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Review: Fe

Uma aventura cheia de originalidade, mas com potencial desperdiçado

Por Claudio Prandoni 26.02.2018 11H00

Depois do sucesso do simpático Unravel, a produtora Electronic Arts decidiu investir mais em produções de estúdios menores e propostas pouco convencionais a ponto de criar um selo para isso: o EA Originals, revelado durante a E3 2017.

O primeiro game da linha é Fe, que parece traduzir bem as virtudes e desafios do selo. Trata-se de uma aventura de visual provocante e mecânicas fofas, mas que sofre com falta de profundidade e polimento.

O protagonista é um bichinho com traços genéricos, como um focinho de raposa e grandes orelhas redondas - que lembra bastante o Stitch, da Disney.

A princípio, a criatura se comunica com a flora e fauna do ambiente por meio de canto. Ao longo do caminho, é possível aprender outros cantos para interagir com o ambiente, assim como habilidades para explorar áreas diferentes.

Cantar é a principal forma de interagir com outras criaturas em Fe

Divulgação

Ao final do jogo, tarefa que exige cerca de 5 a 6 horas, o pequeno herói pode escalar árvores, planar como se tivesse asas e cantar para usar flores que serve de trampolim ou abrir caminho por meio de barreiras de cogumelos, só para citar alguns poucos exemplos.

Os embates contra inimigos são tensos e muito repetitivos

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Fe chama atenção de cara pelo visual, com tons escuros e gráficos 'quadrados', como se fossem modelos tridimensionais de poucos polígonos. O estilo é bonito e distinto, mas nem sempre é o mais prático.

A falta de variedade de cores em alguns momentos e o estilo quase sempre igual torna fácil se perder pelo mapa do game, cheio de áreas conectadas. Confesso que em muitas partes eu explorei mais utilizando o prático mapa 2D que o jogo tem como referência na tela do que andando pelo cenário em si.

Falta variedade também nos desafios encontrados pelo caminho. Os padrões de quebra-cabeças se repetem demais, assim como os trechos em o objetivo é ser sorrateiro e não ser avistado por certos inimigos. O encanto da descoberta de todos esses momentos no início da aventura foi substituído por tédio ao final da jornada.

Como incentivo para ir até o final e explorar todos os cantinhos está uma história cativante, ainda que confusa. Fe trata claramente de ecologia e como todos os elementos convivem em equilíbrio - e o quão fácil e perigoso é destruir isso.

As interações entre o protagonista e outras criaturas e plantas é de derreter o coração, especialmente pelos diferentes cantos. Além disso, há dezenas de cristais espalhados pelo cenário que servem para abrir novas habilidades (algumas até que não são essenciais para terminar o jogo) e também pinturas que dão mais pistas sobre o enredo e o mundo onde tudo acontece.

Fe apresenta uma proposta extremamente original e promissora, mas que se perde na execução de muitos elementos. Sorte que se trata de uma experiência curta, que acaba justamente pouco antes de esgotar toda a graça.

É um começo satisfatório para o selo 'indie' da Electronic Arts, mas que ainda pode (e precisa) crescer muito para bater de frente com outras produções.

Fe está disponível para PlayStation 4, Xbox One, Nintendo Switch e PC. O teste foi realizado em um PS4 convencional. Clique no nome da plataforma para ver o preço do jogo em sua versão digital.

Nota do crítico