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Acessibilidade: Adicione legendas em suas lives, por favor

Deveria ser natural pensarmos em acessibilidade na indústria de jogos

Por Julia Macalossi 24.02.2022 15H12

Acessibilidade. Uma palavra que (ainda) ouvimos pouco por aí na indústria dos jogos. E, se pensarmos que essa indústria é uma das mais lucrativas do mundo e continua crescendo cada vez mais, estamos muito atrasados com a inclusão que é necessária.

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Acontece que, segundo a 8º edição da Pesquisa Game Brasil (PGB), 72% da população do país afirma jogar jogos eletrônicos. E não só isso: com a pandemia, 60,9% do público afirmou ter consumido mais conteúdo relacionado a jogos.

E agora, mais do que nunca, é necessário considerar e aplicar recursos de acessibilidade nos jogos digitais. E sim, existem dificuldades específicas para levar em consideração, mas é de extrema importância atendê-las.

Existem exemplos de empresas que já fazem esse tipo de inclusão em seus jogos e são bem vistas pela comunidade, como a Ubisoft, por exemplo, que fez uma parceria com a Descriptive Video Works para criar áudios descritos em jogos como Assassin’s Creed Valhalla e outros. 

Além dos jogos

Não só nos jogos: criar jogos é difícil, sim, todos sabemos, mas empresas e desenvolvedores precisam entender que acessibilidade precisa ser parte do processo como um todo, e não pensado apenas em segundo lugar ou como parte de algo pedido.

Existe (muito) mais além disso.

O consumo de streamings (de Netflix à lives de jogos) aumentou consideravelmente em todo o mundo desde o começo da pandemia. Até mesmo marcas entraram na moda da live para tentar garantir uma aproximação com seus consumidores nesse período de isolamento.

E, no mundo dos jogos, as lives são algo que estão muito presentes também. Diversos streamers, inclusive, utilizam suas lives em sites de streaming como a Twitch.TV como fonte principal de renda (essa é outra discussão, mas pra depois).

O público que utiliza sites de streaming de jogos como usuário — para assistir e se divertir — é gigantesco, mas alguns deles sofrem um pouco por ter pouca opção ou quase nenhuma de acompanhar as lives.

Para nós, ouvintes, a opção de acrescentar legendas nas lives pode não parecer tão útil, mas é aí que precisamos sentir e praticar a empatia para com pessoas que precisam deste recurso para conseguir acompanhar seu streamer favorito.

Não são só os streamers e criadores de conteúdo que são pessoas com deficiência que devem pensar em acessibilidade: todos devemos. Não é só um surdo legendar a stream que ele faz para que outros surdos possam assistir, é uma pessoa ouvinte legendar porque quer incluir todos.

A streamer Mila Ayleen enviou um tweet para Casimiro, grande streamer na plataforma da Twitch, pedindo para que ele adicionasse legendas em suas lives porque gostaria muito de acompanhá-las, mas é surda.

A mesma, inclusive, possui alguns tutoriais de como adicionar legendas na stream por diversos meios: OBS, Streamlabs, plugins e outros. São tutoriais fáceis e muito bem explicados e podem ser encontrados aqui.

O tweet da Mila tomou proporções grandes e alcançou o streamer Casimiro, que, segundo ela comentou em outra publicação, irá adicionar as legendas nas lives.

E isso pode ficar de lição para todos os criadores de conteúdo, sejam grandes ou pequenos: incluam acessibilidade em suas lives e conteúdos. É prazeroso ver que seu ídolo se importa com a inclusão e utiliza maneiras de fazer isso dar certo, além de divulgar ações como essa para que todos também possam repeti-la.

Não espere que alguém peça para você incluir recursos de acessibilidade em seu conteúdo, live, jogo ou qualquer outra coisa: faça. Faça por você e pela inclusão de milhares de pessoas que sofrem com a falta de conteúdo, espaço e empatia por aí.

Como eu já mencionei em um artigo aqui no The Enemy falando sobre acessibilidade nos jogos e porque ela é importante: “A acessibilidade significa destruir e evitar barreiras desnecessárias que impedem que pessoas com deficiência acessem e aproveitem algum título.