Bruno Sutter faz história como 3º melhor do mundo em Enduro

Conversamos com o Detonator sobre seu lado gamer

Por Diego Lima 10.03.2022 19H13

Hermes e Renato. Massacration. Detonator. Bem Que Se Kiss. A carreira de Bruno Sutter é marcada por projetos icônicos do entretenimento brasileiro. Aliás, como se isso não fosse o bastante, ele acabou de se tornar o terceiro melhor jogador de Enduro do mundo. Sim! Enduro, aquele jogo de corrida maravilhoso do saudoso Atari.  

O The Enemy teve a oportunidade de conversar com Sutter sobre esse recorde histórico, que coloca o Brasil no top 3 do ranking mundial de um dos jogos mais lendários do Atari.

Sutter e o Atari

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"Eu ganhei meu Atari quando eu tinha oito anos. Inclusive, é o mesmo Atari [até hoje]", disse Sutter em entrevista ao The Enemy. "Eu sou um cara que me apego muito às coisas que me marcaram, assim como a minha coleção de discos de vinil, que eu não me disfiz. Quando os CDs vieram, eu mantive os meus discos e tudo. E foi assim com meu Atari."

Bruno até teve um Nintendinho (NES) por certo tempo, console no qual se apegou bastante a Super Mario Bros. 3. Contudo, o console da Big N ficou no passado. A paixão que se manteve foi, nitidamente, o Atari. Especificamente, por causa de Enduro.

O console clássico, que, praticamente, deu início à cultura de consoles de mesa existente hoje em dia, foi encontrado por Sutter enquanto ele redecorava a própria casa. Ele descobriu que o Atari ainda funcionava perfeitamente e decidiu voltar ao inesquecível Enduro, da Activision.

"Eu fiquei curioso para saber até quanto o Enduro vai", contou. "A maioria dos jogos de Atari são iguais à vida. Né? O Atari é o videogame mais real, cara. Porque só acaba quando tu morre. Então, não tem essa coisa de fechar o jogo e acabou. É igual a vida. É até onde você consegue ir. É até o máximo que você consegue ir."

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Em um vídeo encontrado no YouTube, Bruno Sutter descobriu a existência do Twin Galaxies, site especializado em recordes da indústria dos jogos. Lá, ele encontrou os recordes mundiais de Enduro e descobriu que, no top 3, existia um jogador que havia feito 21 voltas (ciclos de dia e noite) em Enduro. Sutter viu uma oportunidade.

"No carnaval, agora, não teve carnaval mesmo, eu fiquei treinando e consegui o terceiro tempo. Aí eu gravei, tudo bonitinho, mandei pro Twin Galaxies, eles aceitaram o meu envio e, hoje em dia, eu sou o terceiro do Enduro", afirmou.

O procedimento para ter um recorde aceito pelo Twin Galaxies não é tão simples. Você precisa gravar a partida completa e usar o equipamento original — no caso, um Atari original em vez de um emulador, que estaria sujeito a modificações no código do jogo, por exemplo.

"Pode ser uma coisa boba, mas tem uma carga emocional, afetiva mó grande", disse. Aliás, por mais incrível que pareça a conquista do terceiro lugar mundial no ranking de Enduro, Sutter afirmou que não foi daquelas pessoas que permaneceu jogando por anos e anos. Ele passou um bom tempo distante do Atari.

"Eu fiquei sem jogar Atari por mais de 20 anos", contou. "Eu lembro que eu jogava Atari, poxa, até os meus doze anos. Aí, depois, ele ficou dentro da caixa. Aí, veio a música. Aí, eu comecei a cantar. Aí, veio o Hermes e Renato. Aí, eu casei. E aí, só depois... Só agora, em 2020, que eu peguei, tirei a poeira e botei tudo aqui na sala."

Das corridas digitais às corridas reais

Tão grande quanto a paixão de Bruno Sutter pelos jogos do Atari, assim como pelo console em si, é a paixão por pilotar. Durante nossa conversa, ele mencionou que, além da carreira como músico (Detonator), ator e radialista (Kiss FM), também passou a disputar corridas de kart na vida real.

"Eu sempre gostei muito de coisa de corrida, de velocidade, hoje em dia eu sou piloto de kart", disse, para a minha surpresa. "No mês passado, eu cheguei a liderar por 11 voltas as 500 milhas de kart profissional. É aquele evento que tem o Rubinho Barrichello, que tem o Tony Kanaan, que tem todos eles. A gente fez uma equipe da Kiss FM, com um kart nosso, e eu liderei 11 voltas."

Já faz três anos que Sutter é piloto profissional de kart. Inclusive, ele diz que, quando decide "fazer uma parada, ferrou." Então, "se eu entrar nesse universo de games, cara, eu não vou ter vida. Eu vou parar de viver."

Se ele um dia também vai bater recordes nas pistas do mundo real, ainda não sabemos. Contudo, é evidente o carinho que ele sente pelo esporte. Aliás, cheguei a perguntar se ele jogou os famosos jogos da série Need for Speed: Underground, uma das mais amadas por jogadores do mundo inteiro, mas fui surpreendido com uma negativa.

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"Nunca consegui lidar muito bem com essa coisa de três dimensões no videogame", contou. "Eu comecei a acompanhar mais o universo gamer quando o Detonator começou a fazer as parcerias. Tanto com a Level Up quanto com Smite, com Heavy Metal Machines e, agora, que eu tô pra fechar um trabalho com PUBG Mobile, como Detonator também. Mas são coisas musicais."

Essas parcerias musicais foram o suficiente para levar Sutter ao redor do mundo como Detonator, fazendo participações em eventos de algumas das principais franquias da indústria — incluindo Fortnite, por exemplo. Ele até mesmo concedeu entrevistas para veículos de outros países como o personagem que surgiu como vocalista da antiga banda Massacration e, agora, está em carreira solo.

Inclusive, a carreira do Detonator, que Bruno Sutter trata como uma pessoa à parte, parece ir muito bem. Em breve, um EP com três músicas dedicadas ao universo dos jogos será lançada — isso depois do já conhecido single Heavy Metal Fatality, que é focado em personagens de Mortal Kombat executando fatalities no Funk Ostentação e no Sertanejo Universitário.

"Eu vou fazer o relançamento dessa música nesse EP, uma música em homenagem aos gamers e essa música que é um projeto com o PUBG Mobile, que em breve vai sair", contou.

Agora, a luta é outra

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Conquistar o terceiro lugar mundial de Enduro não foi o suficiente para Bruno Sutter.

Em nossa entrevista, ele prometeu que vai buscar o primeiro lugar. Levando em consideração quão tranquilo foi bater o terceiro, tudo parece possível.

É bem provável que um brasileiro se torne o melhor jogador de Enduro do mundo. Um brasileiro que também já é conhecido por projetos do nível de Hermes e Renato e Massacration.

"Eu não pretendo. Eu vou conseguir", disse com firmeza durante a entrevista. "Eu dei uma treinada anteontem e já estava na décima quarta volta, estava indo bem, só que acabou a memória do celular. Você tem que mandar o vídeo inteiro pros caras, senão... Dá pra conseguir. Dá pra conseguir."