Stray: Gatos no escritório, realismo e a criação do “jogo de gatinho”

Ao The Enemy, Martin-Raget detalhou como os felinos do estúdio impactaram a criação do protagonista

Por Isadora Basile 09.08.2022 16H55

O recém lançado Stray, desenvolvido pela BlueTwelve Studio, trouxe um novo patamar de representação de gatos nos games. Os amantes de felinos que jogaram o título podem comprovar o realismo que o estúdio imprimiu no jogo, trazendo uma jornada inesquecível em que é possível miar, arranhar tapetes e sofás e se sentir pequeno e um mundo devastado.

Reprodução: BlueTwelve/Annapurna

O The Enemy teve a oportunidade de entrevistar o produtor de Stray, Swann Martin-Raget, que nos contou um pouco mais sobre o processo de criação do jogo – que traz não somente um protagonista apaixonante, como também um mundo vasto a ser explorado pelo jogador.

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Gatinhos no escritório e a criação do protagonista

Reprodução: BlueTwelve/Annapurna

Apesar de entregar muito mais do que apenas um gato fofo, é inegável que Stray se tornou popular graças ao seu protagonista sem nome. O gato é retratado de uma forma fiel e realista, trazendo uma boa imersão quando o assunto é se sentir um felino em meio a um mundo pós-apocalíptico. Com diversas mecânicas características dos felinos, como arranhar tapetes e mobílias, derrubar itens de superfícies altas e fazer carinho nas pernas dos robôs, Stray é um jogo com jogabilidade e história autênticas.

Para recriar o felino da forma mais fiel possível, desenvolvedores amantes de gatinhos foram uma peça-chave. “Cerca de 80% da nossa equipe é composta por donos de gatos – ou os gatos são donos deles”, brinca o produtor. 

Durante o processo de desenvolvimento, inspiração e criatividade não faltaram para o time da BlueTwelve Studio, visto que dois felinos moram no escritório. “Somos muito apaixonados por esse animal, inclusive temos dois gatos no escritório, trabalhando conosco todos os dias. Temos o Jun, que é um gato preto, e também o Oscar, que é um Sphynx, um gato com uma aparência bem interessante. Eles estão conosco no estúdio todos os dias, são muito amigáveis e definitivamente uma fonte de inspiração para os movimentos [do protagonista]”.

Um mundo de robôs

Reprodução: BlueTwelve/Annapurna

Durante a jornada, temos contato com diversos robôs que nos são apresentados como criaturas que, surpreendentemente, vivem um cotidiano bem similar ao dos seres humanos. Atividades como beber no bar com amigos e regar plantas são cotidianas para os habitantes robóticos do mundo de Stray.

De acordo com Swann, a ideia dos robôs veio a calhar por ser financeiramente caro recriar humanos de maneira fiel, o que rendeu uma sociedade inteira de robôs muito simpáticos. 

“Assim que colocamos robôs nas cenas que estávamos fazendo, isso abriu muitas portas para a nossa criatividade. Todas as questões que isso levanta, como onde estão os humanos, qual é a história dos robôs... É algo que adicionou um contraste interessante, com o gato sendo um pequeno ser vivo e os robôs sendo tão angulares e menos vivos, de certa forma” declarou Swann.

Reprodução: BlueTwelve/Annapurna

O idioma próprio de Stray é uma das questões mais densas e interessantes do game. Com até mesmo um alfabeto próprio, a língua representa um dos maiores e mais claros exemplos da densidade do universo que nos foi apresentado. 

“Foi algo muito interessante de se trabalhar. Criamos um alfabeto inteiro, com seus próprios caracteres e letras, que seria a língua que os robôs desenvolveram com o passar do tempo. Eles estão em uma situação em que os humanos não estão mais aqui e, por isso, os robôs têm o seu próprio entendimento do mundo e do que é estar vivo”, disse o produtor. 

O idioma foi tão apreciado pelo público que vários jogadores tentaram decifrá-lo – e alguns deles conseguiram: "É algo impressionante para nós, estou super feliz com isso”, comenta Swann.

Design de som

Reprodução: BlueTwelve/Annapurna

Um último ponto inegável de Stray é a qualidade de seu design de som. Vemos exemplos da qualidade do trabalho em momentos que vão desde a fala dos robôs, os “miaus” do protagonista, até a trilha sonora com foco em lo-fi que proporciona momentos relaxantes durante a jornada.

O destaque especial vai para os sons do próprio gato, algo muito presente no jogo, já que temos a liberdade de miar por horas a fio se quisermos. O realismo da representação criada pelo estúdio se mostra também nesse quesito. 

“Tivemos várias fontes diferentes para o som do animal. Fizemos diversos testes e protótipos para encontrar algo que fosse realista e também variado, porque é uma função que os jogadores têm usado muito, e ela é bem realista na minha opinião.”

Reprodução: BlueTwelve/Annapurna

Essa questão leva a uma das melhores partes de Stray: o fato de que os gatos da vida real interagem com o protagonista – ou, no mínimo, procuram de onde está vindo o som. Inúmeros vídeos de felinos reagindo à Stray tomaram conta da internet após o lançamento do game, e os próprios desenvolvedores tiveram uma experiência similar durante a produção. 

“Tivemos várias fontes diferentes e diversos felinos que gravamos [para o game], mas algo que foi muito interessante para nós durante o desenvolvimento foi quando os gatos do escritório começaram a reagir ao que estava acontecendo na tela. Foi aí que vimos que estávamos na direção certa”, conta Swann.

Com cerca de quatro horas de duração, Stray traz diversos elementos divertidos e bem trabalhados que proporcionam uma jornada inesquecível em diferentes aspectos. O jogo está disponível para PS4, PS5 e PC, também como parte do catálogo disponibilizado para assinantes dos planos Extra e Deluxe do novo PS Plus.