League of Legends | Mãe de Kami vai à BGS de cosplay e concede entrevista
A mãe do jogador Gabriel "Kami" Bohm, da paiN Gaming, participou da BGS com um cosplay da campeã Lux
Durante a Brasil Game Show, no dia 12 de outubro, nós do Omelete encontramos uma cosplayer inusitada de Lux, campeã de League of Legends. A cosplayer em si era ninguém menos senão Sandra Bohm, a mãe do jogador Gabriel "Kami" Bohm da equipe brasileira paiN Gaming, que acabou de participar do Campeonato Mundial do jogo em Paris, na França.
Para saber mais sobre como é ter um filho cyberatleta, entrevistamos Sandra e falamos um pouco sobre o desempenho de Kami no Mundial. Veja:
BGS-Sandra-Bohm
Qual é a sua relação com o Kami, tratando ele como filho e também atleta?
Ultimamente está bem difícil, ele tem uma agenda bem corrida, consigo ficar muito pouco tempo com o Gabriel. Só quando eu venho mesmo a São Paulo e o encontro nos eventos. Às vezes janto com ele, mas sinto muita falta.
Como vocês fazem para suprimir essa falta?
A gente se fala praticamente todo dia, mas mesmo assim... Ele é meu o único filho, sempre esteve comigo e de repente saiu e ficou muito tempo fora. Ele vai uma vez por ano me visitar. Então venho, participo de todos os eventos para poder ficar perto e criei o cosplay em homenagem a ele para ter essa proximidade com os fãs também.
Qual a dificuldade da criação com essa distância?
Eu me preocupo muito, mas ao mesmo tempo fico tranquila. O Kami é bem adulto, aprendeu a se virar e como viaja muito, eu sei que ele se vira bem sozinho. A preocupação sempre existe, ele saiu de uma cidade mais tranquila que é Florianópolis para viver em uma cidade grande como São Paulo. Mas ele se adaptou bem, pelo que parece.
Você pensa em se mudar pra ficar perto do Kami?
Eu penso mas eu tenho meu trabalho em Florianópolis e por enquanto não tem como. Daqui a 5 anos talvez, se ele ainda estiver morando em São Paulo.
Como você vê o futuro dele como jogador?
Acho que o Gabriel vai continuar porque ele gosta, é a profissão dele, ele escolheu isso como profissão. Ele gosta muito, está focado nisso, então acho que vai seguir e continuar por um longo tempo, acredito. Se parar de jogar, ele vai continuar trabalhando no cenário nessa área.
Você se preocupa com a falta de uma faculdade nos estudos dele?
Me preocupa, tanto é que quando ele veio morar em São Paulo, eu batalhei muito para ele não parar de estudar. Ele concluiu o segundo grau, mas a graduação agora vai esperar um pouco, porque não tem como conciliar em função das viagens que são muitas em um só ano. Mas eu tenho certeza que ele recupera isso logo mais no futuro. Ele é muito inteligente, vai conseguir ainda fazer a graduação que quiser, ele tem vontade de estudar matemática ou na área de engenharia. Por enquanto ele está focado no jogo e eu apóio porque sei que ele gosta e todo mundo fala que ele é bom nisso e nós acreditamos nisso. Agora participou no mundial, acredito que ele vai jogar ainda alguns anos e eu vou ficar longe por enquanto, só na saudade.
No começo da jornada dele como jogador, você o apoiou?
Eu me preocupava mas ao mesmo tempo ficava tranquila dele ficar muito tempo no computador. Como criei ele sozinha, enquanto ele estava jogando, estava dentro de casa. Eu ficava trabalhando então tinha medo dele ficar na rua, sair em más companhias. Sempre ficava tranquila quando ele queria alguma coisa do jogo como uma placa de vídeo melhor, uma CPU... Eu comprava pra ele permanecer dentro de casa - eu preferia, meio que apoiava mesmo. Depois, quando ele começou a jogar mesmo e falou que teria que vir a São Paulo participar de um jogo eu me surpreendi. Nunca tinha saído de casa e de repente tem que ir pra São Paulo. Ele foi descoberto online mesmo, acharam ele jogando e daí ele veio para São Paulo participar de um campeonato e nunca mais parou, logo já foi pra Europa pra jogar. Já está assim há 3 anos. Quando ele veio para São Paulo, só tinha 16 anos. Imagina uma mãe ficar sozinha, deixar o filho sozinho com 16 anos em São Paulo! Foi bem tenso no início mas depois eu vim conhecer a casa que ele estava morando e aí ficou mais fácil
Como as pessoas que já conheciam você e o Kami, como familiares por exemplo, entendem o posto dele como jogador?
As pessoas não entendem muito, ainda quando ele jogava em casa também me cobravam, principalmente a família. Falavam que ele ficava muito no computador, mas ele conseguiu estudar e conciliar os estudos. Eu só ficava preocupada mesmo dele não conseguir estudar, acordar para ir à escola, mas ele conseguiu até o fim do segundo grau. Agora é esperar para ver o próximo passo.
Qual o recado que você gostaria de dar para as mães que têm filhos começando no cenário competitivo?
Eu tenho que dizer que entendo a preocupação delas, eu também tive essa preocupação! Mas aquele negócio: você tem que ficar acompanhando, tem que ver o que tá acontecendo, se está conseguindo estudar na escola, procura saber se o jogo não está atrapalhando os estudos... Porque é uma profissão que nem todos conseguem. Por exemplo, jogadores de futebol mesmo, existem mães que colocam o filho numa escolinha, gastam horrores para investir na carreira e simplesmente não conseguem. No jogo é a mesma coisa: tem uns que vão conseguir e outros que não conseguem mesmo jogando muito bem. Não pode deixar prejudicar os estudos, acho que estudar é fundamental. Claro, estou feliz porque o Kami está bem, mas poderia também não ter dado certo; então eu ficava sempre falando dos estudos em primeiro lugar.
Você está orgulhosa dele depois do Mundial?
Tenho muito orgulho dele. Acompanhei todos os jogos da fase de grupos, fiquei feliz porque eu sei que eles lutaram até o fim e deram tudo que eles podiam. Eles queriam muito, era o sonho do meu filho, foi o objetivo que ele alcançou: participar do mundial. Apesar de não ter passado da fase de grupos, e não ter ido além, o Kami está feliz porque conseguiu participar.
Como você vê o cenário brasileiro?
Não tem mesmo como competir, lá fora o pessoal está muito à frente. Precisa treinar muito. Mesmo eles treinando muito, ainda não é o suficiente. Precisa batalhar muito para chegar, porque o eSporte aqui no Brasil, esse cenário de vídeogames, ainda não é reconhecido no país. Apesar das pessoas acharem que está muito na mídia, está muito bem mas falta muito ainda falta patrocínio, bastante investimento. Não é como futebol, mas eu fico feliz que eles participaram, o Kami está muito feliz. Fico triste por ficar longe nessa distância mas é o sonho dele então ele está correndo atrás, e eu sei que ele vai querer participar de outros mundiais pela frente. Ele é muito querido, gosto muito dele e isso me conforta de certa forma.
O que você faria caso ele fosse convidado pra um time fora do Brasil?
Eu ficaria feliz porque acho que lá ele seria mais valorizado e poderia usar poderia mostrar mais seu trabalho. Apesar de que aqui também ele faz isso, mas eu apoiaria caso ele seja convidado para competir lá fora, morar lá... Daria inclusive um jeito de ir com ele! Eu tenho muito orgulho de ser a mãe dele e também feliz por saber que ele está feliz de ter participado desse Mundial e te dado o melhor. Ele é um vencedor.