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Após 11 anos em limbo, Six Days in Fallujah ressurge com lançamento para 2021

Game retrata a Segunda Batalha de Fallujah pela perspectiva de soldados americanos

Por Victor Ferreira 11.02.2021 15H22

Mais de uma década após seu cancelamento original, o jogo de tiro Six Days in Fallujah, baseado em eventos da Guerra do Iraque, ressurgiu nesta quinta (11), agora com previsão de lançamento ainda para o ano de 2021.

O game, que originalmente seria distribuído pela Konami em 2009, acabou sendo cancelado pela publisher após críticas tanto de defensores quanto críticos das ações das forças militares dos EUA durante a Segunda Batalha de Fallujah, não encontrando uma nova empresa para sua publicação.

Agora, o game será de responsabilidade da publisher Victura, chefiada por Peter Tamte, antigo CEO do estúdio Atomic Games, desenvolvedora original do título. A nova versão de Six Days in Fallujah será criada pelo estúdio Highwire Games, com versões para PC e consoles.

"É difícil entender o que realmente acontece em combate por meio de pessoas falsas fazendo coisas falas em lugares falsos", diz um pronunciamento de Tamte sobre o jogo. "Essa geração demonstrou sacrifício e coragem no Iraque tão impressionante quanto qualquer outra na história. E agora eles oferecem a nós uma nova forma de entender um dos eventos mais importantes de nosso século. É hora de desafiar velhos estereótipos sobre o que videogames podem ser."

Six Days in Fallujah, como o nome indica, retrata 6 dias de combate na Segunda Batalha de Fallujah, que ocorreu entre 7 de novembro e 23 de dezembro de 2004, durante a primeira fase da Guerra do Iraque.

O game será retratado pela perspectiva de fuzileiros navais dos EUA, misturando gameplay com depoimentos de soldados americanos que participaram da batalha contra insurgentes, milícias lideradas pelo terrorista
Abu Musab al-Zarqawi, e ex-membros do partido Baath, de Saddam Hussein.

Originalmente o projeto foi fortemente criticado por diversos lados, tanto por defensores da ação militar dos EUA por desrespeito à memória dos soldados mortos, e por críticos anti-guerra por relativizar as mortes e crimes sofridos pela população de Fallujah.

"O massacre causado por forças americanas e britânicas em Fallujah em 2004 está entre os piores crimes de guerra feitos em uma guerra ilegal e imoral", declarou Tansy E. Hoskins, do movimento Stop the War Coalition ao site Tech Radar em 2009. "É estimado que até 1 mil civis morreram no bombardeio e invasões casa a casa por tropas invasoras. Tantas pessoas morreram em Fallujah que o estádio de futebol da cidade teve que ser transformado em um cemitério para lidar com todos os corpos."

"Não há nada para celebrar na morte de pessoas resistindo uma ocupação injusta e sangrenta. Fazer um jogo sobre um crime de guerra e capitalizar nas mortes e feridas de milhares é doentio."

Highwire Games/Divulgação

As forças armadas dos EUA foram acusadas de uso de armas químicas como fósforo branco contra insurgentes e civis durante o combate. Não só isso, taxas de mortalidade infantil e câncer cresceram significativamente em Fallujah anos após as batalhas, com o principal suspeito desse aumento sendo munições de urânio enriquecido usados pelos americanos.

Mesmo com o novo anúncio, quase 20 anos depois da batalha, o projeto ainda recebe críticas, incluindo como possível ferramenta de exaltação e recrutamento para as forças armadas, que teve forte queda nos últimos tempos, ao mostrar a luta pela perspectiva dos soldados dos EUA.

O analista Daniel Ahmad também nota que Tamte e a empresa Destineer, que tinha a Atomic Games como subsidiária, trabalharam em simuladores para o FBI e a CIA, com o nome um tanto suspeito de "Judgmental Shooter Simulator".

Por enquanto, o game ainda não tem uma data de lançamento definida além de 2021.