MPF denuncia Glenn Greenwald em caso de hackeamento da Lava Jato

Procurador aponta que áudio de jornalista a suspeito de hackear autoridades aponta envolvimento de Greenwald no caso

Por Rafael Romer 21.01.2020 15H49

Jornalista e fundador do site The Intercept Brasil, Glenn Greenwald foi denunciado nesta terça-feira (21) pelo Ministério Público Federal em Brasília sob a acusação de estar envolvido no hackeamento de mensagens de autoridades como Sergio Moro, ministro da Justiça e Segurança Pública, e Deltan Dallagnol, coordenador da Lava a Jato.

Além de Greenwald, outras seis pessoas foram denunciadas no âmbito da Operação Spoofing. O episódio resultou na divulgação de diálogos da Lava Jato em uma série de reportagens da Folha de S. Paulo e do The Intercept Brasil. O jornalista, no entanto, não chegou a ser investigado pela Polícia Federal (PF).

Em agosto do ano passado, uma decisão provisória concedida pelo ministro Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal (STF), determinou que Greenwald não fosse investigado ou responsabilizado por receber, obter ou publicar informações de interesse jornalístico.

Assinada pelo procurador da República Wellington Divino de Oliveira, a denúncia afirma que Greenwald teria auxiliado, orientado e incentivado as atividades criminosas do grupo (via Agência Brasil).

Na decisão, o procurador afirma que um áudio em que o jornalista orienta a destruição de mensagens foi encontrado em um computador na casa de Luiz Henrique Molição, acusado de ser um dos hackers invasores de celulares de autoridades.

Para Divino de Oliveira, o áudio aponta "clara conduta de participação auxiliar no delito, buscando subverter a ideia de proteção à fonte jornalística em uma imunidade para orientação de criminosos”.

Em nota, a defesa de Greenwald se disse perplexa e acusou o expediente de "tosco". "Trata-se de um expediente tosco que visa desrespeitar a autoridade da medida cautelar concedida na Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental (ADPF) nº 601, do Supremo Tribunal Federal, para além de ferir a liberdade de imprensa e servir como instrumento de disputa política", indica a nota.