Após mais de dois anos desenvolvimento interno, a Qualcomm finalmente parece pronta para colocar em prática sua estratégia de trazer a plataforma Windows para os processadores Snapdragon. E a empresa parece bastante ambiciosa.

Durante a Snapdragon Tech Summit, iniciada nesta terça-feira (05), a companhia falou sobre planos que apontam para a criação de uma nova geração de PCs: ultrafinos, sempre conectados via redes móveis e com duração de bateria de múltiplos dias.

A estratégia é baseada na combinação do atual processador de topo de linha Snapdragon 835  – que deverá ser fortalecida pelo recém-anunciado Snapdragon 845 – com o Windows 10 S, versão “simplificada” do sistema operacional que permite a instalação apenas de aplicações da Microsoft Store.

A ideia parece querer aproximar PCs e notebooks do mundo dos smartphones, com máquinas mais ágeis e sem tempo de hibernação ou boot focadas, principalmente, em produtividade.

Mas mesmo que os primeiros dispositivos do tipo já tenham sido apresentados – o Asus NovaGo e o HP Envy x2 –, a nova família ainda pode demorar algum tempo para “pegar” entre consumidores.

A Qualcomm já está na frente em smartphones para 5G, ela quer cobrir todos os dispositivos, saindo na frente para 5G não só em celular, mas também em PC e 2-em-1”, avaliou Leonardo Munin, analista de mercado da IDC Brasil. ”Na hora que o ecossistema de 5G estiver implementado, a maioria dos dispositivos de início vão estar utilizando processador Qualcomm”.

Apostando em implementações de 5G já a partir e 2019, a Qualcomm tem trabalho em iniciativas junto a operadoras para preparar a chegada da tecnologia, que inclui o modem X50, primeiro a suportar o novo padrão de conectividade.

Pulando na frente com a oferta de modelos sempre conectados, a Qualcomm deseja já estar na frente quando a tendência embarcar em PCs.

Na era do 5G, como é que você conseguiria sequer pensar em um PC desconectado”, questionou Cristiano Amon, vice-presidente da Qualcomm. “Acho que estamos no caminho certo”.

Algumas questões, no entanto, ainda ficam no caminho da ambição da Qualcomm – e Microsoft  – neste mercado: fatores como a oferta ainda limitada de aplicações para o Windows 10 S e a percepção de consumidores sobre o desempenho destes dispositivos, que não oferecerão o mesmo nível de processamento de chips desktop, podem afetar a adoção deste tipo de gadget.

Em regiões como o Brasil, onde a grande maioria da população não tem a receita necessária para investir em múltiplos dispositivos conectados, a adoção dos PCs sempre online – que podem depender de planos de dados em parceria com operadoras – também pode ser lenta.

Com a chegada dos primeiros modelos no mercado e com sua expansão a partir do próximo ano, quando mais fabricantes, como a Lenovo, também devem revelar novidades, teremos as primeiras medidas de como a nova geração de PCs Snapdragon se portará no mercado.