Um dos maiores e mais icônicos radiotelescópios do mundo, o Observatório de Arecibo, em Porto Rico, será oficialmente desativado e demolido, anunciou a National Science Foundation (NSF), agência dos Estados Unidos responsável pela administração das instações, nesta quinta-feira (19).

A decisão foi tomada após uma análise de engenheiros da agência concluir que a estrutura do observatório corre o risco de ruir.

Nos últimos meses, o colapso de dois cabos do observatório causaram um dano considerável ao local, e pode levar ao rompimento de mais cabos da estrutura. Sem os cabos de suporte, a plataforma suspensa sobre o disco do observatório pode desabar – assim como as três torres que cercam o local.

Segundo a NSF, a estrutura não pode ser reparada sem riscos. O local já foi evacuado e uma zona de isolamento foi delimitada para evitar acidentes.

"A NSF prioriza a segurança dos trabalhadores, da equipe do Observatório de Arecibo e dos visitantes, o que torna essa decisão necessária, embora infeliz", afirmou o diretor da NSF, Sethuraman Panchanathan, em uma nota no site oficial da agência.

"Por quase seis décadas, o Observatório de Arecibo tem servido como um farol para a ciência e um exemplo de como uma parceria com a comunidade pode ser. Embora esta seja uma mudança profunda, estamos procurando maneiras de ajudar a comunidade científica e para manter um forte relacionamento com o povo de Porto Rico."

Partes do observatório devem ser resgatadas antes da demolição – em um plano que ainda está sendo traçado, mas deve envolver a remoção de componentes com o uso de helicópteros e explosivos.

Inaugurado em 1963, o Observatório de Arecibo ajudou a comunidade científica em uma série de iniciativas de pesquisa espacial, incluindo o monitoramento de eventos do "espaço profundo" e de asteroides que orbitam próximos à Terra, ajudando na análise de corpos celestes que podem ameaçar o planeta.

O local também foi utilizado para a busca de sinais de rádio vindos do espaço, como parte da procura de outros planetas que possam conter vida inteligente.

"Embora esteja desapontado com a perda de capacidades investigativas, acredito que este processo é uma etapa necessária para preservar a capacidade da comunidade de pesquisa de usar outros ativos do Observatório de Arecibo e, espero, garantir que um trabalho importante possa continuar nas instalações", afirmou Michael Wiltberger, chefe da Seção de Geoespaço da NSF.

O telescópio do Observatório de Arecibo consiste em uma antena de rádio de 305 metros de diâmetro com uma plataforma de instrumentos, de 900 toneladas, suspensa por cabos conectados a três torres.

Em 10 de agosto, um dos cabos auxiliares partiu, causando dano à antena abaixo. Enquanto engenheiros trabalhavam para determinar como reparar os danos e determinar a integridade da estrutura, um segundo cabo rompeu em 06 de novembro.

Análises da Thornton Tomasetti, empresa de engenharia contratada para avaliar a estrutura, indicaram que dada a probabilidade de outro cabo falhar, o trabalho de reparo do telescópio seria inseguro. A empresa recomendou uma demolição controlada para eliminar o perigo de um colapso inesperado.