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“Foi difícil”, diz produtora sobre fazer série de TV de Halo, anunciada em 2013

Entrevistamos Kiki Wolfkill, produtora executiva de Halo, e falamos sobre desafios de produção, critérios de adaptação dos jogos e sobre a interferência da 343 Industries na série

Por Guilherme Dias 25.03.2022 18H54

A série de TV Halo já estreou seu primeiro episódio e, convidado pela Paramount+, o The Enemy teve a oportunidade viajar até o México e bater uma papo tanto com o protagonista do programa, Pablo Schreiber, quanto com a produtora executiva Kiki Wolfkill.

Eu perguntei a Wolfkill sobre o processo de adaptação dos jogos para a TV, sobre a demora do lançamento da série, entre outras coisas. Confira a entrevista abaixo:

Você vem trabalhando com a franquia Halo por mais de uma década, com Halo 4, The Master Chief Collection… E pelo últimos anos com transmídia relacionada a Halo. Como adaptar um universo tão ruim, com tantos jogos e livros, de uma forma que agrade fãs de longa data e ao mesmo tempo seja compreendida e apreciada por um novo público?

"Com um universo tão grande, nós temos um monte de histórias para contar. A adaptação dos games para o live-action é empolgante e divertida em termos criativos. 

O maior desafio é como você agrada cada um dos fãs de Halo que existem por aí. 

Isso é literalmente impossível, porque nós temos um público muito diverso. Algumas pessoas gostam disto, outras gostam daquilo… 

Acredito que a nossa abordagem foi: como podemos extrair as coisas que são a essência de Halo? Os pilares de esperança, heroísmo e humanidade, e a imaginação da ficção científica. 

Como ter certeza de que estamos expressando isso? Porque essa é a essência e é o que me faz ligada a Halo emocionalmente. 

E nós estamos contando uma história. Por isso, a série acontece por uma perspectiva única. Temos todas as outras histórias de Halo, mas essa é a história da série de TV. 

Nós queremos contar a história de um personagem e, naturalmente, isso é bem diferente de como nós contamos a história em um jogo.

É uma história sobre o Master Chief e mais importante ainda: é uma história sobre John. E sua evolução e sobre como ele cresce como personagem. 

A esperança é de que a série mostre um novo mundo maravilhoso para o novo público. E que eles aprendam quem é o Master Chief e o John. 

E para os fãs antigos, eu espero que eles consigam preservar sua compreensão do que é o Chief e entender o que é esta história aqui, enquanto nos deixam levá-los nessa jornada e contar essa história. 

Esperamos que eles possam abraçar a série pelo que ela é, aproveitando essa trama e esse mundo. E que eles saibam que eles ainda podem voltar ao seu próprio Chief no jogo."

Ouve-se sobre uma adaptação live-action de Halo desde 2005, com um filme que nunca aconteceu, e desde 2013 com o anúncio dessa série. Imagino que surgiram vários problemas de produção desde então, mas o que fez os astros se alinharem fazendo esse projeto sair desta vez?

"De 2013 até agora, a questão foi menos ligada a desafios de produção e mais ligada a encontrar as parcerias criativas certas. 

Nós tivemos muita sorte de conseguir trazer Steven Spielberg e sua produtora Amblin logo no início. 

E desde lá nós tivemos uma maravilhosa parceria para a fundação do projeto, para depois chegarmos ao Showtime… E depois nós gastamos um monte de tempo tentando entender como uma história focada em um personagem poderia ser. 

E assim que entramos em produção… É, foi difícil, porque o que estávamos fazendo era algo imenso. Foi realmente imenso fazer essa série. Aí veio a pandemia da covid. 

O que eu posso dizer sobre esse longo tempo de produção é que nós somos um time forjado pelo fogo agora. Nós saímos dessa experiência nos sentindo como se tivéssemos passado por muita coisa juntos. 

É uma equipe tão dedicada a respeitar Halo e os fãs, e agora que já temos uma 2ª temporada confirmada nós nos sentimos numa posição muito forte por tudo aquilo que passamos juntos na primeira."

Halo teve antes duas minisséries live-action: Forward Unto Dawn e Nightfall. Além do fato de que ambas eram ligadas à linha do tempo dos videogames, e essa nova série não é — está contando sua própria história —, quais são as principais diferenças entre essas produções anteriores e esta de agora?

"Eu acho que as séries anteriores, Forward Unto Dawn e Nightfall, eram um tipo história mais compacta em um espaço mais compacto. 

Com esta, a intenção é apresentar o universo de Halo para todo um novo público e trazer mais do universo para os fãs de Halo. 

Sem contar que são 9 horas de narrativa. Mais uma vez, o foco está na história do personagem. E por isso eu acho que o foco é muito diferente daquilo que nós fizemos antes. 

Além disso, o escopo e escala da produção foi exponencialmente maior. Mas o resumo é que nesta nova série nós quisemos trazer o universo de Halo à vida em vez de apenas um pedaço dele.

O quanto de interferência criativa a 343 Industries teve na série de TV? A maior parte das ideias veio dos showrunners ou da desenvolvedora do game?

"A gente trabalhou lado a lado com os showrunners. Para fazer isso, primeiramente nós estivemos com os especialistas do Spielberg e do Showtime e pessoas que sabem como criar experiências de entretenimento incríveis. E trouxemos os games e a franquia para contribuir. Então foi realmente uma parceria. 

A que queríamos era justamente essas vozes criativas, a visão desses criadores parceiros. Então nós trabalhamos muito juntos. A gente fazia um intensivão para eles entenderem a profundidade do universo de Halo e aí eles chegavam com ideias sobre o que queriam fazer. E nós quisemos que eles tivessem essa voz e essa autonomia. 

Não somos nós [da 343i] que estamos fazendo a série, mas estamos sendo parceiros e colaboradores com eles para criar a melhor série possível. Uma união da história deles com todos os elementos de Halo."  

Halo estreou no dia 24 de março na Paramount+ e terá nove episódios que vão ao ar semanalmente. Confira também nossa entrevista com o próprio Master Chief, Pablo Schreiber, que conta mais sobre como foi transpor o protagonistas dos jogos para a TV.