A gente começa falando de algo não tão nocivo, mas bem esquisito. Em fevereiro de 2011, a Bethesda fez uma manobra muito maluca pra promover seu jogo The Elder Scrolls V: Skyrim. Ela prometeu que daria um suprimento vitalício de jogos para qualquer pessoa cujo filho fosse nascer no dia 11 de novembro de 2011 (11/11/11) — que era o dia do lançamento do jogo — e registrasse essa criança "Dovahkiin", que é o nome do protagonista de Skyrim.

Acredite se quiser, mas um casal doido topou. Eric e Megan Kellermeyer registraram o filho nascido naquele dia de "Dovahkiin Tom Kellermeyer", foram parabenizados publicamente pela Bethesda e receberam a recompensa. A mãe contou em uma entrevista, anos depois, que os trolls da internet não perdoaram, mas que eles mesmos gostaram de quão único o nome é e o próprio filho também gosta.

Por mais maluco que pareça, a publicadora Acclaim já tinha tentado fazer algo parecido em 2002 com Turok: Evolution, mas aí era focado em adultos que mudassem seu nome legalmente para “Turok” durante um ano. A recompensa seria: 800 dólares, um console e um monte de games. Foi descoberto recentemente que as supostas cinco pessoas que tinham mudado seu nome eram na verdade atores pagos.

Para promover o lançamento de Resident Evil 6, em setembro de 2012, a Capcom contratou a artista culinária Sharon Baker e transformou um açougue comum de Londres em um açougue de carne humana. Por dois dias, foram vendidos lá membros e cabeças feitas de carne de animais simulando partes mutiladas humanas. O dinheiro arrecadado dessa campanha foi depois doado para caridade.

É claro que, acontecendo em um lugar onde todo mundo podia ver, com vitrine e tudo mais, o choque foi geral, mas apesar disso não houve uma grande revolta popular, apenas muita gente enojada.

Antes da desenvolvedora IO Interactive se tornar independente, era a Square Enix que publicava a série Hitman. E aconteceu que, durante a promoção do jogo Absolution, em 2012, a Square criou um aplicativo que determinava quais dos seus amigos do Facebook iriam ser "assassinados".

"Hire Hitman", que seria algo como "Contrate um Assassino", deixava o usuário escolher de uma lista vários aspectos absurdos pra identificar esse "alvo", que no caso era um contato do seu Facebook. Sente o nível das descrições: as orelhonas, as pernas peludas, as tatuagens feitas, as tetinhas pequenas, a piroquinha pequena… Essas eram escolhas reais do app para você descrever o seu amigo na brincadeira.

Houve tanta confusão que o aplicativo foi tirado do ar apenas horas depois do lançamento e a Square teve que emitir um comunicado pedindo desculpas.

Aparentemente, o pessoal de marketing da EA pensou: “Dante’s Inferno é um jogo sobre inferno, satanás, vamos fazer um negócio muito pecador, botar umas gostosa, zoar os crente” e foram um bocado desastrados com essa ideia.

Primeiro eles botaram um monte de manifestante contratado na frente do Los Angeles Convention Center, durante a E3 2009, com cartazes chamando a EA de “anticristo” e protestando contra o lançamento do game. A intenção era fazer eles se passarem por religiosos fundamentalistas que costumam contestar publicamente coisas de temática demoníaca, tentar criar uma polêmica artificial sobre o game e assim fazer uma moral com a galera jovem mais metida a subversiva. Acabou que ninguém foi enganado e todo o mundo achou ridículo.

Depois, eles colocaram duas promoters para tirar fotos sexys com participantes da Comic-Con, e quem tirasse a foto “mais pecadora” ganharia um jantar e passaria uma noite com as duas mulheres. Deu ruim, obviamente. Mesmo em 2009, quando as discussões sobre objetificar mulheres no meio geek ainda alcançavam um grupo menor de pessoas, a coisa já foi considerada escandalosa. A EA se desculpou pela ideia idiota depois, explicando que passar a noite com as duas mulheres não se tratava de sexo e, sim, curtir uma noite na cidade com tudo pago.

Em maio de 2007, a revista oficial da PlayStation no Reino Unido falou sobre um certo evento para a imprensa europeia, feito em Atenas, para divulgar God of War 2, que chocou muita gente e foi parar até na mídia mainstream.

Para tentar fazer a coisa parecer meio brutal, assim como na Grécia Antiga, a festa era temática. Havia mulheres fazendo topless, dando uvinha na boca dos convidados, e desafios incomuns — como mexer em cobras vivas e arremessar facas. O problema é que em um desses desafios tinha um bode de verdade morto em cima mesa e os convidados tinham que comer os supostos miúdos dele em uma tigela. Não eram exatamente os intestinos do bicho e, sim, um prato feito para parecer que era de verdade.

Só que assim que a descrição do que rolou foi publicada, a repercussão foi muito negativa e a Sony teve que pedir desculpas, explicar que nenhuma entranha de animal de verdade foi oferecida para a imprensa e que o que os jornalistas comeram foi uma receita grega de sopa de carne. A empresa ainda declarou que a reportagem da revista sensacionalizou demais o que rolou, se focando apenas em meros detalhes que não representavam o evento como um todo. Aí, a Sony tirou de circulação cerca de 80 mil cópias da revista PlayStation para editar essa parte do evento. No fim, eles declararam que botar um bode morto na festa foi uma ideia de mau gosto da parte deles e pediram desculpas.

Qual a melhor forma de promover um game de corrida senão encorajando infrações de trânsito, não é mesmo? A publicadora Acclaim já fez muito marketing estúpido de games, mas o de Burnout 2 talvez tenha sido o mais nocivo. A empresa ofereceu pagar as multas de trânsito de qualquer pessoa que fosse pega ultrapassando o limite de velocidade no dia 11 de outubro de 2002, que era o dia do lançamento do game na Europa. E é claro que isso não pegou bem.

O governo britânico considerou a campanha como irresponsável e acusou a Acclaim de estar encorajando motoristas a quebrarem a lei e a colocarem outras pessoas em risco. Aí, a empresa fez um comunicado dizendo que a intenção era só aliviar um pouco da dor financeira das pessoas que foram multadas.

E o nosso primeiro lugar fica para uma ideia horrorosa — no aspecto de sensibilidade humana e também noções básicas da área de propaganda. Em 2006, a Sony ainda tinha espaço no mercado de consoles portáteis com o PSP e estava lançando uma versão do aparelho na cor branca. Acontece que os responsáveis pela empresa na Holanda, na época, não eram muito brilhantes e aprovaram a seguinte campanha.

Foram publicadas na internet, em outdoors e em vários lugares fotos de uma modelo branca, vestida de branco e peruca branca, dominando uma modelo negra, vestida de preto. O slogan era "PSP: o Branco está vindo". A polêmica foi instantânea. A coisa foi parar em jornal da mídia mainstream, a campanha foi acusada de racismo e a Sony Europa teve de correr para tirar tudo de circulação.

Na sequência, veio uma declaração da empresa bem meia boca dizendo que eles apenas pretendiam mostrar o contraste entre as duas cores do aparelho e que viram a controvérsia se espalhando por países onde a campanha não seria aplicada. Puxa, mas quem diria que algo assim poderia ser ofensivo para muita gente não é mesmo? Ah, meu Deus…