A história do CBLoL

De 2012 até aqui, foram muitas mudanças, times e personagens que passaram pelo torneio

Por Breno Deolindo 14.10.2019 13H07

Lançado em 2009, o League of Legends só desembarcou oficialmente no Brasil em 2012. Antes disso, mesmo sem muita dedicação ao país por parte da Riot Games, uma comunidade já vinha sendo criada aos poucos - não é difícil encontrar brasileiros que já se aventuravam na Summoner’s Rift mesmo com a latência lá em cima.

O game chegou oficialmente ao Brasil com certo status, e já promovendo a primeira edição daquilo que ainda era chamado de Campeonato Brasileiro de League of Legends. Com a generosa premiação total de US$ 50 mil, o torneio teve sua grande final na BGS de 2012, coroando a vTi Ignis como primeira campeã dessa modalidade no Brasil.

Não demorou muito para o campeonato se tornar independente da BGS: em 2013, ele já aconteceu no WTC Golden Hall, com a tradicional paiN Gaming garantindo seu primeiro título nacional.

Em 2014, quando o consagrado nome CBLoL surgiu no logotipo, o formato ficou levemente confuso: a Keyd Stars foi campeã da chamada Champion League daquele ano, mas o título mais relevante seria o das Finais Regionais. A KaBuM! venceu a CNB no torneio que daria a chance de competir no Mundial, bastava vencer a PEX Team em uma melhor de cinco no Wildcard.

Os ninjas de laranja conseguiram a vitória por 3 a 0, e foram os primeiros a representar o Brasil em um Mundial. Por mais que a campanha fosse decepcionante, com apenas uma vitória, ela teve um significado mais profundo.

O time brasileiro venceu a Alliance, campeã europeia, e deu a chance da Cloud9 se classificar para os Playoffs daquele torneio. O time norte-americano não perdeu a oportunidade, e gerou um dos momentos mais emocionantes até hoje para o cenário brasileiro:

A chegada dos Splits

Em 2015, o torneio passou a ter o formato que já nos acostumamos. Oficialmente chamado de CBLoL pela primeira vez, o campeonato foi dividido em duas etapas e funcionar de maneiras bastante similares à atual. O Circuito Desafiante, segunda divisão do LoL nacional, também fez sua estreia nesse ano.

A principal diferença estava justamente na qualificação para torneios internacionais: o Brasil ainda não possuía lugar direto no Mid-Season Invitational, e o campeão da primeira etapa teria de disputar um Wildcard para avançar ao torneio.

Infelizmente, a INTZ não conseguiu superar a Hard Random nas semis do Wildcard, e o país ficou sem representantes na edição daquele ano do MSI.

Na segunda etapa, a paiN Gaming conquistou seu segundo título frente a 12 mil fãs no Allianz Parque, marcando a primeira vez que o CBLoL teve sua final em uma grande arena. Depois de vencer a INTZ, a paiN não decepcionou no Wildcard e avançou ao Mundial, mas conseguiu apenas duas vitórias.

Novo torneio e vagas garantidas

2016 foi o ano da primeira “dobradinha” na história do CBLoL: a INTZ e seu Exodia (line-up que tinha Yang, Revolta, Tockers, micaO e Jockster) venceu ambas etapas daquele ano, falhando em se classificar para o MSI no Wildcard mas conquistando a vaga no Mundial após derrotar a Dark Passage. A equipe terminou em último no grupo C, vencendo apenas um jogo contra a EDward.

Em 2017, o modelo da Fase de Entrada estreou nas competições internacionais e os brasileiros finalmente ganharam vaga direta para o Mid-Season Invitational e para o Mundial. Bom para RED Canids, a primeira brasileira a disputar um MSI, e para a Team oNe, que foi para o Worlds daquele ano após vencer a favorita paiN Gaming.

Esse também foi o primeiro ano do Prêmio CBLoL, cêrimonia que homenageia os jogadores mais prolíficos da segunda etapa. O destaque foi Álvaro “VVvert” Martins, que foi eleito o melhor jogador daquele torneio após levar a Team oNe ao título.

Aquele ano ainda teve a estreia do Rift Rivals, a “Copa Libertadores” do League of Legends. RED Canids e Keyd Stars garantiram o título para o Brasil frente aos rivais da Argentina, Chile e México.

2018 teve mais uma dobradinha, com a KaBuM! aproveitando a excelente fase de Matheus “dyNquedo” Rossini. O time superou o famoso Exodia da Vivo Keyd na final da primeira etapa, e demarcou o primeiro vice-campeonato do Flamengo eSports, que fazia sua estreia na segunda etapa.

O ano seguinte, já em ritmo de comemorações dos 10 anos de League of Legends, teve a INTZ superando todas as expectativas e colocando o Flamengo por mais uma etapa na fila. Uma excelente atuação de Rodrigo “Tay” Panisa garantiu a taça e a vaga no Mid-Season Invitational daquele ano.

Na pomposa Jeunesse Arena, Felipe “brTT” Gonçalves finalmente conquistou um CBLol pelo Flamengo - o quinto título de sua carreira. Infelizmente, a equipe que prometia tanto uma boa atuação no Mundial ficou devendo; apenas uma vitória contra a Royal Youth mandou os brasileiros para casa antes da Fase de Grupos.

Os personagens e uma forte comunidade

Por mais que o Brasil tenha falhado repetidamente em mandar bons representantes para o cenário internacional, isso não muda a realidade de que a comunidade de League of Legends nacional é fortíssima. O recorde de audiência na segunda final entre INTZ e Flamengo é prova disso: foram mais de 316 mil espectadores simultâneos no YouTube e na Twitch.

Sem o CBLoL, é quase impossível imaginar o MOBA atingindo um número tão grande de pessoas no país, e esse efeito pode ser concentrado em alguns grandes personagens do torneio.

O maior deles é, indiscutivelmente, brTT. O Atirador mantém seu nível de jogo desde os primórdios do cenário nacional, e consagrou frases icônicas como “O Pai tá chato”. Sua influência já ultrapassou a bolha do LoL, e o jogador já apareceu em produções musicais e possui até mesmo sua própria marca de roupa.

Outro nome que merece ser citado é o de Gabriel “Kami” Bohm. Com apenas 16 anos, o mid-laner já se destacava a nível nacional, sendo um dos grandes nomes da paiN Gaming desde a concepção da organização. Kami finalmente saiu da fila em 2013, com seu primeiro título brasileiro.

Com sua pouca idade e muito carisma, Kami conquistou uma legião de fãs que se identificavam com o jovem. O anúncio de seu retorno ao cenário competitivo em 2020, inclusive, gerou uma comoção discutivelmente maior do que a conquista do Circuito Desafiante pela paiN.

Por mais que o cenário brasileiro não seja um dos melhores a nível internacional, personagens como Kami, brTT e tantos outros são parte desse ecossistema que abrange milhões de pessoas. Entre farpas, memes e partidas emocionantes, o CBLoL vai muito bem, e certamente é um caso de sucesso para a história da Riot Games.