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Criador do Android foi acusado de assédio; Google escondeu o caso, diz site

Andy Rubin recebeu US$ 90 milhões ao sair da empresa

Por Breno Deolindo 25.10.2018 17H27

Em uma extensa reportagem, o New York Times afirma que Andy Rubin, o "pai" do Android e ex-funcionário do Google, esteve envolvido em um caso de assédio que foi escondido pela empresa.

Segundo o texto, a mulher, com a qual Rubin estaria mantendo uma relação extra-conjugal, havia sido coercida realizar sexo oral em um quarto de hotel, em 2013. O Google investigou as acusações e concluiu que elas eram críveis; segundo quatro fontes anônimas, Larry Page, que à época era chefe executivo da empresa, pediu que Rubin resignasse de seu posto.

De fato, Rubin se despediu da empresa em 2014, mas recebeu um tratamento excelente em sua saída: além de uma declaração pública de Page, exaltando seus feitos, ele recebeu uma premiação de US$ 90 milhões, que foram pagos em parcelas de US$ 2 milhões durante quatro anos.

O New York Times se aprofunda na cultura do Google acerca do assédio. De acordo com Eileen Naughton, vice-presidente de operações pessoais da empresa, "Nós investigamos e tomamos ações, incluindo demissões. Nos anos recentes, tomamos uma linha particularmente dura acima de comportamentos inadequados de pessoas em posição de autoridade".

Entretanto, o jornal refuta essa declaração: "Quando o Google encobre assédios, ele contribui para um ambiente onde as pessoas não se sentem seguras ao denunciar esse comportamento", afirma Liz Fong-Jones, engenheira da empresa. Ela complementa dizendo que as mulheres temem perder seu emprego, enquanto os homens ganharão ainda mais dinheiro.

Um caso específico citado pela reportagem é o de Richard DeVaul, diretor do Google X, que entrevistou Star Simpson para uma vaga de emprego em 2013. Simpson relata que o diretor contou que participava de um casamento poliamoroso, e a convidou para o festival Burning Man.

Simpson foi ao festival usando roupas formais, dignas de um ambiente de trabalho, mas chegando lá, ela conta que DeVaul pediu que ela tirasse a camiseta e fizesse uma massagem em suas costas. Ela recusou o pedido, fazendo apenas uma massagem no pescoço. Algumas semanas depois, o Google a contatou dizendo que ela não tinha conseguido o emprego, sem explicar o motivo.

A reportagem ainda cita uma variedade de outros casos. Confira o texto completo (em inglês) aqui.

ATUALIZADO: Um e-mail enviado aos funcionários do Google por Eileen Naughton e pelo CEO Sundar Pichai defende a gigante da tecnologia, citando os avanços no combate ao assédio. A mensagem foi fornecida ao The Enemy por um porta-voz da empresa:

"Nos últimos anos, fizemos uma série de mudanças, incluindo uma linha cada vez mais rígida na conduta inadequada de pessoas em posições de autoridade: nos últimos dois anos, 48 pessoas foram demitidas por assédio sexual, incluindo 13 que eram gerentes seniores e acima. Nenhum desses indivíduos recebeu um pacote de saída", afirma o e-mail.

O texto também conta que o Google fornece canais anônimos para que seus funcionários denunciem assédios e outros comportamentos inadequados.

Por fim, o CEO afirma que todos os vice-presidentes e vice-presidentes seniores são obrigados a relatar qualquer relacionamento com colegas de trabalho, independente do cargo ou da presença de conflitos.