
ESL
Por que 2019 foi um ano a se esquecer para a MIBR
Mudanças inesperadas no elenco e a falta de títulos assombraram a equipe
2019 foi o pior ano desde que a MIBR voltou ao cenário competitivo do Counter-Strike: Global Offensive. O time começou a temporada em uma narrativa de “reunir a família”, voltando a ter um elenco brasileiro com Epitácio “TACO” e João “felps” e trazendo novamente o técnico Wilton "zews".
Relações desgastadas e a falta de resultados desmancharam a line-up e deram início a uma série de trocas de jogadores. O resultado é um ano sem título e as esperanças depositadas no jovem argentino Ignacio “meyern” para o ano que vem.
Um bom Major e a esperança que não foi atendida

Por mais que pareça uma realidade distante, a MIBR começou o ano muito bem: semifinalistas no IEM Katowice, o primeiro Major de 2019, os brasileiros fizeram uma série apertadíssima contra a Astralis, que viria a ser campeã daquele torneio.
Era o primeiro campeonato de grande porte com a nova line-up, a mesma que já tinha ganhado quase tudo em 2017 antes de se desfazer. O resultado, portanto, era uma indicação de esperança para o futuro, de que o time iria funcionar bem.
O primeiro sinal de que as coisas não estavam tão boas, infelizmente, veio logo em seguida, nas finais da WESG. Franca favorita no evento, a MIBR caiu contra a Windigo, time que mal figura no topo CS:GO internacional.
A eliminação surpresa já emendou no grande fiasco do ano: a BLAST Pro Series de São Paulo era uma excelente oportunidade para reascender o time frente à torcida que lotou o Ginásio do Ibirapuera. O resultado foi totalmente o oposto, e a MIBR perdeu todos os jogos do torneio.
Incrivelmente, os campeonatos seguintes não foram tão ruins. Com exceção da StarSeries, a MIBR conseguiu buscar vagas nos playoffs e resultados aceitáveis - destaque para a terceira colocação no IEM Sydney.
Ainda assim, a pressão por títulos fez sua primeira vítima: felps deixou o time para ser substituído por Lucas “LUCAS1” Teles, que fez sua estreia no ESL One Cologne.
A campanha de estreia de LUCAS1 foi bem abaixo do esperado, com a bdeixando a competição ainda na fase de grupos. O torneio também viria a ser o último de Marcelo “coldzera” David, que ficou no banco da equipe por três meses.
Uma nova line
Sem coldzera, a MIBR se viu obrigada a jogar o StarLadder Berlin Major com o técnico Wilton “zews” completando a equipe. A equipe ainda conseguiu uma louvável vitória sobre a Ninjas in Pyjamas na estreia, mas caiu para ENCE, G2 e Na’Vi e foi eliminada.
Por mais que a saída de sua estrela tenha sido prejudicial para a MIBR, ela abria oportunidade para trazer um dos maiores talentos brasileiros: Vito “kNg” chegou para fechar um elenco renovado.
O sangue novo deu alguma motivação para o time, e toda uma narrativa de que a MIBR estava jogando mais feliz e solta foi criada. Os títulos seguiam em falta, mas não havia tanta preocupação: a adição de kNg, um AWPer nato, mudava muito o estilo de jogo que o capitão e também AWPer Gabriel “FalleN” teria se acostumado, então é comum que houvesse um período de adaptação.
Mais mudanças

Descontando qualificatórios, foram cinco torneios que o novo elenco com LUCAS1 e kNg disputou. Surpreendendo muita gente e mostrando, mais uma vez, o desespero por resultados, o jovem argentino Ignacio “meyern” foi anunciado para o lugar de LUCAS1.
De certa forma, faz sentido que meyern tenha entrado na equipe: o garoto possui a mira extremamente afiada e poderia fazer a mesma função de coldzera, sendo sempre o jogador com as melhores posições para conseguir eliminar adversários.
Ainda assim, é de se questionar o planejamento em longo prazo da MIBR: desde que a line-up da SK Gaming foi anunciada pela nova organização em 2017, a equipe já teve seis mudanças de elenco - e apenas uma taça levantada, na irrelevante Zotac Cup Masters.
Observando o Top 10 do HLTV, o site de CS:GO mais conceituado internacionalmente, é fácil perceber que essa rotação alta de jogadores não é comum. A toda poderosa Astralis segue com a mesma line-up desde fevereiro de 2018; nesse mesmo período, a Liquid fez apenas três mudanças em seu elenco, e essa é a tônica dos dez melhores times do mundo.
O futuro já está aqui
É muito claro que o grande objetivo da MIBR para 2020 é chegar forte no ESL One Rio, o primeiro Major de CS:GO no Brasil. A mentalidade da equipe e do setor administrativo deve estar focado nesse torneio desde que ele foi confirmado, já que mais um vexame em solo brasileiro não cairia nada bem.
No cenário atual, seria quase utópico esperar que o time brasileiro passe quase seis meses sem fazer nenhuma alteração. Ainda assim, é claro que insistir com meyern e kNg é a melhor solução para o ano que vem, mesmo que os troféus não estejam vindo. Vale lembrar, o primeiro título internacional de FalleN e cia. foi justamente no Major da MLG em Columbus.
Antes do campeonato mais importante do ano que vem, torneios de grande porte como BLAST Premier Series, IEM Katowice e outros que ainda devem ser anunciados, servirão como testes para a equipe, que precisa encontrar alguma estabilidade interna antes de cogitar voar alto novamente.
Ainda assim, é difícil para o torcedor manter as esperanças: 2019 foi marcado por uma instabilidade tremenda na MIBR, e a crença de que o time irá encontrar novamente a solidez está cada vez mais distante.