Um estudo dos pesquisadores de comunicação científica australianos Inoka Amarasekara e Will Grant, descobriu que, em geral, mulheres que falam sobre ciência em canais do YouTube costumam receber comentários ódio muito mais frequentemente do que homens.

“Há muita discussão sobre o YouTube ser um lugar desagradável para criadoras mulheres”, disse Amarasekara ao The New York Times. “Queria ver se isso afeta a comunicação de ciência no YouTube, e se era algo que poderia corroborar.”

A pesquisa reuniu 23.005 comentários no YouTube, com 14% sendo críticos a apresentadoras mulheres, comparado a apenas 6% de homens. Comentários sobre aparência também foram significativamente maiores, com 4,5% em relação a 1,4%.

“Eu fiquei bem desapontada ao terminar de ler todos [os comentários]”, disse. “Consegui entender porque pessoas não gostariam de estar no YouTube.”

Por outro lado, apresentadoras traziam mais comentários, curtidas e assinaturas por visualização do que homens, e até mesmo uma pequena porcentagem maior de comentários positivos em relação aos homens.

“O espaço de comentários para mulheres no YouTube parece ser mais volátil, tanto positiva quanto negativamente”, declarou o Dr. Grant.

Curiosamente, quando o estudo foi iniciado em 2015, apenas 32 dos 370 canais mais populares de ciência na plataforma tinham mulheres como apresentadoras, o que não trazia um apanhado significativo de comentários.

Sendo assim, a pesquisadora acabou incluindo mais 21 canais de uma lista compilada por Emily Graslie, apresentadora do The Brain Scoop e que já havia criticado publicamente a falta de mulheres na plataforma e seus motivos em um vídeo de 2013.

“A seção de comentários no YouTube simplesmente não é feita para conversas construtivas”, disse ela ao NYT. “Os comentários mais controversos parecer ser os que chegam ao topo.”