana. Uma das equipes mais tradicionais no cenário de Free Fire dá adeus à elite da modalidade junto do Flamengo eSports, que também caiu.

O rebaixamento da RED Canids foi sinônimo de um mais do mesmo: uma equipe que, há muito tempo, não se reinventa, não poderia ter outro destino. Mudar faz bem, e a Matilha nunca mudou, nem mesmo quando se viu quase rebaixada na LBFF 1. 

Wanheda, que entrou após o desastre na primeira edição da Liga Brasileira, trouxe um estilo de jogo característico, muito trabalhado em posicionamento, e deu gás ao time: foram bem na C.O.P.A. Free Fire 2020, campeões continentais no Gigantes e fecharam o ano com um desempenho regular na LBFF 3 e na FFCS das Américas. 

Depois que a Garena mudou o formato de pontuação, que beneficia mais posicionamento do que abates, muitas expectativas foram geradas com relação a RED, e muitos torcedores acreditavam que o time manteria o alto nível do ano passado. Foram enganados. Estamos na maior região do Free Fire no mundo e um dos motivos pelos quais o Brasil é tão forte é justamente a reinvenção, menos do mesmo.

E a RED Canids foi mais do mesmo.

Imagem: Garena

As mudanças que deveriam ter sido feitas logo de início foram adiadas para a reta final do campeonato. Não era tarde, mas não adianta mudar e permanecer acomodado. A entrada de MMHATX na 12ª rodada, faltando mais seis para a definição da fase de pontos, movimentou o time, que conseguiu aparecer entre os destaques pela primeira vez na competição. Mas até mesmo nos bons momentos, a desgraça se fazia presente: a RED fez triplo BOOYAH! na primeira metade do dia, e na outra, conseguiu ser um desastre em todas as quedas. 

A última mudança foi já na rodada decisiva, faltando seis quedas para o término do campeonato. Apostando em combinações inéditas de jogadores e um estilo de jogo mais agressivo, a Matilha foi vítima do seu próprio comodismo e mesmo com os jogadores dizendo que tentaram… não pareceu o suficiente para convencer a torcida. O reflexo foi uma equipe sem vontade. 

Não tinham também amigos: todos os times que, em algum momento foram prejudicados pela RED, devolveram na mesma moeda na reta final da LBFF 4, em especial a LOUD, que na última etapa disputou a Série de Acesso. Claro, não foi culpa da RED, mas na época a Matilha quebrou a call (ou seja, caiu no mesmo lugar de propósito para eliminar os adversários logo no começo) da LOUD várias vezes e os atrapalhou de progredir no campeonato. A vingança neste ano foi um prato comido quentíssimo.

Até mesmo a Team Liquid entrou na onda: na C.O.P.A. FF, que aconteceu no meio do ano passado, a Cavalaria vivia um mau momento, e a RED fez questão de bater neles na época, evitando recuperações na tabela.

Nas redes sociais, não faltaram farpas. Cauan, campeão brasileiro pela SS e atual MVP da competição, tomou as dores da sua nova equipe e não perdoou.

No lado da Liquid, Lukas.TD e LUUKING relembraram a C.O.P.A. FF, e mvR, recém-chegado na Cavalaria, também entrou na onda.

Até a própria RED Canids se “divertiu” com o rebaixamento. As opiniões com relação às publicações da equipe durante as quedas dividiu opiniões, mas aí vai a minha: um baita acerto da equipe de comunicação, que não são responsáveis pelo que acontece dentro de jogo, nem pelo rendimento da equipe. Chorar não traria resultados ou menos frustração para a torcida. 

A queda para a Série B como um todo pode ser vista como benéfica para a equipe, que já fazia hora extra na elite. Não são jogadores ruins, levantaram um troféu continental juntos, mas o conjunto não roda mais na mesma página, fato. Os próximos passos da RED devem ser em direção a uma reformulação, de preferência apostando também em jogadores novos, promessas, bem como fez SS, Corinthians, Fluxo, Santos, entre outros grandes destaques da LBFF 4.


Gabriel Reis é jornalista de esports. Redator do The Enemy, apresentador do Canal Safe e Repórter da Liga NFA, Gabriel é especialista em Free Fire e está na cobertura do cenário há três anos. Você pode acompanhar mais dele em @reisgg_ nas redes sociais.