Mirando no 5G, Qualcomm quer nova geração de PCs sempre conectados

Novas máquinas com processador Snapdragon 835 focam na duração de bateria

Por Rafael Romer 05.12.2017 23H20

Após mais de dois anos desenvolvimento interno, a Qualcomm finalmente parece pronta para colocar em prática sua estratégia de trazer a plataforma Windows para os processadores Snapdragon. E a empresa parece bastante ambiciosa.

Durante a Snapdragon Tech Summit, iniciada nesta terça-feira (05), a companhia falou sobre planos que apontam para a criação de uma nova geração de PCs: ultrafinos, sempre conectados via redes móveis e com duração de bateria de múltiplos dias.

A estratégia é baseada na combinação do atual processador de topo de linha Snapdragon 835  – que deverá ser fortalecida pelo recém-anunciado Snapdragon 845 – com o Windows 10 S, versão “simplificada” do sistema operacional que permite a instalação apenas de aplicações da Microsoft Store.

A ideia parece querer aproximar PCs e notebooks do mundo dos smartphones, com máquinas mais ágeis e sem tempo de hibernação ou boot focadas, principalmente, em produtividade.

Mas mesmo que os primeiros dispositivos do tipo já tenham sido apresentados – o Asus NovaGo e o HP Envy x2 –, a nova família ainda pode demorar algum tempo para “pegar” entre consumidores.

A Qualcomm já está na frente em smartphones para 5G, ela quer cobrir todos os dispositivos, saindo na frente para 5G não só em celular, mas também em PC e 2-em-1”, avaliou Leonardo Munin, analista de mercado da IDC Brasil. ”Na hora que o ecossistema de 5G estiver implementado, a maioria dos dispositivos de início vão estar utilizando processador Qualcomm”.

Apostando em implementações de 5G já a partir e 2019, a Qualcomm tem trabalho em iniciativas junto a operadoras para preparar a chegada da tecnologia, que inclui o modem X50, primeiro a suportar o novo padrão de conectividade.

Pulando na frente com a oferta de modelos sempre conectados, a Qualcomm deseja já estar na frente quando a tendência embarcar em PCs.

Na era do 5G, como é que você conseguiria sequer pensar em um PC desconectado”, questionou Cristiano Amon, vice-presidente da Qualcomm. “Acho que estamos no caminho certo”.

Algumas questões, no entanto, ainda ficam no caminho da ambição da Qualcomm – e Microsoft  – neste mercado: fatores como a oferta ainda limitada de aplicações para o Windows 10 S e a percepção de consumidores sobre o desempenho destes dispositivos, que não oferecerão o mesmo nível de processamento de chips desktop, podem afetar a adoção deste tipo de gadget.

Em regiões como o Brasil, onde a grande maioria da população não tem a receita necessária para investir em múltiplos dispositivos conectados, a adoção dos PCs sempre online – que podem depender de planos de dados em parceria com operadoras – também pode ser lenta.

Com a chegada dos primeiros modelos no mercado e com sua expansão a partir do próximo ano, quando mais fabricantes, como a Lenovo, também devem revelar novidades, teremos as primeiras medidas de como a nova geração de PCs Snapdragon se portará no mercado.