Buscando continuar o sucesso de 2017, os astros do Counter Strike: Global Offensive comandados por Gabriel “FalleN” Toledo encontraram uma parede dinamarquesa em 2018.

O ano foi ruim para a SK Gaming/MIBR? Longe disso, a line up terminou a temporada como a quarta melhor do mundo no HLTV.org mas a falta de grandes títulos pesa bastante no coração do torcedor brasileiro.

2018 começou com ares de otimismo. A SK Gaming havia acabado de bater a FaZe nas finais da ESL Pro League, levando o título do último grande campeonato do ano passado. No Major de Boston, o primeiro percalço: Ricardo “boltz” Prass não era elegível para jogar, e teve que ceder sua vaga para o antigo conhecido João “felps” Vasconcellos.

É difícil dizer que a SK decepcionou nesse torneio em específico: mesmo com um complete, a equipe chegou às semifinais do campeonato e perderam para a campeã Cloud9, que contava justamente com Jake “Stewie2K” Yip e Tarik “tarik” Celik em ótima fase.

A equipe chegou a se vingar na final da etapa norte-americana da WESG, vencendo a C9 por dois mapas a um, mas a partir daí as coisas começaram a desandar: terceiro lugar no cs_summit; eliminados prematuramente do IEM XII; desclassificados na fase de grupos da WESG.

A mídia e os torcedores tentavam encontrar um culpado, e a desgraça caiu sobre a cabeça de Epitácio “TACO” de Melo. Extremamente criticado, o jogador se despediu voluntariamente de seus companheiros, rumo à Team Liquid, e a chegada de Stewie2K para substituí-lo foi vista com otimismo - a jovem promessa demonstrava talento incrível, mas a barreira da linguagem era bastante alta.

Passando a se comunicar em inglês, os resultados da SK não melhoraram muito, e o time conseguiu vitórias apenas em campeonatos menores, derrotando equipes como AVANGAR e HellRaisers em preparação para o ESL One de Belo Horizonte, onde jogariam em casa.

Foi em BH que o segundo “culpado” teve os dedos claramente apontados a ele. Os jogadores estavam infelizes com a SK Gaming, como já havia pipocado nos bastidores, e passaram a demonstrar sua nova casa de maneira descarada: Marcelo “coldzera” David pichou o logo da Immortals após vencer um mapa, e Stewie2K usou a camisa da organização em outra partida.

Com a mudança para a tradicional tag da MIBR, a esperança encheu os torcedores novamente. Agora, tudo estaria certo: acostumados com o inglês e felizes com a organização que representavam, os brasileiros passariam a render, não é mesmo? Não dessa vez. Mais um culpado iria surgir.

Existiam boatos de que boltz não dominava o inglês, e suas atuações fracas em 2018 foram o suficiente para colocá-lo na reserva da MIBR, dando lugar a outro norte-americano: tarik. Logo depois, uma outra alteração, Ricardo “dead” Sinigaglia voltou a exercer apenas a função de Manager e deu lugar a Janko “YNk” Paunovic no comando técnico.

Janko começou bem, com um título em cima da Kinguin na ZOTAC Cup Masters. Com o novo coach, era notável que a MIBR havia melhorado em estratégia, mas o time ainda demonstrava muitas fraquezas contra adversários de grande porte, chegando a ser derrotada por 16x0 pela Astralis em pleno Major de Londres.

Uma classificação para a final da BLAST PRO Series em Istanbul, uma semana depois, parecia ter dado um novo fôlego aos jogadores: a MIBR fez um excelente jogo contra a Astralis, mas foi derrotada no terceiro mapa.

Uma BLAST PRO Series de Copenhagen sem vitórias e uma eliminação para a NRG no IEM de Chicago vieram, e a equipe deu seu último suspiro vencedor na ECS, onde foi derrotada na final - novamente, para a Astralis. Na ESL Pro League, um atropelo da Team Liquid foi a aparente gota d’água.

O time falhou em encontrar um culpado para sua falta de sucesso em 2018: TACO, a SK Gaming, boltz, nenhum deles era o problema. O planejamento da MIBR precisava ser refeito.

2019 será brasileiro?

No que depender da composição da lineup, é quase certo que sim. Antigamente rechaçado por seu baixo número de eliminações, TACO deve voltar aos seus velhos companheiros em um clima que o favorece bastante: o pernambucano vem de ótima passagem na Liquid, e recebeu muito carinho dos fãs em suas redes sociais desde a saída da SK.

Epitácio não vem sozinho: o técnico Wilton “zews” Prado também deve deixar a Liquid, que será a nova casa de Stewie2K.

O destino de tarik ainda é incerto, mas é muito difícil que o criticado americano siga na MIBR. Os bastidores já apontam que felps completará a lineup, mas nada está confirmado por enquanto.

Com felps, FalleN, coldzera, TACO e Fernando “fer” Alvarenga, a MIBR terá uma line que obteve bastante sucesso em 2017: foram seis títulos de alto nível antes de uma suposta relação desgastada começar a emergir.

À época, muito se falava sobre o estilo agressivo de felps em combinação com o de fer, que é mundialmente conhecido por seus rushes ousados. De fato, seus tipos de jogo não combinavam na época, mas acreditar que isso será válido novamente é desconsiderar um panorama maior.

Quando felps estava em sua lineup, a SK já não contava com zews em seu comando. O técnico foi substituído por dead, que tinha pouquíssima experiência no cargo. Durante esse período, e também na passagem de YNk, FalleN era quase um segundo coach da equipe, algo que ele não precisará mais exercer com a volta de zews.

O técnico é reconhecido mundialmente como um dos melhores em sua profissão, e poderá dar orientações mais certeiras a fer e felps, ao mesmo tempo que tira muita pressão dos ombros do Verdadeiro.

Outro fator que dá esperanças para 2019 é a maior rodagem de felps. O jogador passou bastante tempo na Não Tem Como e na INTZ - nessa última, foi destaque em torneios de alto nível ao lado de Vito “kNg” Viuseppe -, adquirindo mais experiência e conseguindo ser protagonista em uma line que não possui o mesmo nível da MIBR.

Mais experiente, o jogador também tem as estatísticas ao seu lado. Segundo o HLTV.org, felps atingiu o pico de seu rating em junho de 2018, e vem obtendo médias melhores até do que durante sua estadia na SK Gaming:

Infelizmente, o mesmo não pode ser dito de fer, que viu seu rating cair bastante desde abril de 2017, chegando em uma das médias mais baixas de sua carreira entre os dias 7 de março e 7 de junho deste ano. Curiosamente, o período coincide com a chegada de Stewie2K, outro player com estilo agressivo. Fer voltou a crescer nos meses seguintes, provavelmente por se acostumar aos poucos com o inglês, mas ainda está longe do seu auge entre o fim de 2016 e o começo de 2017:

É claro que as estatísticas não dizem tudo. O próprio TACO, que possui uma função mais tática, não possui um rating nas alturas como coldzera ou FalleN, mas não deixa de ser um excelente jogador. Por isso, é imprudente acreditar que felps é uma má opção apenas pelos problemas de 2017. É claro que muitos torcedores gostariam de ver Kaike “kscerato” Cerato em ação contra os melhores times do mundo, principalmente por trazer um ar de renovação, mas essa não é a realidade. Kscerato não sairá da FURIA no futuro próximo, como garantiu a organização.

As mudanças serão o suficiente para bater os dinamarqueses da Astralis? Ninguém pode dizer ao certo. Com um dos anos mais dominantes na história do Counter Strike, o time comandado por Lukas "gla1ve" Rossander chamou a atenção do mundo inteiro, e será excessivamente estudado por todos os adversários até o ano que vem - quem sabe suas fraquezas não serão finalmente expostas?

A MIBR será inteiramente Feita no Brasil em 2019, pela primeira vez desde seus primórdios na década passada. Não há mais desculpas para o time de FalleN: é a hora dos brasileiros mostrarem que merecem o reconhecimento do mundo inteiro.