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Review: Katana Zero

Ação intensa, pixel art e synthwave em um legítimo herdeiro do legado de Hotline Miami

Por Claudio Prandoni 23.04.2019 15H11

Katana Zero é um desses jogos especiais que surgem de tempos em tempos. Aliás, um tipo de produção especial que a produtora Devolver é cada vez mais perita em descobrir.

Em parte, o jogo apresenta um lado técnico impecável, com controles precisos e divertidos complementados por trilha sonora e gráficos envolventes.

Melhor ainda, Katana Zero combina isso tudo com uma narrativa fragmentada, violenta e experimental, com doses de mistério e confusão que se amarram de forma visceral à jogabilidade.

Todas essas são características também dos episódios hipnotizantes de Hotline Miami. Katana Zero revive tudo isso de forma renovada e refinada, colocando-se como um digno herdeiro do legado de Hotline.

Você controla um espadachim com ares de samurai chamado apenas de Dragão em uma espécie de futuro noir com leves traços cyberpunk.

Cada fase é composta por pequenas áreas em que o objetivo é sempre derrotar todos os inimigos para poder avançar.

A arte se apoia em um trabalho maravilhoso de pixel art, extremamente detalhado e com animações fluidas como pouco se vê. Por sua vez, a trilha sonora aposta forte em um eletrônico ao estilo synthwave, que reforça o caráter intenso da ação.

Tal qual em Hotline Miami, cada estágio é praticamente um quebra-cabeça onde as habilidades do herói surgem como peças para resolver o enigma.

O Dragão é capaz de rebater tiros com a espada, rolar para evitar ataques e até diminuir o fluxo do tempo para planejar movimentos com mais tranquilidade. O poder de controlar o tempo é parte integrante também da trama, servindo de base para todos os mistérios de Katana Zero.

Apesar da dificuldade alta em algumas fases, o estímulo para tentar de novo é imediato já que o Dragão 'rebobina' a cena quase instantaneamente para o começo do trecho em questão.

É difícil largar o controle, seja pelo prazer de controlar o espadachim e dar cabo dos desafios, seja para continuar acompanhando a história, que traz novos mistérios na mesma medida em que resolve outras dúvidas.

No final, não importa tanto o desfecho do roteiro, mas sim os caminhos trilhados para chegar ali e o prazer que isso proporciona, ainda mais no período atual em que muitos dos grandes jogos de ação optam por histórias contadas em detalhes de forma linear, sem muito espaço para surpresas e reflexões.

Nota do crítico