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Magic the Gathering: Arena foi pensado desde o princípio para os eSports

Conversamos com coordenadora de comunidade sobre a versão digital do card game no cenário competitivo

Por Jessica Pinheiro 25.10.2019 16H00

Depois de exatamente um ano, Magic the Gathering: Arena [ou apenas MtG: Arena], a versão digital do card game, foi lançada para PC (Windows e Mac). Mas o que exatamente isso significa para o cenário competitivo de jogos eletrônicos?

Para saber como a Wizards of the Coast (WotC) está lidando com a questão e até mesmo, chamando cada vez mais os olhos da comunidade (tanto do card game quanto de eSports) para MtG: Arena; conversamos com Carolina Moraes.

Ela atua como coordenadora de comunidade na WotC e nos contou que eles têm “um contato muito próximo com a comunidade de fãs”, basicamente porque os jogadores jogam nas lojas, então a proximidade entre ambas as partes é maior; e esse contato está se estreitando ainda mais, graças ao lançamento de MtG: Arena recentemente.

Sobre a chegada da versão digital do card game, Carol expressa: “Finalmente! No instante em que a gente abriu o beta, a empresa estava de coração aberto para ouvir o feedback da comunidade porque querendo ou não Magic the Gathering: Arena foi feito pra broadcast (transmissão)”. Mas como assim para transmissão?

O poder da comunidade de Magic

 A coordenadora de comunidade explica que o objetivo da versão digital “é fazer de Magic o mais agradável possível para ser assistido”. Ela ainda continua: “Até mesmo em nível de jogo, tinha que ser bacana para quem é avançado, intermediário, iniciante…”.

Mas, e quanto ao equilíbrio entre feedback e o que a WotC precisava (e queria) colocar na versão digital do card game? “Em termos de desenvolvimento, acho que existe uma linha tênue que a empresa traça de prioridades, mas dependendo de como é o feedback da comunidade, a gente consegue trocar um pelo outro”, afirma Carol.

O exemplo de como isso funciona vem logo na sequência: “O português não ia ser uma das primeiras línguas a ser implementada, mas como estamos aqui na BGS logo depois do lançamento do Arena, conversamos [com a WotC] e colocaram o pt-br primeiro; então a gente apareceu antes do japonês e vários outros idiomas”.

A comunidade tem o poder, e, segundo Carol, “se a galera pede, vamos fazer”. Outro exemplo dado por ela para ilustrar esse poder da comunidade é o formato de jogo Brawl que será adicionado ao MtG: Arena muito em breve. 

Trata-se de uma forma de jogar que a comunidade criou e adotou no card game e a WotC acabou colocando no jogo digital dado o sucesso do mesmo. “Pediram tanto, mas tanto... que beleza, vamos colocar isso aqui pra comunidade, vale a pena”. O formato Brawl deve ser implementado ao MtG: Arena até o final de outubro.

A mágica dos eSports

Quanto a MtG: Arena no cenário competitivo, Carol foi objetiva: “[MgT: Arena] foi feito pros eSports”. E complementa: “Do momento em que [a WotC] idealizou: nós vamos fazer uma versão digital de Magic para ser a nossa entrada nos eSports. Ele foi feito pra isso”.

Carol ainda explica que a marca Magic foi licenciada para parceiros e terceiros, que usaram o mundo do card game para criar outros produtos para consoles, PC e mobile. “Então a WotC pensou: ‘não, chega de parceiros de licenciamento. Vamos mergulhar fundo no mundo dos jogos digitais’”.

MtG: Arena é, portanto, “feito em casa”, como descreveu Carol. “É nosso”. A coordenadora de comunidade ainda explica que a WotC dobrou de tamanho nos últimos anos e agora, ao invés de se juntar a outras companhias para que elas publiquem seus produtos, ela mesma o faz. “Foi um investimento muito pesado, muito direto e muito ‘vamos cair de cabeça nos eSports’”.

Mas bem, se MtG: Arena praticamente já nasceu atrelado aos eSports, há de se considerar que mesmo quando ainda era somente um card game, Magic sempre foi um jogo solo. Será que a WotC pensa em montar times para disputar em torneio de MtG: Arena? “Esse é um dos nossos maiores desafios”, revela Carol.

O motivo seriam os diferentes níveis de técnicas e estratégias que Magic exige, afinal, ainda que os jogos sejam primariamente 1x1, ou seja, um game individual, ainda assim diferentes jogadores podem complementar uma equipe competitiva.

Carol também exemplifica citando que um dos jogadores poderia operar um deck específico melhor do que o outro integrante da equipe, enquanto o próximo entende melhor do meta do competitivo, fornecendo sugestões de cartas para os decks para bolar novas estratégias, e assim por diante - algo semelhante ao que vemos em times de Fortnite.

Competitivo, mas cheio de comodidade

Pensando nisso, também perguntamos se existe interesse da WotC em fazer campeonatos divididos por decks de diferentes cores. “Acho que daria um evento sensacional de MtG: Arena”, respondeu Carol, expressando ter curtido a ideia. Todavia, ela relembra que a companhia está mantendo seu foco no lançamento do jogo digital no momento, apostando na acessibilidade e no ranking online.

Primeiro porque [MtG: Arena] é free-to-play”, expliou a coordenadora de comunidade, “Segundo que você não precisa sair da sua casa para jogar”. Isso significa que o jogador pode jogar e treinar em casa, na comodidade do lar e ir subindo pelo ranking online da temporada até se classificar para um evento.

Reprodução

As classificatórias, por sua vez, também podem ser jogadas dentro de casa, mesmo nos fins de semana, segundo Carol. “Chegou nos primeiros colocados, você se classifica para participar do Mythic Championship”. A coordenadora de comunidade ainda complementa: “OK, você vai ter que viajar, faz investimentos, vai ter que procurar patrocínio… mas a Mythic Championship dá uma premiação de US$ 750 mil”.

Com um prêmio em dinheiro desse nível, os classificados para o Mythic Championship conseguem facilmente pagar os custos da viagem para participar do torneio - e talvez ainda sobre. “Então, pra galera que joga competitivamente, a recompensa é muito mais alta”, comenta Carol.

Por fim, a coordenadora de comunidade também nos disse que a WotC já está abraçando jogadores interessados em ingressar no braço competitivo de MtG: Arena com diferentes tipos de torneios, além de grupos com integrantes mulheres e da comunidade LGBTQ+. “Você joga sozinho, só que é bacana ter a galera”, comenta Carol, fazendo referência ao “gathering” do título do card game.