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Mulheres que falam de ciência são alvo de ódio maior que homens no YouTube

Pesquisadores compararam comentários na plataforma de vídeo

Por Victor Ferreira 18.07.2018 15H17

Um estudo dos pesquisadores de comunicação científica australianos Inoka Amarasekara e Will Grant, descobriu que, em geral, mulheres que falam sobre ciência em canais do YouTube costumam receber comentários ódio muito mais frequentemente do que homens.

“Há muita discussão sobre o YouTube ser um lugar desagradável para criadoras mulheres”, disse Amarasekara ao The New York Times. “Queria ver se isso afeta a comunicação de ciência no YouTube, e se era algo que poderia corroborar.”

A pesquisa reuniu 23.005 comentários no YouTube, com 14% sendo críticos a apresentadoras mulheres, comparado a apenas 6% de homens. Comentários sobre aparência também foram significativamente maiores, com 4,5% em relação a 1,4%.

“Eu fiquei bem desapontada ao terminar de ler todos [os comentários]”, disse. “Consegui entender porque pessoas não gostariam de estar no YouTube.”

Por outro lado, apresentadoras traziam mais comentários, curtidas e assinaturas por visualização do que homens, e até mesmo uma pequena porcentagem maior de comentários positivos em relação aos homens.

“O espaço de comentários para mulheres no YouTube parece ser mais volátil, tanto positiva quanto negativamente”, declarou o Dr. Grant.

Curiosamente, quando o estudo foi iniciado em 2015, apenas 32 dos 370 canais mais populares de ciência na plataforma tinham mulheres como apresentadoras, o que não trazia um apanhado significativo de comentários.

Sendo assim, a pesquisadora acabou incluindo mais 21 canais de uma lista compilada por Emily Graslie, apresentadora do The Brain Scoop e que já havia criticado publicamente a falta de mulheres na plataforma e seus motivos em um vídeo de 2013.

“A seção de comentários no YouTube simplesmente não é feita para conversas construtivas”, disse ela ao NYT. “Os comentários mais controversos parecer ser os que chegam ao topo.”