Você já conheceu a história de Rato Feliz e os mais de 40 países visitados (caso contrário, corre aqui). Chegou a hora da Parte 2 desta entrevista, onde falamos apenas sobre Counter-Strike: Global Offensive (CS:GO) - desde o momento em que ele conheceu o game, até sua aparição no cenário e sucesso no RMR.

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Antes mesmo de conhecer o mundo e sua paixão por viagens, Rato Feliz já tinha outra paixão em sua vida: o CS:GO. Ele começou a jogar em 2002 nas lan houses e tinha até apoio do pai na época, que o buscava nos corujões.

Em um período próximo a este, Rato Feliz conheceu biguzera e a família do jogador, pois eram vizinhos. Primeiro ele ficou amigo do irmão mais velho do atleta da paiN, por conta do futebol, e depois se aproximou de todos por lá.

"A gente jogava CS direto em uma lan house em Niterói, a Planet Game. Eu jogava com o irmão do Biguzera, porque o próprio Bigu ainda era muito novinho e a mãe dele não o deixava ir para a lan house. Lembro até que instalamos o CS 1.6 no computador dele para ele jogar contra os BOTs e ali já dava para ver que ele tinha talento. Deixávamos ele sozinho contra 10 daqueles BOTs que eram os mais fortes e ele ganhava. Eu me impressionava na época e acredito que foi ali que ele começou a desenvolver uma habilidade boa no jogo."

Rato Feliz conta que o tempo apenas fortaleceu a amizade entre ele e biguzera, independente da distância. Era normal os dois se encontrarem dentro do game e jogarem juntos por diversas horas seguidas.

"Teve um período que a gente jogava muito na GC e o biguzera sempre matava 30, 40, até contra pro player", disse Rato Feliz. "Foi quando eu falei dele para outro amigo, o Draco, que se impressionou e o chamou para a FK Team. Na época ele até disse: 'Biguzera, você tem que vir pro nosso time, nem que seja no meu lugar'. A partir disso o Bigu começou a conhecer o pessoal do cenário, fez a No Org e depois foi para a paiN, onde está até hoje", completou.

Durante a pandemia, quando as viagens não eram mais possíveis para Rato Feliz, foi a vez de biguzera retribuir o amigo e pedir para que ele tentasse se aplicar para algum trabalho dentro da paiN Gaming. De acordo com o pro player, a organização precisava de alguém exatamente com o perfil dele: "Sabe dirigir, falar Inglês, é bem desenrolado e também ama CS".

Rato Feliz, no entanto, não acreditava que algo assim era possível. Até que as conversas se iniciaram a partir da própria paiN, que o convidou para acompanhar seu time de CS:GO durante o RMR das Américas, como uma espécie de trabalho freelancer.

"A paiN deixou claro para mim que o trabalho era para aquele campeonato. Talvez, com a classificação para o Major, poderia se estender. Era um teste mesmo", esclareceu Rato Feliz. "Mas depois de tudo o que aconteceu, o apoio de toda a galera da Tribo, a paiN disse que gostou muito do meu trabalho, que a torcida me abraçou, então eu seguiria na organização", seguiu.

Ele lembra com bom humor que chegou como um desconhecido e as pessoas perguntavam: "Você é o Rato? Feliz também? Tem que colocar o 'Feliz' mesmo?". Ainda assim, conquistar os fãs não demorou, principalmente pelo seu jeito diferente, sempre com trejeitos curiosos e bem inquieto. O hang loose então, esse não podia parar de jeito nenhum. Sobre isso, Rato explica:

"O double hang loose sempre foi uma coisa minha mesmo. Nem sei explicar direito. Quem visitar meu Instagram e ver até fotos antigas, vai ver que estou sempre fazendo esse sinal. Na hora dos jogos eu não podia falar com os jogadores e nem encostar neles, então o hang loose era uma forma de comemorar ou até extravasar. Já a coisa de ficar andando era mais para ver as telas dos jogadores que estavam vivos, para ficar ligado no que estava acontecendo e tentar contribuir nos pauses."

Foto: João Ferreira/PGL

Não só os fãs se identificaram com Rato Feliz, como também Gaules e mch, que estavam transmitindo as partidas: "Eu não sei exatamente o que o Gaules viu em mim, se ele gostou da minha energia, mas foi incrível. Também não sei se partiu exatamente dele, do mch, enfim, mas foi sensacional. Eu nunca vou esquecer do momento em que conversei com eles. São lendas. Foi com o próprio Gaules que aprendi a ter resiliência!", revelou.

O Manager da paiN Gaming admitiu que não esperava absolutamente nada disso. Ele explicou que sempre assistiu muito CS e nunca vê a câmera focar muito nos treinadores. Ele esperava que Gaules e companhia comentassem mais sobre o Nython, que era um atleta novo no time, biguzera que vinha muito bem, mas nunca imaginou que ele próprio fosse "o alvo".

Alvo, inclusive, da árbitra brasileira da PGL, Marcela, que apareceu algumas vezes na transmissão pedindo calma a Rato Feliz. Os momentos, sempre cômicos para quem assistia, também viralizaram na comunidade.

"Ela [Marcela] realmente me taxou bastante, acho que ficou mais no meu pé do que os outros admins", afirmou Rato Feliz rindo. "Não sei se é porque eu era brasileiro, então era mais fácil me dar esporro ou os outros tinham medo de mim porque me viam muito alterado… E depois que ela me taxou a primeira vez, só botaram ela direto com a gente!", seguiu dando mais risadas.

"Brincadeiras à parte, maior respeito por ela. Representando as mulheres nos esports e tudo mais, mandou muito bem. Acho que o que pegava mais com a Marcela eram os meus gritos. Eu não podia fazer isso, mas ela percebia que era natural, que é Major, então é muita emoção o tempo inteiro. Ela é super gente boa e eu entendo que ela estava fazendo o trabalho dela. Nas imagens dá para ver que eu não me chateei com ela nenhuma vez. Até pedi desculpa algumas vezes. Na hora foi tudo bem natural, mas reassistindo depois eu vi que ficou muito engraçado mesmo."

O RMR mudou a vida de Rato Feliz e hoje ele tem praticamente uma função dupla dentro da paiN: Manager de CS:GO e também influenciador. Nem ele conseguiu explicar exatamente tudo o que faz no dia a dia, mas tentou…

"Eu estou sempre resolvendo questões de viagem, logística, bootcamp, inscrição de campeonato e até do dia a dia com o time. Também costumo analisar demos para identificar coisas legais e passar isso para o time e o rikz", explicou sobre a função de Manager.

"Fora tudo isso, acho que atualmente me tornei uma espécie de elo entre a torcida e os jogadores, então tento coletar feedbacks para dentro e fora de jogo e passar para eles. Até porque, até outro dia eu era torcida e torcia para a paiN e para o meu amigo. Era e ainda sou uma mula do chat, então tem essa ligação”, disse agora explicando sobre a parte de influenciador. Mas também adicionou:

"Hoje, com 30 anos e já tendo visto de tudo, eu tenho uma cabeça melhor do que antes. Talvez, com essa mídia a mais, eu consiga educar os jovens, passar confiança... No momento eu sinto que tenho essa missão, que é influenciar as pessoas de forma positiva. Tanto no CS quanto na vida pessoal. Por exemplo, uma tecla que eu bato muito é para a galera aprender Inglês, pois abre muitas portas. Fez falta na minha vida e eu não quero que falte na de outras pessoas."

O próximo desafio de Rato Feliz e da paiN Gaming de CS:GO será a BLAST Premier Spring Finals 2022, entre 15 e 19 de junho. Os tradicionais são o único time brasileiro na competição e estreiam contra a forte FaZe Clan, às 6h (horário de Brasília). Não será fácil, mas a confiança continua alta.

"Eu confio muito nesse time, eles realmente jogam demais. Se acontecer de chegarmos na BLAST e fizermos uma boa competição, eu te digo agora que não será uma surpresa, pois acompanho eles o dia inteiro e vejo de perto o tanto de treino e esforço, mesmo longe da família, namorada, até filhas pequenas… É uma verdadeira missão estar aqui, mas encaramos como a oportunidade da nossa vida. E digo o mesmo para a ESL no México e também Cologne", falou Rato Feliz, mantendo confiança no seu elenco.

Para o futuro da paiN, Rato Feliz revela que o elenco está em busca de pelo menos um Top 15 antes das férias. Já o dele e do cenário, é seguinte:

"Acredito muito nos esports. Pra mim é o futuro, pois só tem a crescer. A minha ideia é mostrar o quão grande nós já somos e que podemos evoluir ainda mais, assim como faz o próprio Gaules. Ele começou com poucas pessoas o acompanhando e há pouco tempo tinha mais de 700 mil assistindo. Quando bater 1 milhão eu não vou me surpreender, pois ele, mch, bt0, Liminha e toda a Tribo estão trabalhando para isso. O que eu quero é contribuir em tudo isso, pois o CS é o jogo da minha vida e é ele que está dando sentindo nela agora", finalizou.