De acordo com uma reportagem do The Intercept Brasil, duas das maiores operadoras de telefonia no Brasil, a Claro e a Vivo, estão bloqueando acesso a um site voltado a informações sobre métodos de aborto seguros.

O site da organização Women On Waves é dedicado a informar sobre métodos seguros de se terminar uma gravidez. Embora o aborto seja ilegal no Brasil exceto em casos de estupro, anencefalia do feto ou risco de vida para a mulher, compartilhar informações sobre o assunto não é considerado crime no país.

A censura quanto ao site foi identificada pelo Observatório OONI, em parceria com a organização Coding Rights. De acordo com os dados coletados, em 2016 os acessos ao site superaram a marca de 1 milhão, enquanto em 2019 este número caiu para 357 mil acessos, uma diminuição de quase 69%.

As dificuldades de acesso começaram a ser notadas em 2017 por assinantes da Claro, e em 2018 por usuários da Vivo.

"Quando provedores de internet decidem censurar o acesso à informação, sem transparência ou motivo legal, temos um ataque à liberdade de expressão", disse Joana Varon, diretora da Coding Rights, em entrevista para a reportagem.

Procuradas pelo The Intercept, tanto a Claro quanto a Telefônica Brasil, responsável pela Vivo, não se pronunciaram sobre o caso, encaminhando o assunto para o sindicato SindiTelebrasil, que declarou que "o bloqueio de sites requer ordem judicial e que as operadoras não comentam decisões judiciais", não dando maiores detalhes sobre a ação legal em si.

Quem é assinante destas operadoras pode encontrar formas de evitar o bloqueio da página, como o uso de VPNs para disfarçar sua localização

Além do Brasil, os outros países que bloqueiam o site da Women on Waves são o Irã e Turquia.