Há quem diga que battle royale é tudo igual, seja Fortnite, Free Fire ou Apex Legends. Mas será que é mesmo possível uma pessoa sem habilidades em um jogo dessa modalidade ficar boa depois de treinar por meses em outro game jogado em uma plataforma diferente? 

Este texto é focado em duas experiências pessoais muito diferentes com Free Fire, o game para celular da Garena. Por incrível que pareça, meses treinando em Fortnite me prepararam para conquistar 3 Booyah em dois dias jogando Free Fire... Ou foi o que senti. 

Conhecendo jogos de tiro

No começo dos anos 2000, cheguei a jogar um pouco de CS, mas o estilo não me cativou. Portanto, acabei me afastando de jogos online de tiro por muitos anos. Em 2012, entrei para o mundo de League of Legends — e o MOBA foi, por muito tempo, o único esporte eletrônico que eu acompanhava e jogava.

Decidi me aventurar pelo mundo de Free Fire em 2019, quando aconteceu o grande boom competitivo. Naquele ano, aconteceu o primeiro Free Fire World Series, no Rio de Janeiro, e o Corinthians se tornou o primeiro campeão mundial da modalidade. 

Na época, eu ainda tinha na cabeça que jogos competitivos de tiro não eram para mim. Inclusive, era uma impressão absolutamente correta. Eu não consegui me adaptar aos controles touch (que falta me fazia um botão físico) e à telinha do celular. Assim, acabei desistindo em poucas partidas.

A virada de chave

A pandemia chegou e, com mais tempo livre (além de certa exaustão de LoL), comecei a jogar Fortnite no PC. Construção não era exatamente meu forte nesse jogo da Epic Games, mas ganhar algumas partidas na base do tiro me deu certa confiança. 

Não nego que é muito legal ver geral construindo o Taj Mahal em segundos. E, obviamente, uma boa mira é fundamental para derrubar esses arquitetos instantâneos. Fiquei melhor do que eu imaginava no game focando só em aprimorar minhas habilidades de tiro, antes mesmo de Fortnite ganhar o modo sem construção.

Nas últimas semanas, resolvi dar uma segunda chance para Free Fire e fiquei surpresa com o resultado, pois foi totalmente diferente. Essa nova tentativa foi muito mais tranquila.

De lá para cá, eu já tinha jogado bastante Wild Rift, o LoL de celular, e me adaptado um pouco melhor aos controles no celular... Será que isso ajudou um pouco? WR é um MOBA e, portanto, traz mecânicas de jogo completamente diferentes. Ainda assim, a experiência parece ter contado bastante.

O que me deixou realmente impressionada, na segunda tentativa, foi que eu estava treinando mira no PC jogando o battle royale da Epic. De alguma forma, essa habilidade se transferiu para eu acertar mais fácil os inimigos em Free Fire. Ou talvez fosse uma questão de me sentir mais segura competindo pelo celular após ganhar experiência com outros jogos mobile. Assim, em dois dias jogando solo, eu já tinha feito 3 Booyah. Até que está bom, né? 

Muito mais do que a mira

Afinal, como mandar bem e vencer em um battle royale como Free Fire? Bom, não tenho um segredo que vá salvar todos os jogadores, mas algumas dicas básicas podem ajudar bastante os iniciantes. 

É óbvio que saber mirar é fundamental em jogos de tiro. Ainda assim, é importante destacar que conquistar um Booyah exige mais do que isso.

Cair longe das zonas mais cobiçadas para poder se armar bem e com tranquilidade sempre será uma opção segura. Vale aqui destacar que, se você assistiu o filme Jogos Vorazes, essa é a primeira e uma das mais importantes dicas de sobrevivência que Haymitch dá para Katniss e Peeta. Sim, eu estava revendo os filmes esses dias.

Evite correr em campo aberto sem um plano. A prioridade é se armar, buscar munição, colete e kit médico (não economize, o kit está ali para ser usado sempre que a vida cair pelo menos 1/4).

Use o ambiente como cobertura sempre que possível, porque assim o esconderijo é muito mais discreto. Paredes de gel são só para emergências. Uma casa, um arbusto e outras coisas que já estão no ambiente são ideais, porque você provavelmente verá o inimigo antes que ele veja você — e esse mesmo princípio serve também para locais altos.

Tente usar sempre fones de ouvido para jogar, porque todo som é importante. Seja um tiro disparado de muito longe ou o som de passos se aproximando, você precisa estar ciente de tudo o que acontece ao redor do personagem para não ser pego de surpresa e morrer. 

Eu sei que é óbvio, mas, mesmo assim, tem gente que cai nesta cilada: não espere o último segundo para entrar na zona de segurança. É muito comum os jogadores novatos perderem a noção do tempo buscando loot ou trocando tiros. Quando a zona segura começa a diminuir, é preciso correr para se manter no círculo e se aproveitar da posição mais vantajosa possível para eliminar os atrasados. 

Por fim, se tudo der errado, não tenha medo de fugir para se curar, pegar mais munição e voltar para a briga depois. Corra fazendo zigue-zague e pulando para dificultar a vida de quem está atirando em você e busque abrigo longe daquele local. Nem sempre é possível levar a melhor na trocação, mas é importante perceber o momento de parar e recuar para ser possível voltar ainda mais forte.

Com essas dicas em mente, é hora de jogar. Certo? Então, aproveite que Free Fire tem um monte de jogadores e caia na porrada com todos eles. Vai dar tudo certo.