Questões de propriedade em RPGs online ainda vão dar muito o que falar. O problema da vez não é de um jogador que negocia seus itens virtuais em um mercado com dinheiro real. Tem mais a ver com direitos intelectuais. Brian Kopp, de 24 anos, foi impedido de vender um guia de World of Warcraft no site de leilões eBay - e decidiu processar a Blizzard Entertainment por ter acabado com sua festa.

Autor de The Ultimate World of Warcraft Leveling & Gold Guide, Kopp, natural de Bronson, na Flórida, é um dos mais de 6 milhões de jogadores cadastrados em WoW desde 2004. Num universo dessa dimensão, seja na pele de um feiticeiro, um guerreiro ou um monstro, há muita gente louca para crescer rápido no jogo, o que é sinônimo de prestígio. Durante meses, desde agosto do ano passado, o jovem vendeu centenas de cópias de seu guia, com dicas para passar desafios e acumular experiência, a 15 dólares cada.

A Blizzard, propriedade da gigante Vivendi Universal, não demorou a se unir à Entertainment Software Association para barrar os leilões. Kopp reagiu nos fóruns do eBay e conseguiu recolocar o guia à venda. Em novembro, nova interdição, seguida por nova investida de Kopp, agora com outro nome de usuário no site. A Blizzard procurou o rapaz diretamente, alegando que as vendas tinham propósito comercial, e não apenas educacional, como Kopp defendia.

Semana passada o rapaz decidiu recorrer à justiça. Na sua defesa, diz que o guia apresenta um aviso na primeira página, de natureza não autorizada, que não há textos ou trechos da narrativa, e que faz uso leal de imagens do jogo protegidas por copyright. Ademais, Kopp reclama por escrito: Se esse processo da indústria for aceito, então vender um livro explicando a usar o Word também infringiria os direitos da Microsoft. Nós achamos que isso não tem base legal. Kopp quer compensação financeira pelas vendas desfeitas e atestado de que seus leilões não serão mais incomodados.

O.k., sua insistência ultrapassou alguns limites de bom senso - além da falsidade ideológica no eBay ele seguiu vendendo o guia em seu site pessoal, mesmo proibido - mas é a Blizzard que sai com a imagem arranhada. As alegações de copyright, em si, já são discutíveis. Mas brigar com um moleque que faturará centenas de dólares enquanto a companhia acumula centenas de milhões em mensalidade cobradas aos usuários do jogo?