Nesta quinta-feira, dia 3 de outubro, uma das séries de jogos de aventura mais importantes de todos os tempos completa 30 anos. Inovadora no final dos anos 80, Prince of Persia emplacou continuações, HQs, um filme em Hollywood e serviu de base para a criação de Assassin's Creed, uma das marcas mais lucrativas da produtora francesa Ubisoft.

Prince of Persia impressionou bastante quando saiu originalmente no Apple II em 1989, apresentando gráficos com animações detalhadas, história marcante e dificuldade elevada.

O jogo foi desenvolvido ao longo de quase quatro anos por Jordan Mechner, que em 1984 já tinha lançado Karateka, um jogo simples de luta e aventura que usou rotoscopia, técnica que consiste em desenhar por cima de movimentos gravados para dar mais fluidez às animações.

Prince of Persia aperfeiçoou isso ao apresentar um protagonista atlético, capaz de realizar grandes pulos, correr e lutar com espada.

Apesar da alta qualidade do jogo e os elogios da crítica, o sucesso não foi imediato no lançamento americano e as vendas só aumentaram de forma relevante conforme o jogo foi chegando a outras regiões do mundo e ganhando versões para mais plataformas.

Boas vendas credenciaram o game para continuações, como o ousado PoP 2: The Shadow and the Flame e o fraco Prince of Persia 3D, lançadas ao longo dos anos 90.

A série só voltou a estar nos holofotes no início dos anos 2000, quando Mechner se aliou à Ubisoft para desenvolver The Sands of Time. Lançado em 2003, o game inovou com mecânicas de voltar no tempo para corrigir erros e movimentos de parkour, como andar pelas paredes.

Um dos principais responsáveis pela criação de Sands of Time foi o diretor Patrice Désilets, que pouco tempo depois do lançamento do game começou a rascunhar a ideia de um novo episódio da franquia, desta vez focado em um novo personagem.

Em vez jogar com o próprio príncipe, o protagonista seria um assassino responsável por proteger o futuro monarca. Com o nome provisório de Prince of Persia: Assassin's, o projeto foi evoluindo e deixando o príncipe cada vez mais de lado em prol do novo protagonista.

Para Désilets, um guerreiro nato era um personagem mais interessante do que um príncipe. "O problema é que o príncipe não é um personagem com muita ação, ele é alguém que está só esperando para se tornar rei", chegou a explicar ele em entrevista à revista britânica Edge em 2012.

Não deu outra: o príncipe foi cortado e a nova empreitada de Désilets assumiu o assassino como astro, resultando no primeiro Assassin’s Creed, em 2007. Muito da essência de PoP seguiu viva em AC, especialmente por conta dos movimentos atléticos, parkour e combates de espada, mas a ascensão de Altaïr consolidou também um sumiço gradual de Prince.

Em 2008 um competente reboot não ressoou bem com o público pelo fato de ser fácil demais. Para complicar, a Ubisoft lançou um conteúdo extra para o game, que prolongou a história, mas nunca teve um fim decente.

Por fim, em 2010 tivemos o mediano Forgotten Sands, jogo que veio mais para acompanhar o lançamento do filme baseado em Sands of Time, estrelado por Jake Gyllenhaal do que efetivamente dar continuidade à franquia de forma criativa.

De lá pra cá, faz quase uma década que o príncipe segue dormente, sem adagas mágicas para procurar, princesas para salvar e, bem, plataformas e buracos para pular por cima. Ainda assim, o legado da obra de Mechner é inegável e segue vivo de certa maneira no sucesso de Assassin’s Creed.