Last Oasis: ousado MMO polonês aposta em talento brasileiro no time de produção
Experiente com jogos indies brasileiros, Lucas Stannis foge de crise no Brasil com projeto na Polônia
Faz apenas duas semanas que Lucas Stannis chegou à Polônia para trabalhar no estúdio Donkey Crew, mas a vaga dele na equipe já estava garantida desde o final de 2018.
Com ampla experiência em desenvolvimento de jogos indies no Brasil (trabalhou com estúdios como Cat Nigiri e Garage 227) e também como professor na área, Lucas viu no país europeu uma oportunidade para fugir da crise de falta de empregos que assola o Brasil nos últimos anos.
Na real, foi a Polônia que viu ele primeiro. Lucas conta que em visita a amigos e eventos no exterior acabou conhecendo o pessoal do estúdio novato da cidade de Wroclaw.
"Não vim procurando emprego, mas acabei conhecendo a galera em uma festa, fizemos amizade e me chamaram para conhecer a empresa. Organizei meus planos, fui lá e com pouco tempo de conversa um dos donos já me ofereceu o emprego", explica ele ao The Enemy durante o Digital Dragons, um dos principais eventos de games indies da Europa que aconteceu nos últimos dias 27 e 28 de junho em Cracóvia, na Polônia.
Atualmente, a Donkey Crew trabalha em Last Oasis, um ousado MMO com elementos de sobrevivência que destaca o aspecto nômade da aventura: os jogadores controlam bases móveis feitas de madeira que podem ser ampliadas e ficam andando com enormes pernas esqueléticas.
De tempos em tempos, o mapa do jogo é renovado, obrigando os usuários a procurarem novos lugares com recursos para coletar. Além disso, será possível também enfrentar outras bases móveis, resultando em combates que parecem uma mistura de Mad Max com Máquinas Mortais.
O jogo ainda não tem data de lançamento definida, mas a previsão é de que ainda em 2019 esteja disponível em Acesso Antecipado no PC. Vale notar, a Donkey Crew está com várias outras vagas abertas no estúdio.
Lucas chega ao projeto como um dos produtores do game, mas também com a responsabilidade de apresentá-lo em eventos para a indústria e público. A princípio, ele veio para ficar e não tem planos de voltar tão cedo para o Brasil - afinal, o próprio Last Oasis ainda não tem data para sair e há muito trabalho pela frente -, mas tem apoio da família e namorada na decisão.
Apesar de a Polônia estar longe de ser um dos maiores mercados de games do planeta - estatísticas divulgadas em 2018 pela empresa de análise de mercado Newzoo colocam o país em 24º lugar, com valor estimado de 2,2 bilhões de reais -, trata-se de um ambiente extremamente favorável para o desenvolvimento de jogos, especialmente com o mercado internacional em vista.
A mão de obra na Polônia já tem um custo médio menor do que muitos países na Europa e há uma série de iniciativas do governo e da própria União Europeia que incentivam a produção de jogos, desde financiamento para a criação de protótipos, organização de game jams até expedições para visitar eventos internacionais.
Por conta destes e outros fatores vimos nas duas últimas décadas a ascensão de estúdios como CD Projekt Red, Techland e CI Games, seguida nos anos mais recentes pela proliferação de estúdios indies, como a 11 Bit Studios, de Frostpunk e This War of Mine.
* O jornalista viajou a convite da organização do Digital Dragons