Depois de muito tempo acuada no meio e na parte de baixo da tabela, a FURIA resolveu entrar de cabeça no League of Legends e anunciou uma formação com nomes de muito peso para a próxima temporada do CBLOL. Em entrevista exclusiva ao The Enemy, Jaime Pádua, fundador da organização, falou sobre as motivações da FURIA com a contratação de um elenco mais competitivo, o que motivou o investimento e os planos para o futuro com fNb, Ranger, Envy, Netuno, RedBert e o técnico Maestro.

Confira as respostas:

O balanço dos primeiros anos da FURIA no cenário de LoL

“Durante esse período de chegada, a gente acabou apanhando mais do que gostaríamos, e chegou um momento em que a gente precisava dar um basta e começar tudo do zero, colocando a nossa cultura e filosofia em prática. Foram períodos turbulentos, de muitos aprendizados, mas não com o padrão FURIA que a gente gostaria, que é o que esperamos implementar agora a partir do próximo ano.”

O apoio da torcida

“De forma alguma [faltou apoio da torcida], acredito que a nossa torcida, independente dos resultados, ela sempre apoia, e nossos relatórios de audiência provam isso. A torcida esteve conosco em vários momentos, mesmo que tivéssemos um time muito abaixo tecnicamente. Se com um time assim nós éramos um dos principais líderes de audiência do campeonato, imagina agora com uma line-up forte e competitiva.

Os nossos torcedores nunca deixaram de apoiar, sempre acreditaram em nós, mas infelizmente não devolvemos do nosso lado em termos de contratação e projeto. Agora nós temos certeza que esses torcedores que sofreram com a gente nos últimos meses vão ter cada vez mais motivos para torcer pela FURIA e estamos muito felizes com isso.”

O aprendizado com a contratação de nomes como Edward e Diamondprox

“Sendo bem sincero, foi um período de aprendizado, mas a gente sabe que poderia ter sido melhor. Óbvio que a gente sempre tenta acertar, busca tomar as melhores decisões, mas querendo ou não, eu acredito que no cenário brasileiro de LoL existe uma escassez de talentos, e quanto a gente vai formar novos jogadores, treinadores, a categoria de base, não é como nas outras modalidades, os talentos levam mais tempo para serem formados.

É uma situação complicada porque são 10 times contratando e não existem necessariamente 10 jogadores de elite para cada posição, então às vezes você precisa importar ou antecipar a subida de um jogador do Academy, deixando ele em uma situação desconfortável. O cenário é mais limitado, então é preciso entrar de cabeça na briga pelos principais nomes, e foi o que fizemos.”

FURIA não poderia ser mais uma no LoL

“Quando o assunto é uma organização como a FURIA, você não pode entrar no League of Legends para brigar na parte de baixo da tabela, as pessoas esperam que o nosso time vai brigar pelo topo, e quando isso não acontece, a gente acaba frustrando patrocinadores, investidores, fãs e até mesmo os nossos colaboradores, e ficamos frustrados em relação a isso.

Mas como podemos mudar? Mesmo antes de existir o Academy no CBLOL, a FURIA tinha uma categoria de base, pensando a médio e longo prazo, mas a necessidade de bons resultados, de brigar pelo topo, não espera, e por isso nós precisávamos investir nos melhores jogadores, na melhor comissão técnica, na melhor infraestrutura, para que mais na frente consigamos colher bons resultados a curto e longo prazo, e assim trabalhar com todas as frentes.

A FURIA não pode se permitir entrar em um campeonato só como mais um time, temos responsabilidades com todas as pessoas envolvidas no projeto.”

O mercado está inflacionado?

“Acredito que sim, o mercado brasileiro está, de certa forma, inflacionado, mas é justamente por conta de terem 10 equipes contratado e não existirem 10 “top talents” para todas as equipes em todas as posições. Com isso, os times acabam pagando um pouco mais para ter os principais jogadores ou importar talentos de fora.

Por outro lado, a FURIA não precisou ser a equipe que mais pagou para ter os jogadores que ela queria para as próximas temporadas, porque desenvolvemos um projeto muito legal, uma filosofia de trabalho muito bacana e uma política de investimento trazendo uma comissão técnica forte, estrutura para os jogadores, bootcamp [o primeiro acontecerá ainda esse ano, em Katowice, na Polônia], etc., ou seja, tem todo um projeto que vai além do próximo CBLOL e isso nos permitiu contratar as melhores peças, mas sem o maior investimento financeiro.”

Trabalho a longo prazo

“A maioria dos contratos dos nossos jogadores são de no mínimo dois anos, porque a gente não quer ter que trabalhar, investir e daqui a seis meses ou um ano ter a mesma dor de cabeça que todo mundo normalmente tem. Nós gostamos de trabalhar a longo prazo, me incomoda muito essa visão de trabalho a curto prazo, e queremos trabalhar assim desde a base até o time principal, um trabalho inteligente, que vamos colher frutos e não criar problemas a cada janela de transferências.

É claro que nós economizamos bastante recursos com a contratação dos jogadores free agent, mas posso dizer com toda certeza que temos aqui todos os jogadores que queríamos ter e não seria um buyout que nos impediria de montar esse elenco. Nós estamos muito felizes com todos os nomes e se precisasse investir para ter todos eles, a FURIA investiria, independente da situação, como aconteceu com o Netuno.

Estamos bem confortáveis, entramos para a guerra, queremos colocar a metodologia da FURIA em prática, mostrar que nós somos uma organização de primeira linha e que vamos representar o Brasil da melhor maneira possível no LoL.”

FURIA quer fazer história de mãos dadas com o cenário

“Não queremos mudar a história do Brasil no LoL sozinhos, mas queremos fazer a nossa parte com muita qualidade, então o que depender da FURIA para investir em infraestrutura, jogadores, comissão técnica e oportunidades, a gente vai fazer, esperando inspirar as outras organizações a se moverem junto conosco para mudar a história do cenário brasileiro de uma vez por todas, porque ninguém aguenta ser saco de pancadas por muito tempo.”